Debate entre Paes e Crivella na Globo tem direitos de resposta em s�rie

O debate promovido na noite desta sexta-feira, 27, pela TV Globo entre os dois candidatos a prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos), foi uma permanente troca de acusa��es e ofensas pessoais. Crivella, que � o atual prefeito e tenta a reelei��o, est� em larga desvantagem, segundo as pesquisas. A mais recente, divulgada pelo Datafolha na quinta-feira, 26, indicou que Paes tem 55% das inten��es de voto, enquanto Crivella, 23% - 18% declararam voto branco ou nulo e 5% n�o souberam responder. Para tentar reduzir essa diferen�a, desde o in�cio o prefeito concentrou-se nas acusa��es ao advers�rio, classificando-o como mentiroso e corrupto e repetindo que ele ser� preso. Paes at� tentou tratar de propostas, mas acabou se concentrando em rebater as acusa��es e tamb�m fazer cr�ticas ao atual prefeito. Esse foi o segundo debate entre os candidatos - o primeiro, promovido pela TV Bandeirantes, teve o mesmo teor de permanente troca de ofensas.

Logo na primeira vez em que teve a palavra, ao ser questionado por Paes sobre o aumento da pobreza na cidade, Crivella desviou do assunto para fazer as primeiras acusa��es: "Paes vai ser preso porque cometeu os mesmos erros de (os ex-governadores) Cabral e Pez�o. Eduardo coloca a fam�lia dele no programa eleitoral para comover a gente. Se voc� considera a fam�lia dele, por favor, n�o vote no Eduardo, ele n�o est� preparado para o poder, ele cai nas tenta��es do poder", acusou. Na r�plica, Paes afirmou que o advers�rio "morre de medo de ser preso" no decorrer da investiga��o sobre suposto esquema de propinas na prefeitura. "Crivella protegeu o grupo religioso do tio dele (o pastor Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus), os seus interesses, o tom�grafo na (igreja) Universal, o �fala com a M�rcia�", afirmou Paes, citando acusa��es e pol�micas que envolveram o atual prefeito durante sua gest�o.

A troca de acusa��es gerou uma sequ�ncia de pedidos de resposta e repetidos alertas da mediadora do debate para que os candidatos tratassem de propostas e evitassem ofensas pessoais. Ela n�o foi atendida.

Ao fazer uma pergunta sobre diversidade, Crivella disse que Paes, se for eleito, vai transformar o Rio na "capital mundial do turismo gay". Ao longo de todo o debate, o atual prefeito lembrou a liga��o de Paes com Cabral - numa ocasi�o, chegou a cham�-lo de "Eduardo Cabral", e Paes reagiu chamando o advers�rio de "Crivella Witzel", men��o ao governador afastado do Estado do Rio, Wilson Witzel (PSC), que derrotou Paes na elei��o de 2018. Ao questionar uma reforma supostamente feita pela prefeitura durante a gest�o Paes em um pr�dio p�blico, Crivella afirmou que "Cabral disse (� Justi�a) que voc� (Paes) fazia l� banquetes, (com) vinhos caros, quando ele fez 50 anos voc�s dois b�bados ca�ram na piscina".

"Crivella sabe que est� mentindo, ele � o pai da mentira, ao longo de quatro anos s� me faz acusa��es, n�o consegue falar de uma proposta de governo. Tenta ter respeito e apresentar propostas", acusou Paes. "N�o tem como escapar da pris�o, a mesma coisa que aconteceu com Cabral vai acontecer com ele", retrucou Crivella, que tamb�m acusou Paes de fazer o BRT (corredor de �nibus expresso) "para roubar" e "tirar R$ 240 milh�es das crian�as para dar � Rio �nibus". No encerramento, Crivella afirmou que Paes "n�o tem nem a �tica do bandido" e ter� problemas quando se deparar com "o ju�zo final".

"Pe�o desculpas (ao telespectador) por esse show de baixarias", afirmou Paes no encerramento, referindo-se � conduta do advers�rio.

Em meio a tantas acusa��es, n�o sobrou praticamente nenhum espa�o para debater propostas. Nos raros momentos em que isso ocorreu, Paes se comprometeu a contratar m�dicos, recuperar o BRT e investir na educa��o, enquanto Crivella disse que vai reduzir o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e combater a pandemia de coronav�rus.