O presidente Jair Bolsonaro reagiu ontem �s declara��es do comandante do Ex�rcito, general Edson Leal Pujol, que afirmou ter atuado contra a contamina��o pol�tica dos quart�is. "N�o temos partido", disse Pujol. Bolsonaro sentiu-se obrigado a se manifestar pelo Twitter, lembrando que as For�as Armadas "devem, por isso, se manter apartid�rias, baseadas na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da Rep�blica".
A primeira vez que Pujol se manifestara desde as tentativas do bolsonarismo de envolver as For�as Armadas em suas disputas pol�ticas ocorreu anteontem, quando o comandante do Ex�rcito disse: "Nosso assunto � militar, preparo e emprego. As quest�es pol�ticas? N�o nos metemos em �reas que n�o nos dizem respeito. N�o queremos fazer parte da pol�tica governamental ou do Congresso Nacional e muito menos queremos que a pol�tica entre em nossos quart�is".
Pujol estava em um evento do Instituto para Reforma das Rela��es entre Estado e Empresa, do qual participaram os ex-ministros da Defesa Raul Jungmann e do Gabinete de Seguran�a Institucional, general S�rgio Etchegoyen. Ontem, voltou a se manifestar no semin�rio Defesa Nacional, na Escola Superior de Guerra. "Somos institui��es de Estado, n�o somos institui��o de governo, n�o temos partido. Nosso partido � o Brasil", disse, usando express�o similar ao slogan "Meu partido � o Brasil", adotado pela milit�ncia bolsonarista. "Independentemente de mudan�as ou perman�ncia de um determinado governo por um per�odo longo, as For�as Armadas cuidam da Na��o. S�o institui��es permanentes, n�o mudamos a cada quatro anos a nossa maneira de pensar e como cumprir nossas miss�es."
Depois desse novo posicionamento, Bolsonaro viu a necessidade de lembrar que fora ele quem nomeara Pujol para o cargo, em uma esp�cie de "chamado de unidade" �s fileiras. Escreveu ent�o: "A afirma��o do general Edson Leal Pujol (escolhido por mim para comandante do Ex�rcito), que �militares n�o querem fazer parte da pol�tica�, vem exatamente ao encontro do que penso sobre o papel das For�as Armadas no cen�rio nacional".
Para tr�s oficiais generais ouvidos pelo Estad�o - dois generais e um brigadeiro -, a rea��o de Bolsonaro demonstra um mal-estar. Um deles creditou o problema �s pessoas pr�ximas do presidente que apagam inc�ndio com gasolina. Seriam integrantes do Planalto que estariam intrigando Bolsonaro com Pujol, sugerindo que as falas do general - que s� havia afirmado o �bvio - seriam um recado ao presidente ou que o general estaria querendo aparecer. Exploram o not�rio ci�me que Bolsonaro tem de ver seus auxiliares retratados na imprensa.
Um dia antes, Pujol havia dito ainda que o Ex�rcito brasileiro n�o tem recursos suficientes para garantir a soberania do Pa�s. E citou a defesa antia�rea como um dos pontos em que a capacidade do Ex�rcito tem de melhorar. Ele descartou existir alguma amea�a real ao Brasil. "O general Etchegoyen me perguntou se haveria algum pa�s em nosso continente que seria uma amea�a ao Brasil. Eu digo. Hoje n�o, mas n�o sabemos daqui a tr�s ou quatro anos. Por isso, fazemos nosso planejamento estrat�gico."
A declara��o aconteceu dois dias depois de Bolsonaro dizer que quando "a saliva acaba tem de que ter p�lvora", ao abordar as rela��es entre o Brasil e a futura gest�o de Joe Biden, nos EUA.
Pujol defendeu ainda a cria��o de uma Guarda Nacional, que assumiria fun��es como o combate aos crimes ambientais na Amaz�nia, hoje repassadas ao Ex�rcito. E criticou a quantidade de vezes que o Ex�rcito � empregado para garantir a lei e a ordem ou para cumprir miss�es, como a distribui��o de �gua no Nordeste - opera��o iniciada em 1999 -, fazendo da institui��o um "posto Ipiranga". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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