A arrecada��o por "vaquinhas" n�o decolou em sua estreia nas elei��es municipais. Mesmo com mais de 500 mil candidatos em disputa, os recursos arrecadados por financiamento coletivo somaram R$ 10,3 milh�es, uma m�dia de R$ 19 por candidato, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em compara��o com as elei��es majorit�rias, primeira prova de fogo das "vaquinhas", o resultado foi praticamente duas vezes menor. Mesmo com apenas 26 mil candidatos naquele ano, os pol�ticos conseguiram levantar R$ 19,2 milh�es, uma m�dia de R$ 739 para cada nome da disputa.
"O valor baixo deste ano demonstra o pouco envolvimento das pessoas f�sicas com o financiamento de campanha pol�tica no Brasil", diz Michel Bertoni, advogado e membro da Comiss�o de Direito Eleitoral da OAB-SP.
Pesquisador de crowdfunding, ele cita que nas elei��es de 2014 e 2018 apenas 0,1% dos eleitores aptos a votar doaram para as campanhas. Em 2016, o n�mero foi um pouco maior, 0,5%.
Em pa�ses como os Estados Unidos, h� uma cultura mais consolidada de contribui��o financeira ao processo eleitoral. O ex-presidente Barack Obama, por exemplo, arrecadou US$ 500 milh�es pela internet. Na Espanha, o Podemos tamb�m traz experi�ncias bem-sucedidas, mas com um modelo mais transparente, informando o custo exato de cada item da campanha. "H� presta��o de contas dos gastos realizados, mais transpar�ncia e di�logo com o eleitor", diz Bertoni.
No Brasil, o crowdfunding foi aprovado pelo TSE em 2017 e passou a valer j� para as elei��es de 2018. At� ent�o, as doa��es f�sicas de campanha eram feitas pelos sites dos pr�prios candidatos ou partidos pol�ticos. "Como as pessoas jur�dicas ficaram impedidas de doar para os pol�ticos, o Congresso chegou � conclus�o de que era preciso pensar em novos meios de arrecada��o, e a� veio o crowdfunding."
Nas elei��es deste ano, dois candidatos � Prefeitura de S�o Paulo figuram entre os que mais arrecadaram dinheiro por vaquinha. Na campanha de Guilherme Boulos, do PSOL, o financiamento coletivo representou 20,8% de toda a receita do candidato, que conseguiu R$ 828 mil pela modalidade.
Para Arthur do Val (Patriota), o "Mam�e Falei", o peso das vaquinhas foi ainda maior: pouco mais de 50% de todo o dinheiro do candidato. O deputado, que teve 9,78% dos votos v�lidos, foi o segundo que mais dinheiro conseguiu por vaquinha no Pa�s. N�o � toa, Do Val refor�ou ao longo de toda a disputa em S�o Paulo ser contr�rio ao uso de dinheiro p�blico nas elei��es e enfatizou o pedido de doa��o aos eleitores.
O sucesso dos dois candidatos na modalidade tem a ver com o di�logo maior com o p�blico jovem e tamb�m com a ideologia pol�tica, diz Rodrigo Prando, soci�logo e cientista pol�tico, universidade Presbiteriana Mackenzie. "Ambos t�m as caracter�sticas ideol�gicas muito claras e evidentes, o que faz com que as pessoas, ao se identificarem, sintam-se confort�veis e confiantes de que aquele recurso dado ao partido ser� bem utilizado na pr�tica pol�tica."
Tanto PSOL quanto o Patriota est�o na lista dos partidos que mais conseguiram dinheiro pela modalidade. A sigla de Boulos � a campe�: somou R$ 2,2 milh�es neste ano, seguido pelo NOVO (R$ 1,6 milh�o), PT (R$ 1,3 milh�o), Patriota (R$ 780 mil) e PDT (R$ 474 mil). Os candidatos ainda podem arrecadar at� 15 de dezembro, se tiverem d�vida.
Entre os nomes com maior arrecada��o, h� ainda os candidatos a vereador Gabriel Azevedo (Patriota), de Belo Horizonte (MG), Eleus Vieira Amorim (Cidadania), de Cuiab�, e Derli Maier (MDB), de Chapec� (SC).
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