
O Estad�o identificou o mesmo tipo de amea�a e ofensas similares enviadas tamb�m a Duda Salabert (PDT), mulher trans eleita com a maior vota��o em Belo Horizonte (MG); Su�llen Rosim (Patriota), mulher negra eleita prefeita de Bauru (SP); Ana L�cia Martins (PT), mulher negra eleita para a C�mara municipal de Joinville (SC) e Benny Briolly (PSOL), travesti eleita vereadora em Niter�i (RJ). Nos quatro casos, o remetente se identifica como Ricardo Wagner Arouxa.
Opera��es
Investigadores da Pol�cia Civil em S�o Paulo, Minas Gerais, Paran�, Santa Catarina e Rio de Janeiro apuram caso a caso e h� iniciativas de coopera��o em andamento. Delegados de Joinville, Belo Horizonte e Bauru t�m mantido contato frequente para discutir estrat�gias coordenadas.
Uma das medidas imediatas tomadas pelo grupo foi o pedido de obten��o dos dados do remetente dos e-mails via Interpol. A conta tem provedor registrado na Su��a, o que imp�e uma dificuldade a mais para rastrear o usu�rio, de acordo com autoridades ouvidas pela reportagem. Detalhes da investiga��o s�o sigilosos.
O nome de Arouxa aparece pelo menos desde 2014 em not�cias relacionadas a amea�as e discursos de �dio na internet. Em 2017, um homem com este nome, analista de sistemas no Rio de Janeiro, foi alvo de uma opera��o de busca e apreens�o da Pol�cia Civil por amea�a de terrorismo contra a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ).
A revista �poca, que noticiou a opera��o, identificou Arouxa em 2018 e informou que o nome dele vinha sendo utilizado por uma quadrilha de crimes de �dio na internet chamada Dogolachan, f�rum criado por Marcelo Valle Silveira Mello, um dos primeiros condenados por racismo na internet no Pa�s. O Minist�rio P�blico de S�o Paulo apontou que o atentado � Escola Raul Brasil no in�cio de 2019, que deixou dez mortos em Suzano (SP), teria sido idealizado e estimulado neste f�rum.
Para Duda Salabert, trata-se de uma a��o para promover atentados psicol�gicos e pol�ticos. "A pol�tica espelha a sociedade, que ainda � LGBTf�bica, machista e racista. Quando pessoas desses grupos aparecem, alguns setores reagem com a linguagem da viol�ncia moral, psicol�gica, at� chegar na f�sica, como aconteceu com Marielle".
No e-mail enviado a Duda, o remetente amea�a ainda invadir uma sala de aula do Col�gio Bernoulli, institui��o privada da capital mineira onde a vereadora eleita trabalha como professora, para matar alunos e diretores. A escola tamb�m levou o caso �s autoridades e, em nota, afirmou repudiar "qualquer tipo viol�ncia, preconceito e �dio".

A prefeita eleita tamb�m foi alvo de ofensas racistas feitas em redes sociais. Um homem identificado como autor das postagens prestou depoimento e est� em liberdade.
Quem mandou matar Marielle Franco?
"N�o serei interrompida. N�o aturo interrompimento dos vereadores desta Casa. N�o aturarei de um cidad�o que vem aqui e n�o sabe ouvir a posi��o de uma mulher eleita". Seis dias antes de ser assassinada, Marielle Franco falava justamente de viol�ncia contra as mulheres em discurso na C�mara Municipal do Rio em 8 de mar�o de 2018, Dia Internacional da Mulher. Foi quando mandou este recado para um cidad�o que estava na tribuna defendendo a ditadura militar.
Mais de mil dias depois e enquanto o assassinato ainda segue com perguntas cruciais sem respostas, como quem mandou matar a vereadora e por qual motivo.
"Esse discurso de Marielle mostra o quanto a gente tem que ficar se afirmando, pedindo respeito para sermos ouvidas. Nossas vozes incomodam porque rompem as barreiras hist�ricas", diz Carol Dartora (PT), primeira mulher negra eleita vereadora em Curitiba. Terceira mais votada na capital paranaense, ela foi uma das que receberam, no �ltimo domingo, um e-mail com insultos racistas que citava seu endere�o e a amea�ava de morte.
"Nada no mundo vai me impedir de te matar", diz a mensagem, compartilhada pela vereadora eleita nas redes sociais. Ela levou o caso � pol�cia e pediu refor�o de policiamento na rua onde mora. "A viol�ncia racial n�o � nenhuma novidade para mim. A amea�a contra minha vida e contra pessoas que est�o comigo foi o que me abalou demais. Foi muito assustador. Sabia que seria um mandato hist�rico, mas n�o imaginava esta propor��o", disse.

A deputada federal Tal�ria Petrone (PSOL-RJ) tamb�m recebeu o e-mail do remetente identificado como Ricardo Wagner Arouxa. Na mensagem, o autor afirma que pretende mat�-la do mesmo jeito como teria matado Marielle, de quem Tal�ria era amiga pessoal. A deputada exp�s o e-mail e acionou as rec�m-eleitas Carol Dartora, Duda Salabert e Ana L�cia Martins, tamb�m alvo de amea�as, para encabe�ar a cria��o de uma rede nacional de prote��o. "Parece ser um ataque coordenado. Sendo assim, nossa resposta a essa viol�ncia tamb�m deve ser", disse.
A inten��o � formar uma coaliz�o nacional envolvendo tamb�m as for�as policiais dos Estados e incluir a Pol�cia Federal e a Interpol para denunciar e investigar ataques e amea�as contra lideran�as pol�ticas no ambiente online. "A viol�ncia pol�tica � uma t�nica hist�rica no Brasil. Vamos formar uma grande rede e envolver a pol�cia, que tem o papel de garantir os direitos humanos", disse Duda, que levou as amea�as � Comiss�o Interamericana de Direitos Humanos da Organiza��o dos Estados Americanos (OEA). As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.