
A situa��o levou a deputada a comentar com o presidente da Casa, Cau� Macris (PSDB), o quanto era dif�cil ser mulher naquele ambiente. Era uma conversa informal, quase um desabafo. Foi quando Fernando Cury (Cidadania) se aproximou da parlamentar e, por tr�s, colocou a m�o na lateral dos seus seios. "Pensar no toque dele � absolutamente nojento, me d� uma sensa��o de arrepio", lembrou ela em entrevista ao Estad�o.
O epis�dio ganhou repercuss�o no dia seguinte, ap�s a exibi��o do v�deo no plen�rio da Casa e transmiss�o ao vivo no canal do Youtube da Alesp. No mesmo dia, Isa denunciou o caso ao Conselho de �tica da Assembleia e registrou um boletim de ocorr�ncia eletr�nico na Pol�cia Civil. A presidente e �nica mulher do Conselho, Maria L�cia Amary (PSDB), disse que as imagens de Cury mostram um comportamento "visivelmente inadequado" e que contrariam "todas as normas" da Casa. "A cena causou bastante constrangimento. S�o imagens muito fortes para um parlamento. Fiquei muito incomodada, como mulher e como pol�tica", afirmou a deputada.
Em entrevista, Isa Penna contou que nunca havia sofrido ass�dio sexual. Mas foram v�rios os coment�rios machistas que j� ouviu na Alesp, onde exerce o seu primeiro mandato como deputada estadual. Sobre o pedido de desculpas de Cury em Plen�rio, disse que n�o aceita at� que ele reconhe�a o ass�dio. O parlamentar alega n�o ter feito nada de errado. Abaixo, confira os principais trechos da entrevista:
O que a senhora e o presidente da Casa, Cau� Macris, estavam conversando no momento?
Era uma conversa tranquila, dessas que temos sempre em Plen�rio, e eu disse para o Cau� (Macris) que era dif�cil ser mulher ali. Ele respondeu que era mais dif�cil porque eu era feminista, no sentido de que eu sofria porque eu luto. Mas � o contr�rio: todas as mulheres sofrem com o ass�dio. Mas n�s, feministas, sofremos menos, pois entendemos que � um problema coletivo e n�o somos culpadas.
O que a senhora sentiu no momento em que o deputado Fernando Cury se aproximou?
Ele estava tentando me encoxar e passar a m�o na lateral do peito. Depois que eu vi o v�deo, tive outra dimens�o do neg�cio. Mas ali, na Assembleia, eu senti ele muito pr�ximo. Assim que virei, senti, sim, um cheiro de �lcool. Antes de se aproximar, ele estava fazendo coment�rios sexualizados ao meu respeito. Sem d�vida nenhuma. Estava b�bado, e a bebida te d� coragem para fazer o que voc� fala e acredita. Foi a� que ele se mostrou, e eu fiquei chocada. Pensar no toque dele � absolutamente nojento. Me d� uma sensa��o de arrepio.
Foi a primeira vez que a senhora foi v�tima de ass�dio sexual? J� passou por outras viol�ncias na vida pol�tica?
Na primeira semana como suplente na C�mara Municipal, eu sofri uma viol�ncia. O vereador Camilo Crist�faro me chamou de "vagabunda, terrorista". Mas tiveram outros casos. Uma vez fui pedir a assinatura de um parlamentar para uma mo��o, ou algo assim, e ele disse que o faria se pudesse assinar pegando na minha m�o. Tamb�m j� tiraram foto da minha bunda e amea�aram expor a foto, que era simplesmente eu abaixada, pegando uma assinatura com o Toninho.
Na Alesp, casos como esses acontecem com frequ�ncia?
Sim, todos os dias. Fui pedir o voto de um deputado para o projeto de lei Dossi� Mulher Paulista, mas ao perceber que ele estava me olhando, acabei desistindo. At� que ele veio e perguntou: ‘Voc� n�o vai pedir meu voto?’. A�, em uma saia justa, eu perguntei se ele conhecia o projeto e pedi para votar. At� que ele diz: ‘Qual � o seu pre�o?’. Eu respondi que h� coisas na vida que n�o t�m pre�o. Mas ele voltou: ‘Tudo na vida tem o seu pre�o’.
Voc� ainda foi educada na resposta…
N�o � quest�o de ser educada, � sobreviv�ncia. Caso contr�rio, no dia seguinte, esse cara vai pegar no seu p�. At� medo a gente tem. Eu sei com quem estou lidando, n�o sou amadora.
A senhora e outras deputadas j� levaram para o conhecimento da presid�ncia da Casa reclama��es relativas ao comportamento dos parlamentares com as mulheres?
A gente j� fez falas sobre isso. A deputada Monica (da Bancada Ativista) vive pedindo respeito como l�der de bancada na Assembleia. N�o � uma quest�o de levantar, � uma quest�o do presidente Cau�, at� agora, em um caso que foi p�blico, filmado e na frente dele, n�o ter se manifestado.
O Cau� Macris nunca se pronunciou sobre essas viol�ncias e comportamentos desrespeitosos com as mulheres? Ele foi omisso?
N�o � que ele foi omisso. Ele reproduz o machismo. Por exemplo, quando ele interrompe o nosso microfone - � muito mais f�cil ele fazer isso com uma mulher do que com um homem.
A senhora considerou o pedido de desculpas do deputado Fernando Cury?
Eu n�o aceito as desculpas dele. Primeiro, porque ele se esquiva da responsabilidade dele. Do necess�rio reconhecimento da pr�tica que teve, consciente ou n�o. Se n�o for capaz de reconhecer, precisa ser cassado.
O que a senhora espera do Conselho de �tica?
Acho que o deputado tem que ser cassado. A gente assume um risco quando entra na pol�tica. E os parlamentares precisam come�ar a aprender isso: que temos mais responsabilidades do que as pessoas quando viramos uma autoridade p�blica.