A investiga��o da Pol�cia Federal (PF) afirma que o esquema do ent�o deputado estadual Arthur Lira usou como operadores o diretor financeiro da Assembleia Legislativa de Alagoas � �poca, Eduardo Albuquerque da Rocha, o motorista George Melo de Ara�jo Loureiro e o assessor Eud�sio Gomes, que admitiu ter ajudado a desviar o dinheiro p�blico. Segundo a apura��o, os tr�s funcion�rios, apontados como "entrepostos financeiros" de Lira, transferiram R$ 1,066 milh�o diretamente para o deputado.
Foi justamente na Assembleia Legislativa de Alagoas que a "rachadinha" teve uma das movimenta��es mais robustas entre os casos conhecidos at� agora - o esquema tirou R$ 254 milh�es dos cofres p�blicos, entre 2001 e 2007. A PF concluiu que 85% desses recursos sa�ram da folha de pagamento de servidores.
A pr�tica da "rachadinha" consiste no desvio de parte do sal�rio de funcion�rios para parlamentares. O esquema da Assembleia do Rio, que tem como protagonista o senador Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, foi menor que o de Alagoas e movimentou, segundo o MP, R$ 49 milh�es entre 2011 e 2017.
A den�ncia da Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) obtida pelo Estad�o indica que os tr�s funcion�rios da Assembleia de Alagoas eram respons�veis por descontar cheques na boca do caixa ou depositar em suas pr�prias contas. Os valores desviados eram divididos depois entre os deputados. Por causa dessa atividade, a PGR os definiu como "entrepostos financeiros" de Lira.
Embora as dilig�ncias tenham identificado transfer�ncias de R$ 1,066 milh�o para o deputado, a movimenta��o financeira na conta dos servidores foi maior. Entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005, Gomes e o motorista movimentaram R$ 12,4 milh�es.
� PF, o assessor Eud�sio Gomes confessou ter participado da opera��o para desviar os recursos que foram parar na conta de parlamentares. No depoimento, ele disse que o diretor financeiro da Assembleia lhe repassava cheques para serem depositados em sua conta e na do motorista. Na maioria dos casos, os cheques eram de assessores de Lira, que trabalhavam no gabinete antes de ele se tornar l�der do Centr�o e favorito do Pal�cio do Planalto para assumir a C�mara.
A conta de Gomes tamb�m recebia dep�sitos de cheques de servidores vinculados a outros quatro deputados estaduais - entre eles o ent�o presidente da Casa, Celso Luiz. "Ap�s o saque dos valores, o dinheiro era entregue ao pr�prio deputado estadual", disse o ex-funcion�rio.
O Estad�o contatou Gomes para saber se ele, hoje, mant�m as afirma��es que prestou em depoimento. O ex-assessor afirmou que n�o desejava comentar o caso, pois estava tentando "apagar isso da vida". Chegou a dizer que teve "a vida destru�da" ap�s o epis�dio, mas declarou n�o guardar raiva de ningu�m. A PGR listou Gomes como informante a ser ouvido na a��o penal, que corre em segredo de Justi�a na 3.� Vara Criminal de Macei�.
Empr�stimos
Um laudo da PF tamb�m apontou que Lira e os demais investigados simularam neg�cios com quatro companhias diferentes - Top Factoring, Multinvest Participa��es, Blumare Veicolo e Financial Factoring Fomento Mercantil. Apenas a Blumare recebeu 120 cheques emitidos pela Assembleia destinados ao pagamento de servidores comissionados, que somam R$ 249 mil. Ao mesmo tempo, a an�lise da movimenta��o nas contas de Lira revelou que a mulher do dono da empresa repassou R$ 210 mil a ele.
O esquema tamb�m consistia em usar a verba de gabinete para quitar empr�stimos pessoais nos bancos Rural e Bradesco. "No per�odo que o deputado federal Arthur C�sar Pereira de Lira foi o gestor financeiro da Assembleia Legislativa de Alagoas era comum a emiss�o de empenhos irregulares, com rubricas de 'adiantamento de valores', 'contribui��o' e 'contribui��o parlamentar'", destacou a den�ncia da PGR.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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