
O presidente da Associa��o dos Delegados da Pol�cia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, afirma que a classe est� sendo usada como "bode expiat�rio" e "moeda de troca" num momento de dificuldade fiscal. Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro prometeu em reuni�o com representantes das corpora��es no �ltimo domingo, 7, que servidores da seguran�a p�blica ficariam de fora das medidas mais duras.
"Os policiais est�o extremamente irritados com a forma como est�o ocorrendo as reformas", diz Paiva. "(Bolsonaro) Usou a bandeira dos policiais na elei��o, mas nas reformas eles n�o est�o sendo levados em conta", critica.
Nessa segunda-feira, o presidente recebeu o relator da PEC, deputado Daniel Freitas (PSL-SC), no Pal�cio do Planalto. Mais tarde, Bolsonaro disse que tr�s dispositivos poderiam ser retirados e dar origem a uma PEC paralela. "Falei com o relator, que ele � o soberano, que ele poderia correr o risco de n�o aprovar se n�o mexesse em tr�s artigos. Eram cinco, passamos para tr�s buscando a negocia��o", afirmou na ocasi�o.
A negocia��o, que tinha apoio de deputados ligados � seguran�a p�blica, era justamente para livrar categorias como policiais civis, federais e militares do congelamento de sal�rios, previsto como gatilho para conten��o de gastos em caso de emerg�ncia fiscal. O coordenador da chamada bancada da bala, deputado Capit�o Augusto (PL-SP), chegou a celebrar a sinaliza��o do presidente. "Se n�o viesse a ordem de l�, n�o sei como seria. Agora, n�o sei como ele vai fazer", disse.
Hoje, a equipe econ�mica entrou em campo para tentar reverter a articula��o e, at� o momento, obteve sucesso. O relator apresentou parecer mantendo o mesmo texto da PEC emergencial j� aprovado no Senado - ou seja, com todas as categorias sob alcance dos gatilhos. O temor era que qualquer altera��o, al�m de fragilizar as contrapartidas que restaram ap�s a desidrata��o que j� ocorreu at� aqui, atrasasse ainda mais a tramita��o da proposta.
Segundo Paiva, a cr�tica feita pelos policiais � que h� o risco de os sal�rios dos servidores ficarem congelados pelos pr�ximos 15 anos - tempo restante de dura��o do teto de gastos, a regra que limita o avan�o das despesas � infla��o. Quando as despesas obrigat�rias da Uni�o (que incluem sal�rios e benef�cios previdenci�rios) atingirem 95% dos gastos totais, os gatilhos s�o acionados automaticamente, impedindo reajustes.
"N�o � quest�o de ser contra o congelamento na pandemia. � razo�vel que haja sacrif�cios. Mas h� risco grande de os sal�rios ficarem congelados por 15 anos", afirma o presidente da ADPF.
A classe dos policiais reclama do tratamento dispensado pelo governo. Segundo eles, houve a mesma "quebra de promessa" ocorrida na reforma da Previd�ncia.
Ainda no governo Michel Temer, o ent�o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, esteve pessoalmente na C�mara dos Deputados negociando condi��es mais favor�veis de aposentadoria para a classe. No governo Bolsonaro, a PF voltou a atuar junto � C�mara para tentar condi��es mais benevolentes. Os policiais ficaram com regras diferenciadas para se aposentar, mas menos favor�veis do que a categoria desejava.