Em documento encaminhado � Justi�a cerca de tr�s meses antes da nova fase da Opera��o Descarte, a 'Sil�cio', deflagrada nesta quinta-feira, 29, o delegado federal Fabr�cio de Souza Costa, respons�vel pelos desdobramentos da investiga��o, detalhou a exist�ncia de um suposto esquema usado por dirigentes do banco BMG para repassar propinas a pol�ticos do MDB. A suspeita � que os benefici�rios tenham sido o ex-senador Romero Juc� e o ex-presidente da C�mara dos Deputados Eduardo Cunha.
No relat�rio de 86 p�ginas, a Pol�cia Federal afirma que a opera��o movimentou R$ 2,3 milh�es e foi dividida em duas etapas supostamente articuladas por Milton de Oliveira Lyra Filho, apontado como operador financeiro do partido.
Na primeira, em 2015, uma das empresas do grupo BMG, a ME Promotora de Vendas LTDA, teria firmado acordos falsos para a compra superfaturada de equipamentos eletroeletr�nicos sucateados. A segunda, em 2016, teria envolvido a emiss�o de notas frias para a presta��o de servi�os, tamb�m contratados pela ME Promotora de Vendas LTDA. Em comum, as duas opera��es teriam a finalidade: a gera��o de recursos em esp�cie a serem devolvidos aos dirigentes do Grupo BMG para o pagamento das propinas ao MDB.
"Foi poss�vel confirmar a hip�tese investigativa inicialmente apresentada, segundo a qual o operador financeiro Milton de Oliveira Lyra Filho teria procurado Marco Ant�nio Carbonari para estruturar uma opera��o que viabilizasse a entrega de propina dos dirigentes do Grupo BMG para pol�ticos do ent�o PMDB. A opera��o foi dividida em duas etapas e, no ano de 2015, foi utilizada na primeira etapa a empresa de Marco Carbonari (IMA DO BRASIL) para a venda superfaturada de equipamentos eletroeletr�nicos � All Company, que por sua vez os revendeu � ME Promotora de Vendas LTDA, controlada pelo BMG. A segunda etapa, que envolveu a emiss�o de notas frias de presta��o de servi�os pela Clarins Brasil para a ME Promotora de Vendas LTD, foi implementada por meio de quatro transfer�ncias (TED), nos dias 20/04/2016, 27/04/2016 e 02/05/2016, para a CLARINS, no valor total de R$ 1.012.990,00. Em seguida o valor foi transferido para outras empresas e, ao final do processo de lavagem, uma parte correspondente a 80% do valor da opera��o teria sido entregue em dinheiro na sede do BMG", diz um trecho do relat�rio.
O documento foi encaminhado � ju�za Michelle Camini Mickelberg, da 2� Vara Criminal Federal de S�o Paulo, que decretou o bloqueio de R$ 191 milh�es em bens do grupo investigado pela Pol�cia Federal. A decis�o estende a pessoas f�sicas e jur�dicas suspeitas de sonega��o fiscal, corrup��o, lavagem de dinheiro, fraude em licita��o, evas�o de divisas e gest�o fraudulenta atrav�s de uma suposta rede de empresas de fachada. O grupo tamb�m foi alvo de buscas na manh� de ontem.
A tese dos investigadores � a de que diretores do Banco BMG tenham desviado recursos da institui��o financeira atrav�s de contratos simulados realizados com empresas criadas para lavar dinheiro. O Minist�rio P�blico e a Pol�cia Federal chegaram ao banco depois que a ME Promtora de Vendas LTDA contratou os servi�os do escrit�rio Claro Advogados. Os donos da banca, Luiz Carlos da Fonseca Claro e Gabriel Silveira da Fonseca Claro, pai e filho, fecharam dela��o premiada com a Justi�a e revelaram como usaram o escrit�rio de advocacia e outras empresas controladas pela fam�lia para servir a companhias interessadas em lavar dinheiro. Al�m da dela��o, foram autorizadas quebra de sigilo fiscal e buscas na Opera��o Descarte e em seus desdobramentos (Chiaroscuro, Checkout, E o Vento Levou e Chorume) que, segundo a Pol�cia Federal, corroboram a hip�tese criminal.
COM A PALAVRA, O BANCO BMG
"O Banco Bmg informa que, na manh� desta quinta-feira (29), foi surpreendido com uma opera��o de busca e apreens�o realizada pela Pol�cia Federal. A princ�pio, a investiga��o visa a apura��o de suposta pr�tica de crimes contra o sistema financeiro nacional e contra a ordem tribut�ria por determinados dirigentes do Banco, ocorridos entre 2014 e 2016. A institui��o tamb�m tomou conhecimento que a Vara Criminal determinou a suspens�o do exerc�cio de qualquer atividade de M�rcio Alaor de Ara�jo e Marcus Vin�cius Fernandes Vieira no Banco e no grupo Bmg. O Banco esclarece, ainda, desconhecer qualquer pr�tica dos il�citos investigados e est� � disposi��o das autoridades para colaborar com as investiga��es e prestar os esclarecimentos necess�rios. O Banco refor�a seu compromisso em atuar sempre de forma transparente, dentro das melhores pr�ticas de governan�a corporativa e em cumprimento de todas as legisla��es aplic�veis."
COM A PALAVRA, AS DEFESAS DE EDUARDO CUNHA E ROMERO JUC�
At� a publica��o desta mat�ria, a reportagem entrou em contato com as defesas de Eduardo Cunha e Romero Juc� e ainda n�o recebeu respostas. O espa�o permanece aberto a manifesta��es.
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