Os planos de governo dos candidatos que disputam o segundo turno em S�o Paulo t�m custos superiores aos investimentos realizados pela Prefeitura nos �ltimos quatro anos. Guilherme Boulos (PSOL) prev� gastar cerca de 137% a mais e Bruno Covas (PSDB), o atual prefeito, estima ampliar em 50% o total de recursos destinados a novas obras ou pol�ticas p�blicas. De 2017 at� agora, a Prefeitura aplicou R$ 12,2 bilh�es em melhorias diversas na cidade, cerca de 40% a menos que a administra��o anterior, de Fernando Haddad (PT).
Em ambas as listas constam gastos altos com a��es para zerar a fila das creches, promover melhorias na mobilidade urbana, dotar as salas de aula da rede municipal com internet e ainda urbanizar favelas e construir moradias populares. Apesar de se apresentarem como op��es totalmente distintas ao eleitorado, Covas e Boulos convergem em muitas propostas.
A avalia��o dos planos, no entanto, mostra que Boulos tem promessas mais dispendiosas. Para custear a meta de oferecer tarifa zero para desempregados e estudantes no transporte, por exemplo, o candidato prev� gastar R$ 4 bilh�es ao longo do mandato, a mesma quantia prevista para uma de suas prioridades: a constru��o de moradias populares. Segundo ele, ser�o 100 mil.
O tucano planeja investimentos mais volumosos em inova��es na educa��o, como a compra de 465 mil tablets para estudantes, avaliada em R$ 821 milh�es, e a constru��o de 90 km de corredores de �nibus - Boulos fala em 120 km. Na m�dia, o custo de cada km de corredor � de R$ 48 milh�es, segundo c�lculos feitos por especialistas da Rede Nossa S�o Paulo.
Os valores foram obtidos pela reportagem com as campanhas dos candidatos e depois checados com os pre�os praticados no mercado ou mesmo previstos no plano de metas da atual gest�o. H� diverg�ncias. O custo do metro quadrado de cal�ada reformada previsto agora por Covas � de R$ 170, enquanto seu pr�prio plano do governo estipula em R$ 400.
"Os custos n�o condizem com valores apresentados anteriormente ou at� mesmo conhecido por especialistas", diz Carolina Guimar�es, coordenadora da entidade.
Demandas. Diante da crise econ�mica acentuada pela pandemia de covid-19, analistas econ�micos ouvidos pelo Estad�o afirmam que qualquer plano de futuro deve ter os p�s no ch�o e compromissos com as necessidades da popula��o.
"� uma equa��o delicada. As possibilidades fiscais exigem gest�o. Nunca � uma conta exata e deve ser um processo de equil�brio para n�o se acomodar nem exceder o cen�rio fiscal", diz a economista Mariana Almeida, que � superintendente da Funda��o Tide Setubal e professora do Insper.
Segundo a especialista, S�o Paulo recuperou sua capacidade de endividamento, ap�s a renegocia��o da d�vida da capital com a Uni�o feita pela gest�o Haddad. "Em fun��o disso, p�de ampliar o investimento. Esse � um processo que ainda est� amadurecendo. � claro que h� muita incerteza, mas a situa��o fiscal permite um pouco de ousadia nos planos", completa.
Professor de Administra��o P�blica da FGV-SP, Gustavo Fernandes destaca que o plano de Covas representa uma continuidade, que cabe, em tese, no or�amento. Segundo ele, as metas de Boulos tamb�m s�o fact�veis. "E isso ocorre mesmo em fun��o da renegocia��o da d�vida, que nos permitiu ampliar o endividamento de S�o Paulo, desde que com responsabilidade. Isso � importante destacar", diz o professor.
Para Fernandes, n�o se deve contar, no entanto, com fontes incertas, como renegocia��o de contratos e recupera��o da d�vida ativa.
Candidatos divergem na execu��o dos recursos
A fonte de recursos que vai bancar as promessas em cada plano de governo � uma das principais diferen�as entre os dois candidatos que disputam o segundo turno das elei��es na cidade de S�o Paulo. Com um programa mais caro, Guilherme Boulos (PSOL) tem defendido usar o caixa da Prefeitura, que tem R$ 11,2 bilh�es em recursos livres para investimento, entre outras fontes de receita. O prefeito Bruno Covas (PSDB) � contra a medida, e diz que o saque desse caixa teria de ser compensado posteriormente.
"Vou retomar a taxa de investimento anterior (� gest�o Doria), que foi de R$ 20 bilh�es em quatro anos", disse Boulos durante a sabatina do Estad�o, na quarta-feira passada. "Cabe no Or�amento da cidade, que � de R$ 70 bilh�es ao ano."
Covas comparou a retirada de verbas do caixa a um empr�stimo no banco. "Que bom que a Prefeitura n�o teve de entrar no �cheque especial� para poder pagar todas as a��es", comentou Covas, tamb�m durante sua sabatina, na quinta-feira.
Em seu plano, o candidato do PSOL ainda promete aumentar a contrata��o no servi�o p�blico, com prioridade para as �reas de sa�de, assist�ncia social e educa��o. Entre os contratados tamb�m estariam procuradores municipais. Boulos diz que pode aumentar a arrecada��o ao cobrar grandes devedores - por meio de mais servidores e digitaliza��o de processos.
J� o programa de Covas fala em novas privatiza��es e concess�es municipais, mas n�o detalha quais �reas teriam prioridade nesse plano.
Desde a elei��o da chapa com Jo�o Doria, em 2016, a Prefeitura tem defendido essas medidas como forma de liberar espa�o no Or�amento para a��es priorit�rias.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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