(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas POL�TICA

'Ambiente na pol�tica � hostil para mulheres'


08/03/2021 14:05

A primeira vez que Elza Paulino, de 54 anos, secretaria da Seguran�a Urbana de S�o Paulo, teve de dar ordens a subordinados homens ocorreu em meio ao som de pneus cantando e sob gritos de colegas. Era in�cio dos anos 1990 e ela havia acabado de assumir o comando de uma viatura da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Estavam em uma persegui��o que, segundo ela tinha avaliado, poderia colocar pessoas em risco e por isso precisava ser abortada. Mesmo com 30 anos de experi�ncias como esta, ela ainda sente a desigualdade de g�nero. Na pol�tica, conta ela, "o ambiente � hostil" para as mulheres.

Elza � uma das nove secret�rias mulheres da Prefeitura de S�o Paulo. At� a gest�o passada, seu cargo era o de comandante da Guarda Civil Metropolitana. � uma GCM da primeira turma da corpora��o, criada por J�nio Quadros em 1986. "Eles (os guardas) precisaram aprender a ter uma comandante mulher. Para os pol�ticos, � tamb�m um aprendizado ter uma mulher como parceira, algu�m que pode confiar", conta. "O machismo est� dentro de n�s, at� dentro de mim", diz, ao contar que, diariamente, precisa aprender a retirar a viol�ncia contra as mulheres de sua fala. "� poss�vel. Talvez com um pouco mais de dor, mas d� para trabalhar a equidade."

A GCM teve 120 mulheres na primeira turma, para cerca de 400 homens. Era uma divis�o especifica para as mulheres. Elas n�o podiam usar cal�as, apenas saias, e eram proibidas de portar armas e at� dirigir os carros, "mas o treinamento era o mesmo", segundo lembra a secret�ria.

Elza diz que n�o havia uma preocupa��o em reconhecer as diferen�as de g�nero para colocar homens e mulheres em situa��o igual. "N�o havia banheiros" adequados para as guardas, segundo lembra. Situa��es espec�ficas, como gravidez, n�o tinham nenhuma aten��o especial por parte do comando. �s vezes, sem tem com quem deixar a filha pequena para trabalhar, ela levava a menina para o trabalho. "Uma vez, tive de escond�-la no banheiro", diz, para que um dos superiores n�o soubessem da presen�a da crian�a no posto de trabalho.

Para a secret�ria, s�o esses pequenos entraves di�rios que vai, aos poucos, fazendo com que as mulheres abram m�o de seus objetivos e fiquem no caminho, antes de chegarem aos cargos de lideran�a.

Admira��o

Nascida na zona rural de Mar�lia, no interior paulista, a secret�ria cresceu perto do Tiro de Guerra da cidade. Assim, quando crian�a, via os recrutas uniformizados e em marcha e admirava a cena. Queria ser militar. "Naquele tempo, n�o havia mulheres no Ex�rcito. Perguntava o porqu� e ningu�m me respondia." Ainda jovem, trabalhou como empregada dom�stica antes de se mudar para S�o Paulo, em busca de emprego. Soube do concurso para a Guarda assim que chegou. "O J�nio falava da cria��o da Guarda, inspirada na pol�cia de Londres, e me interessei", explica.

A vida de saias e sem armas foi se alterando aos poucos, em especial devido a press�es que as pr�prias guardas faziam. A primeira GCM a dirigir uma viatura o fez em um caso de emerg�ncia. As saias se mostraram um empecilho para correr atr�s de criminosos: Elza mesmo n�o conseguiu pular um muro uma vez, uma vez que ela e dois colegas corriam atr�s de um suspeito.

A profissional foi se especializando em setores paralelos � seguran�a p�blica ao longo da carreira. Estudou fisioterapia e filosofia e se destacou ensinando �tica aos colegas. Em 2018, liderou o Programa Guardi� Maria da Penha, elogiado at� por advers�rios pol�ticos do prefeito Bruno Covas (PSDB), e passou a ser uma das vozes mais ouvidas da cidade contra a viol�ncia dom�stica.

Ao olhar para as adversidades enfrentadas pelas mulheres para vencer no ambiente profissional, Elza fala sem pestanejar: "A gente n�o pode desistir." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)