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Estado de Minas POL�TICA

'N�o vou fingir que n�o sou amigo do presidente'


29/12/2020 13:20

No �ltimo dia do ano, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presid�ncia, Jorge Oliveira, deixar� o governo para tomar posse no Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), na vaga aberta pela aposentadoria precoce do ministro Jos� M�cio Monteiro. Filho do capit�o do Ex�rcito Jorge Francisco, morto em 2018, que por 20 anos foi chefe de gabinete de Jair Bolsonaro na C�mara de Deputados, Oliveira tem uma rela��o familiar com o presidente e seus filhos.

No governo, onde acumulou o cargo de Subchefe para Assuntos Jur�dicos, tornou-se um dos assessores mais influentes.

Agora, diz que na Corte de Contas se pautar� por uma atua��o t�cnica, mas sem negar a proximidade com Bolsonaro. "N�o vou fingir que n�o sou amigo do presidente", disse ao jornal O Estado de S. Paulo.

Na conversa, o ministro contou que a primeira provid�ncia ao tomar posse no novo posto � desativar a conta no Twitter, com 141 mil seguidores, em que foi alvo de cr�ticas de apoiadores mais radicais do presidente. "Com todo o respeito, acho que essa milit�ncia atrapalha, sim", disse.

O sr. � um dos principais auxiliares do presidente e pr�ximo da fam�lia. Como vai atuar com independ�ncia no TCU?

Com toda honestidade, da mesma maneira que atuei no governo. Como subchefe para Assuntos Jur�dicos, tive que ser independente. N�o foram poucas as vezes em que eu tive de dizer ao presidente que n�o era a melhor decis�o. Nem sempre eu disse 'sim' ao presidente.

O sr. era cotado para o Supremo Tribunal Federal (STF), mas o indicado foi o ministro K�ssio Nunes Marques. Como foi essa constru��o que o levou ao TCU?

Nunca teve essa cogita��o. O nome considerado (ao STF) era o do ministro Andr� Mendon�a. Sempre o defendi e defendo o nome dele para a segunda vaga porque entendo que ele re�ne as condi��es t�cnicas e pessoais (Bolsonaro poder� indicar novo integrante para o STF em julho, com a aposentadoria do ministro Marco Aur�lio Mello). A vaga do TCU me surpreendeu porque n�o era previsto que fosse agora, mas o ministro Jos� M�cio optou por se aposentar. Vou com o compromisso de fazer um trabalho t�cnico.

O sr. est� preparado para receber cr�ticas por ser pr�ximo ao presidente?

N�o macula em nada ter proximidade com o presidente, porque no TCU n�o se decide sozinho. Eu serei um entre os nove ministros que v�o avaliar os atos de gest�o desse presidente e de todos os demais que vierem depois dele. Se tiver que adotar qualquer medida, vou adotar. Vou manter a amizade com ele. Pretendo frequentar a casa do presidente, seja ele presidente ou n�o. As cr�ticas s�o naturais, mas n�o vou fingir que n�o sou amigo do presidente. � uma rela��o at� de fam�lia.

O Brasil se aproxima dos 200 mil mortos por causa da covid-19. O governo federal errou?

S� erra quem faz. O governo precisa agir e eventualmente pode errar. O presidente nunca negou a exist�ncia do v�rus, nem nunca desconsiderou a import�ncia da crise de sa�de, mas ele sempre colocou que se a economia colapsar tamb�m vai matar at� mais que o pr�prio v�rus. Entendo que h� uma distor��o (entre o que � publicado) daquilo que � a inten��o do presidente.

O sr. muitas vezes foi apontado no governo como uma voz que ajudava a reduzir as tens�es internas e com outros Poderes.

Sou uma pessoa que procura evitar os confrontos, sempre procuro fazer uma composi��o, conversar, entender um ponto de vista diferente do meu e chegar a um ponto de consenso. N�o � f�cil. N�o tinha a pretens�o de ocupar esse espa�o que acabei ocupando, foi algo natural. Atribuo isso � rela��o pessoal que eu tenho com o presidente.

O sr. foi alvo de cr�ticas de bolsonaristas que pediam o fechamento do STF. Como viu isso?

A milit�ncia mais radical, chamada base bolsonarista, me criticou muito. Em parte por incompreens�o do meu papel. Como subchefe para Assuntos Jur�dicos, n�o tinha a ver com enfrentamento com o Supremo. Isso cabe ao advogado-geral da Uni�o. Estou fazendo um balan�o das minhas atividades no Twitter, mas vou desativar logo ap�s a posse no TCU, dia 31. Criei a conta por estar no governo, mas de um tempo para c� at� parei de fazer postagens por coment�rios muito agressivos e desproporcionais. N�o era uma cr�tica ao meu trabalho, eram coment�rios ofensivos a mim e � minha fam�lia.

A milit�ncia mais estridente atrapalha o governo?

Com todo o respeito, acho que essa milit�ncia atrapalha sim. Tem a legitimidade de questionar, de cobrar e tudo, mas eu jamais vou defender interven��o militar. H� quem defenda rasgar a Constitui��o. Eu n�o defendo isso. Temos muitas imperfei��es, mas temos que corrigir as imperfei��es. N�o defendo golpe militar. E fui criticado por gente que entende que deveria ter. Quando o ministro Alexandre de Moraes, por exemplo, deu a decis�o de suspender a posse do diretor-geral da Pol�cia Federal porque havia uma controv�rsia, eu fui o primeiro a dizer para o presidente revogar o ato. N�o me arrependo.

O delegado Alexandre Ramagem pode voltar a ser indicado ao comando da Pol�cia Federal?

Acho que sim. N�o vejo impedimento nenhum. N�o estou falando da pessoa, mas ele � delegado da PF, classe especial, preenche todos os requisitos legais para ser diretor da PF. Essa escolha cabe ao presidente.

A PGR deve apurar suposta ajuda da Abin, comandada por Ramagem, � defesa de Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

N�o participei de nenhuma reuni�o, n�o tenho conhecimento, se teve ou n�o teve documento. Desconhe�o completamente.

Quanto a rela��o familiar atrapalha o governo?

N�o acho que atrapalha. Os filhos constru�ram esse projeto pol�tico com o pai. Seria justo no momento em que ele est� no �pice afastar os filhos, que estiveram com ele todo esse tempo? S�o pessoas que reverberam os valores do presidente, que, at� pelo v�nculo sangu�neo, personalizam de maneira mais enf�tica aquilo que o presidente tem como pensamento, ainda que cada um tenha sua individualidade.

O deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato do Planalto � presid�ncia da C�mara, � denunciado na Lava Jato, enquanto o presidente foi eleito com o discurso de combate � corrup��o. N�o � um contrassenso?

Entendo que � leg�tima a cr�tica, � razo�vel. Por outro lado, vivemos num sistema que temos a presun��o de inoc�ncia. N�o foram raras as vezes em que a pessoa � citada, acusada numa dela��o, mas (a acusa��o) n�o se comprovou verdadeira.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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