
O analista pol�tico do portal Intelig�ncia Pol�tica, Melillo Dinis, afirma que al�m de fragmentado, o que se pode esperar, com base no que j� se observa nas pesquisas eleitorais, � o crescimento de “caciques” na pol�tica, figuras que j� est�o h� tempos no cen�rio pol�tico, e pessoas ligadas a fam�lias com hist�rico na �rea. Este � o caso de Recife, onde o deputado federal Jo�o Campos (PSB), filho do ex-governador Eduardo Campos, disputa a prefeitura. Ele est� em primeiro lugar nas pesquisas. Em segundo, vem Mar�lia Arraes (PT), que � sua prima. “Me parece que n�o vai haver a hegemonia de nenhum partido. Veremos o aumento da fragmenta��o partid�ria e o fortalecimento desses velhos personagens da pol�tica brasileira”, avalia.
Al�m disso, neste pleito, Bolsonaro dever� sair sem prefeitos aliados nas grandes cidades. Se, na elei��o de 2018, o PSL saltou de partido nanico para a segunda maior bancada na C�mara, desta vez o cen�rio � bem diferente. Sem uma legenda, o presidente ter� influ�ncia limitada nas disputas municipais. “Vai ficar a ver navios, n�o vai ter apoio nas capitais”, afirma Melillo Dinis. No Rio, por exemplo, Crivella est� em segundo e Eduardo Paes (DEM), em primeiro. Bolsonaro pediu voto para Crivella na �ltima semana, mas falou ao eleitor que “se n�o quiser votar nele, fique tranquilo”. Na mesma transmiss�o ao vivo, evitou criticar Paes e o chamou de “bom administrador”. Crivella, como se sabe, j� teria mesmo reelei��o dif�cil, por causa da alta rejei��o que enfrenta na capital carioca. N�o haveria raz�o, portanto, para o chefe do Executivo aumentar a exposi��o em apoio a um candidato com tantos problemas.
''O eleitor que aumentou a popularidade e o apoio do Bolsonaro, aparentemente, n�o est� nas capitais''
Augusto de Oliveira, professor da Escola de Humanidades da PPUC-RS
Em S�o Paulo, o presidente fez o mesmo movimento: disse que n�o entraria na campanha, mas elogiou Celso Russomanno (Republicanos), declarando apoio a ele. N�o deu certo, e o candidato, que est� em segundo, continua caindo nas pesquisas. Ainda assim, Russomanno publicou na �ltima sexta-feira uma foto ao lado do presidente. Entretanto, o candidato tem encolhido rapidamente na prefer�ncia do eleitor paulistano.
Professor de direito da Funda��o Getulio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ) e cientista pol�tico, Michael Mohallem afirma que � poss�vel observar a dificuldade do bolsonarismo nas capitais, como Rio, S�o Paulo e Porto Alegre. Mohallem ressalta que o pr�prio presidente informou que n�o iria se envolver, e que j� se vislumbrava cen�rios sem a presen�a dos candidatos alinhados ao Planalto nas capitais.
FRAGMENTA��O
O cientista pol�tico aponta a fragmenta��o das candidaturas, com o fim das coliga��es, e que j� � dif�cil imaginar um cen�rio hegem�nico quando se pensa nas legendas vitoriosas. Al�m disso, ele destaca a exist�ncia de um rearranjo da pol�tica nacional, pois o PSL se tornou um partido forte ap�s 2018, mas foi abandonado por Bolsonaro. “Poderia ser o partido do presidente, mas ele saiu. Hoje, o bolsonarismo est� disperso entre republicanos e aliados espor�dicos”, diz.
Na esquerda, tamb�m � poss�vel perceber rearranjo, com o enfraquecimento maior do PT, que j� sofreu queda brusca em 2016, ainda que tenha conseguido eleger a segunda maior bancada na C�mara em 2018. Para ele, inclusive, as legendas de esquerda est�o buscando se alinhar, como p�de ser visto no encontro entre o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) na �ltima semana.
Cientista pol�tico e professor da Pontif�cia Universidade Cat�lica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Ricardo Ismael tamb�m espera diversidade de partidos nas prefeituras. “Acho dif�cil que tenha uma legenda que diga que venceu as elei��es”, afirma. Para ele, a onda de 2018, que elegeu Bolsonaro e arrastou deputados, senadores e governadores, n�o est� presente nesse pleito. O professor ressalta os eleitores tendem a se concentrar em quest�es locais, dando menos aten��o a grandes temas pol�ticos, como o combate � corrup��o e a ascens�o do conservadorismo no pa�s.