
O caos no sistema de sa�de do pa�s, diante do aumento do n�mero de casos de COVID-19 tem feito ressurgir os hospitais de campanha, que chegaram a ser abertos no in�cio da pandemia. Fortaleza, Teresina e Bel�m retomaram as atividades das unidades de campanha desde dezembro. S�o Paulo e Cear� tamb�m retomaram o atendimento com a nova onda da pandemia. As estruturas provis�rias montadas em car�ter emergencial s�o encaradas como alternativa quando o Sistema �nico de Sa�de (SUS) fica sobrecarregado. Hoje, 18 estados est�o com mais de 80% dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) em uso por pacientes graves com COVID-19.
Mas os hospitais de campanha n�o s�o a solu��o para o pa�s, como avalia a m�dica infectologista e mestra em sa�de p�blica Luana Mariano. “Hospital de campanha � um ‘tapa-buraco’ do paciente que precisa de internar em estado grave em UTI. � o que o hospital de campanha resolve”, alertou. “Eles t�m impacto no atendimento dos pacientes graves, mas � aquela coisa do enxugar gelo”, completou.
Ela ressalta que, mais do que leitos, � fundamental que o pa�s controle a circula��o e a transmiss�o do v�rus. “Se n�o agir na origem da transmiss�o da doen�a e na dissemina��o do v�rus, com testagem em massa, isolamento dos doentes, testagem e quarentena dos contactantes, n�o vai ter hospital de campanha que d� conta do recado. A gente vai fazer 300 milh�es de leitos de UTI e eles v�o ser insuficientes para proteger a popula��o como deveriam”, completou.
A m�dica explica ainda que a press�o que as UTIs est�o sofrendo se deve a uma soma de fatores. “Esse aumento do n�mero de casos � em decorr�ncia de comportamento inadequado da popula��o, reinfec��o poss�vel, vacina��o p�fia e circula��o de variante. Isso tudo reflete em uma doen�a mais transmiss�vel, potencialmente mais grave e com maior tempo de perman�ncia do paciente no hospital, principalmente na UTI. Tem mais paciente chegando nas UTIs, eles ficam mais tempo, ent�o tem menos vaga para outros que est�o chegando e precisando tamb�m. � assim que a confus�o est� se formando”, disse.
ESTADOS APOSTAM NA ALTERNATIVA
Em grande parte do pa�s, os hospitais de campanha foram desativados no segundo semestre de 2020 devido � redu��o da demanda de leitos hospitalares. � o caso de Minas Gerais, que criou 768 leitos de enfermaria com investimento de R$ 5,3 milh�es com aux�lio de empresas privadas, segundo a Secretaria de Estado de Sa�de de MG. O hospital foi desativado em setembro de 2020, no bairro Gameleira, e hoje n�o h� previs�o para reabertura. J� alguns estados do Nordeste reativaram as estruturas. A Secretaria da Sa�de do Cear� informou que colocou para funcionar seis hospitais de campanha: dois no interior, um anexado ao Hospital Regional do Sert�o Central, em Quixeramobim, e outro no Hospital Regional Norte, em Sobral; quatro em Fortaleza (Hospital C�sar Cals, Hospital Geral de Fortaleza, Hospital S�o Jos� e Hospital de Messejana).
S�o Paulo, que registra em m�dia cerca de 500 mortes por dia, tamb�m reativou algumas unidades dos hospitais de campanha, segundo a secretaria do estado. Foi reaberto o hospital de campanha de Heli�polis, instalado na Zona Sul da capital. Tamb�m converteu o AME (Ambulat�rio M�dico de Especialidades) de Franca, no interior, que agora opera com 15 leitos de UTI e cinco de enfermaria. No Hospital Estadual de Bebedouro, s�o 20 de UTI e 20 de enfermaria.
Al�m disso, em Bauru, o hospital de campanha instalado no pr�dio da USP funciona com 30 leitos de enfermaria. Outros estados t�m feito esfor�os para ampliar a capacidade dos hospitais, sem que haja necessidade de reativar as unidades de campanha. No caso do Rio Grande do Sul, segundo a secretaria, foi ampliado em 131% o n�mero de leitos de UTI desde o in�cio da pandemia.
A Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) alarmou para o aumento da velocidade de transmiss�o do coronav�rus no pa�s, bem como o risco de colapso do SUS em v�rios estados. Segundo a Fiocruz, 18 estados e o Distrito Federal est�o em fase cr�tica quanto � ocupa��o dos leitos de UTI. O levantamento aponta que exceto o Amap� (64%), que se mant�m na zona de alerta intermedi�ria, todos os estados da Regi�o Norte est�o com taxas de ocupa��o de leitos de UTI Covid-19 para adultos superiores a 80%: Rond�nia (97%), Acre (92%), Amazonas (92%), Roraima (82%), Par� (82%) e Tocantins (86%).
No Nordeste, os estados do Maranh�o (86%) e Piau� (80%) tamb�m ultrapassaram a linha dos 80% que separa a zona de alerta intermedi�ria da zona cr�tica, juntando-se ao Cear� (93%), Rio Grande do Norte (91%), Pernambuco (93%) e Bahia (83%). Para�ba e Alagoas mantiveram-se na zona de alerta intermedi�ria, com suas taxas se elevando, respectivamente de 62% para 69% e de 66% para 72%. Sergipe, com taxa de 59%, � o �nico estado brasileiro fora da zona de alerta.
Os estados da Regi�o Sudeste tamb�m se mantiveram na zona intermedi�ria de alerta, com crescimento dos respectivos indicadores de ocupa��o mais acentuado em Minas Gerais (70% para 75%), Esp�rito Santo (68% para 76%) e S�o Paulo (69% para 74%) e pouco expressivo no Rio de Janeiro (61% para 63%). Na Regi�o Sul, todos os estados permaneceram na zona de alerta cr�tica: Paran� (92%), Santa Catarina (99%) e Rio Grande do Sul (88%). Na regi�o Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul (88%) e Mato Grosso (89%) entraram na zona de alerta cr�tica, somando-se a Goi�s (95%) e ao Distrito Federal (91%), que nela permaneceram.
* Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Paulo Nogueira