
Bras�lia – O Pal�cio do Planalto orientou parlamentares que integram a base do governo a deixarem de marcar presen�a no plen�rio da C�mara. A inten��o � que n�o seja formado qu�rum para vota��es com as quais o governo n�o concorda. Al�m disso, seria uma forma de dar um recado ao atual presidente da casa, o deputado Rodrigo Maia. Ontem, ao longo do dia, partidos que apoiam o Executivo passaram obstru�ram a pauta do plen�rio da casa.
Hoje pode ocorrer a �ltima sess�o do ano, de acordo com o calend�rio oficial. Apesar disso, Rodrigo Maia defende que o Congresso n�o pare, em raz�o da pandemia de coronav�rus, que est� se intensificando no Brasil, com a chegada de uma segunda onda. O deputado � favor�vel a propostas que n�o encontram respaldo na agenda econ�mica do Executivo, como o pagamento do 13º do Bolsa-Fam�lia.
Existe ainda a chance de que os parlamentares aprovem a extens�o do aux�lio emergencial para 2021. Percentual de 36% dos benefici�rios t�m o programa como �nica fonte de renda. Isso ocorre no momento em que a infla��o sobe, puxada pelo pre�o dos alimentos, e o funcionamento do com�rcio come�a a ser novamente restringido no pa�s.
Um dos projetos na pauta prev� o repasse de R$ 2 bilh�es aos estados e munic�pios para a compra de vacinas contra a COVID-19. O dinheiro poderia ser utilizado na compra de seringas, agulhas e de imunizante. Se aprovada, a proposta poderia retirar o protagonismo do governo federal na imuniza��o. Muitos governadores e prefeitos criticam a demora do governo em apresentar um plano concreto para vacina��o, al�m de fixar data para que as primeiras doses comecem a ser aplicadas. O presidente Jair Bolsonaro critica a "pressa" da popula��o, de especialistas e pol�ticos a iniciarem a aplica��o do medicamento.
A orienta��o para n�o marcar presen�a segue ao longo do dia de hoje. Caso tenha qu�rum na sess�o, como ontem, o Executivo pede que aliados obstriuam a pauta. Integrantes de siglas do chamado Centr�o, bloco que se alinhou ao Planalto, chegaram a critivar a campanha de vacina��o contra o coronav�rus, sugerindo, por exemplo, que o in�cio da imuniza��o seja adiado. O deputado Giovani Cherinni (PL), apoiador do governo, afirmou que o uso de m�scaras � ruim por n�o deixar as pessoas respirarem e citou uma suposta imunidade natural contra a covid, que poderia ser incentivada para conter a doen�a. As declara��es n�o encontram base cient�fica.
Sucess�o embolada
Candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) � elei��o para a presid�ncia da C�mara, marcada para fevereiro, o deputado Arthur Lira (PP-AL) partiu para a ofensiva, nas redes sociais, contra o atual ocupante do cargo, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Entre v�rias alfinetadas, Lira diz que “na nova C�mara” que ele pretende comandar “n�o � o presidente quem dita” a pauta de vota��es, “ele s� coordena”. Al�m disso, o deputado alagoano acusa Maia de se posicionar contra o recesso parlamentar para ter tempo de “articular um processo pessoal de sucess�o”.
L�der do Centr�o, bloco parlamentar que apoia o governo, Lira subiu o tom depois que Maia anunciou, na sexta-feira, a forma��o de uma frente ampla, com a participa��o de partidos de esquerda e de centro, para lan�ar um candidato � presid�ncia da C�mara que tenha perfil independente em rela��o ao Pal�cio do Planalto. Ao todo, o grupo soma 281 deputados (54,7% do total de 513), do PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PCdoB e Rede.
Ao mesmo tempo em que Bolsonaro intensifica a oferta de cargos e de emendas para conseguir o apoio de deputados � candidatura de Lira, o l�der do Centr�o critica a atua��o de Maia na presid�ncia da C�mara, considerada por ele como centralizadora. “A nova C�mara � aquela que n�o barra nem libera as chamadas iniciativas radicais. A nova C�mara � aquela que p�e todos os assuntos na mesa, que dialoga e chega no entendimento. Com o plen�rio sempre soberano”, tuitou Lira, ontem. “N�o � o presidente quem dita o que � discutido. Ele s� coordena. Esse � meu pensamento: dar voz a todos”, acrescentou.
Ao citar “iniciativas radicais”, o deputado se refere a pautas defendidas pelo presidente Bolsonaro e que enfrentam resist�ncia de Maia. A flexibiliza��o do Estatuto do Desarmamento, a PEC do voto impresso e a regulamenta��o das atividades de minera��o em terras ind�genas est�o entre elas.
Lira tamb�m tem criticado o posicionamento contr�rio de Maia ao recesso parlamentar. O presidente da C�mara defende que o Congresso trabalhe em janeiro para organizar uma pauta de enfrentamento da crise econ�mica e da pandemia de COVID-19. O deputado alagoano acusou Maia de querer impor sua vontade.
Maia avan�a
A ofensiva de Arthur Lira parece n�o estar surtindo efeito. A frente ampla formada pelo presidente da C�mara, Rodrigo Maia, deve receber ainda mais ades�es. A vice-l�der do Psol na C�mara, Fernanda Melchionna (RS), prop�s que o partido passe a integrar o grupo. “A estrat�gia da esquerda na elei��o da C�mara tem que ser derrotar o candidato de Bolsonaro. Todas as t�ticas s�o v�lidas, como lan�ar candidato para demarcar programa. Mas, for�as ocultas querem igualar o candidato de Bozo (Bolsonaro) ao campo de Maia para ajudar o Lira. O PSOL n�o cai nessa”, tuitou a parlamentar.