
Vereadora mais bem votada da hist�ria de Belo Horizonte, com a marca de 37.613 votos, a professora Duda Salabert (PDT), defender� tr�s bandeiras em seu mandato: a educa��o, a preserva��o do meio ambiente e a diversidade. Nesta entrevista que � parte da s�rie realizada pelo Estado de Minas com os eleitos para a C�mara Municipal de BH, Duda revela a proposta de criar um aplicativo para que volunt�rios, em todo Brasil plantem �rvores e possam acompanhar o crescimento delas – uma de suas promessas de campanha era plantar uma �rvore para cada voto recebido. A vereadora tentar� conciliar o trabalho no Parlamento e a doc�ncia, mas n�o sabe, diante de amea�as que recebeu recentemente, se ter� o emprego mantido no Bernoulli.
Depois de ter sido amea�ada de morte, Duda Salabert buscou ajuda e se articulou em redes municipal, federal e internacional para garantir sua seguran�a. No entanto, ela n�o esconde que teme o risco. “N�o me sinto nem um pouco segura [em assumir o mandato diante de amea�as de morte]. Fa�o parte de um grupo cuja expectativa de vida n�o supera os 35 anos.”
Qual � a principal bandeira do seu mandato?
Nosso mandato tem como pilar tr�s grandes bandeiras. Em primeiro lugar est� a quest�o educacional. Sou professora h� mais de 20 anos e entendo que as principais transforma��es que ocorrem na sociedade se d�o por meio da educa��o. A segunda grande bandeira � o meio ambiente. Vivemos uma grande crise ambiental, � beira de um colapso clim�tico, e Minas Gerais foi palco de dois grandes “ecoss�dios” que geram consequ�ncia na capital tamb�m. A terceira � a quest�o da diversidade. S�o as tr�s pautas que eu levantei na campanha que se mant�m firmes na execu��o do mandato.
A C�mara passou de 4 para 11 mulheres, como avalia esse crescimento?
Entendo que v�rios fatores est�o ligados a esse crescimento, entre eles s expans�o e organiza��o dos movimentos feministas que t�m conseguido, cada vez mais, relevo no debate p�blico. Estamos tamb�m sob a �gide do governo Bolsonaro, um governo de ataque �s mulheres e �s pautas feministas. Isso acaba mobilizando mulheres para ocupar esse espa�o e fazer pol�tica pela �tica delas. E um terceiro fator que � a sociedade ter entendido que a representatividade � algo importante.
E sua candidatura � resultado dessa reflex�o sobre representatividade?
A minha candidatura resulta de v�rios fatores. N�o d� para colocar a minha candidatura exclusivamente na caixa de representatividade, j� que tamb�m sou professora e ambientalista. Trago debates importantes para a cidade, assim como a import�ncia de fazer um plano de crescimento verde, como tamb�m a distribui��o de absorventes nas escolas municipais. Ent�o, s�o temas e propostas que fazem com que eu extrapole a quest�o, meramente, da representatividade.
O que representa sua candidatura � presid�ncia da C�mara Municipal?
� o desejo de alargar a democracia naquele espa�o. Vamos entender que, nos �ltimos anos, ocorreram epis�dios que rebaixaram o conte�do democr�tico da C�mara, como por exemplo, a vota��o e o debate do projeto Escola Sem Partido, um projeto inconstitucional, como tamb�m o esvaziamento e fechamento das galerias, algo grave para a democracia. Minha candidatura traz essa necessidade e o desejo de alargar o processo democr�tico naquele espa�o e meu pr�prio corpo j� � uma forma de alargar esse espa�o, alargar a democracia, j� que ele carrega uma identidade que foi historicamente negada naquele espa�o. Minha candidatura tem algo a mais tamb�m para colocar no centro da pol�tica de Belo Horizonte uma professora e ambientalista.
Como pretende enfrentar o conservadorismo da C�mara Municipal?
Por meio do di�logo. Sou professora de literatura e entendo que as palavras transformam as pessoas, transformam a vida e a sociedade. Ent�o, n�o h� nenhum problema que a pessoa seja conservadora. A base do conservadorismo � o respeito �s leis e �s institui��es. Ent�o, o meu debate ser� de ideias e que se busque o respeito �s leis e as institui��es. Agora, sou favor�vel a uma batalha de ideias e n�o � briga entre pessoas. O problema � que alguns pol�ticos eleitos que s�o conservadores n�o t�m nada. Se apropriam dessa palavra para reproduzir discurso de �dio, intoler�ncia e viol�ncia pessoal. Esse tipo de pol�tica n�o me interessa.
A senhora disse que para cada voto haveria o plantio de uma �rvore. Como est� a proposta?
Plantamos mais de 50 �rvores desde o fim das elei��es, e a gente vai lan�ar, em janeiro, um programa nacional para o plantio de �rvores. Vou lan�ar uma plataforma que vai trabalhar com geoprocessamento, para que volunt�rios, no Brasil inteiro, possam plantar as �rvores e acompanhar o crescimento com geoprocessamento e imagens de sat�lite. Vamos transformar o plantio de �rvore em pol�tica p�blica por meio do plano de crescimento verde, tendo como meta, at� 2050, Belo Horizonte ser a capital mais arborizada da Am�rica Latina.
A senhora pretende conciliar o trabalho como parlamentar e a doc�ncia?
Sim. Eu sou professora. Posso estar na pol�tica, mas sou professora e continuarei dando aula, at� porque minha participa��o em sala de aula tem um papel pol�tico t�o ou mais importante que minha presen�a no legislativo. N�o sei se o Bernoulli (Col�gio Bernoulli) vai me demitir ou n�o. Espero continuar e pretendo dar aula no Bernoulli, mas n�o sei se o col�gio vai querer, uma vez que, na amea�a que sofri, disseram que iriam transformar a escola em um mar de sangue, ent�o n�o sei. Cabe ao col�gio decidir.