
O Estado de Minas entrou em contato com Duda Salabert nesta segunda-feira e conversou com a vereadora recordista de votos na cidade. Entre os assuntos abordados, a tamb�m candidata ao Senado Federal em 2018 criticou o trabalho da atual legislatura, comentou sobre a nova composi��o do Legislativo, exaltando a presen�a das mulheres na Casa.
Duda, de 39 anos, respondeu tamb�m sobre o preconceito que sofre, at� de futuros colegas tamb�m eleitos, e da rela��o com o governo de Alexandre Kalil (PSD), prefeito reeleito em primeiro turno nesse domingo. Veja, abaixo, a �ntegra da conversa com a vereadora mais votada da hist�ria de BH:
Qual ser� sua principal causa na C�mara?
"� a educa��o. Belo Horizonte piorou na educa��o nos �ltimos dois anos segundo os n�meros do Ideb, que mensura a qualidade de ensino municipal. A educa��o, j� por natureza, tem que ser prioridade em qualquer sociedade. E quando BH decai nesse tema, se torna mais alarmante ainda o cen�rio. Sou professora h� 20 anos e continuarei dando aula, sou professora e estou na pol�tica. Independente de qualquer cargo que possa ganhar, sempre vou continuar dando aula".
Como avalia o trabalho da atual legislatura da C�mara e o que acha que pode melhorar na discuss�o e na fiscaliza��o?
"Primeiro, a �ltima C�mara Municipal, sem a menor sombra de d�vidas, foi a pior da hist�ria de BH. Foi a pior, indiscutivelmente. Porque foi contra o DNA pol�tico da cidade, uma vez que BH � uma cidade progressista. Temos que lembrar que nossos �ltimos prefeitos todos estavam no campo progressista, como Patrus Ananias, C�lio de Castro e o pr�prio Alexandre Kalil tamb�m. Al�m disso, os �ltimos vereadores escolheram como pauta principal para a cidade assuntos que causam histeria social, mas que n�o resultariam em melhorias do bem-estar da sociedade, como a Escola Sem Partido. Falta de fiscaliza��o tamb�m, temos que lembrar que os culpados pelas enchentes que ocorreram em BH s�o os vereadores tamb�m, pois n�o fiscalizaram o Executivo, que n�o destinou o valor destinado no combate �s enchentes. Isso � papel dos vereadores, s�o diretamente respons�veis pelas trag�dias das enchentes. E tamb�m pela quantidade de pessoas com defici�ncia que tiveram as matr�culas negadas nas escolas municipais. Poucos denunciaram isso, ou nenhum".
Como a senhora v� a nova C�mara de BH?
"Fiquei com l�grimas nos olhos e muito feliz pela vit�ria da Maca� (Evaristo). Se eu n�o tivesse votado em mim, votaria na Maca�. Ela � uma pessoa que entende muito de gest�o educacional, foi secret�ria da educa��o do governo. Ela vai contribuir muito para BH, qualificar muito o debate na cidade. Quase n�o votei em mim para votar nela. A Maca� Evaristo � um patrim�nio da educa��o em Belo Horizonte. � um patrim�nio pol�tico de Belo Horizonte, que vai estar l� para ajudar na melhoria da educa��o de BH. Vi que parece que vai ter uma melhoria na qualidade do debate, diminuiu o fundamentalismo. E vi que h� um ou outro resqu�cio a� do bolsonarismo, mas vai estar muito isolado na C�mara e n�o vai conseguir avan�ar. Acho que o debate vai ser bem qualificado".
A C�mara de BH passou de 4 para 11 mulheres. Como avalia esse salto?
"� o principal ponto: uma C�mara com mais mulheres. Todos os espa�os legislativos que t�m mais mulheres, resultam na melhoria de pol�ticas sociais. Isso � um dado cient�fico. Vi que teve gente eleita que n�o defende a ci�ncia, mas � minoria. Mas, como focamos na ci�ncia, todos os estudos cient�ficos que mensuram esse aspecto abordam que quanto mais mulheres eleitas, mais h� avan�o de pol�tica social. N�s podemos esperar de BH uma cidade que resgate essa aura de preocupa��o com a popula��o mais pobre, com pol�ticas afirmativas, isso � muito importante. � um ganho pol�tico, social e simb�lico".
Nikolas Ferreira (PRTB), pr�ximo mais votado, coloca-se como o nome bolsonarista da pr�xima legislatura e j� falou que te considera como homem. Isso te incomoda em alguma maneira?
"A C�mara Municipal tem que ser um espa�o da pluralidade, da diversidade. Quanto mais diverso for o Legislativo, melhor vai ser o debate e melhores projetos ser�o aprovados. A presen�a de pessoas conservadoras, de outro aspecto ideol�gico, � muito bem-vinda para o debate. Agora, o que n�o toleramos � violar as institui��es brasileiras, especificamente falando das leis e da Constitui��o. Parabenizo pela vit�ria e, n�o sei se � conservador, mas a base do conservadorismo � o respeito �s leis, e transfobia � crime inafian��vel. Minha preocupa��o n�o vai ser se vai me tratar no masculino ou no feminino, minha preocupa��o vai ser s� se ele vai apresentar projetos importantes para combater os deficits da cidade".
A senhora, a princ�pio, se coloca como base ou oposi��o ao governo?
"O Alexandre Kalil me ligou parabenizando e disse que torceu muito para minha vit�ria. Na conversa que tive com o Kalil, disse que temos nossas diverg�ncias pol�ticas e afirma��es tamb�m, e que como vivemos a maior crise econ�mica da hist�ria, n�o � momento de buscar o igual, mas sim o comum. O comum � o bem para a sociedade, e � isso que vamos trabalhar. N�o me colocaria como oposi��o ou base, mas quero flutuar na C�mara e nisso quero resultar sempre no que � melhor para a sociedade, independente de quem assinou".