Colapso na sa�de vira 'guerra' nas redes

sileiros se concentram nos polos. As redes sociais refletem esse movimento. H� riscos de que a polariza��o ganhe tra�os de autoritarismo em meio ao jogo pol�tico democr�tico", disse Cortez.

Ele apontou a volta do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) � cena pol�tica - ap�s recuperar o direito de ser candidato - como um dos elementos que tendem a acirrar ainda mais os �nimos online. "O custo do resultado eleitoral de 2022 � muito significativo, tanto pela sobreviv�ncia pol�tica dos atores envolvidos com a disputa como tamb�m pela qualidade da democracia."

Um dos temas pol�ticos mais debatidos nas redes � a possibilidade de impeachment de Bolsonaro. A Avaaz monitorou palavras-chave relacionadas a essa discuss�o no Twitter e no Facebook entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2021 e identificou que declara��es pol�micas e a��es controversas do presidente ajudaram a impulsionar os pedidos de afastamento nas redes.

A declara��o de que a covid-19 � uma "gripezinha", feita pelo presidente em mar�o do ano passado, foi um desses momentos que causaram barulho. A crise da falta de oxig�nio em Manaus no in�cio deste ano tamb�m foi identificada como a "gota d��gua" para a amplia��o do uso de hashtags como #impeachmentsalvavidas, #forabolsonaro e outras.

Foram 2,3 milh�es de tu�tes citando o impeachment no per�odo da pesquisa. No Twitter, as publica��es de maior repercuss�o foram principalmente da esquerda, de atores como o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e do l�der do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos (PSOL). No Facebook, a Avaaz identificou mais variedade entre os debatedores.

"Percebemos uma tend�ncia. A pandemia fez o brasileiro reclamar mais nas redes e pedir cada vez mais o afastamento do presidente. Epis�dios de neglig�ncia em rela��o � pandemia geram picos de insatisfa��o. � uma tend�ncia de agravamento da polariza��o", disse Laura Moraes, coordenadora de campanhas da Avaaz Brasil. A institui��o tem defendido o afastamento do presidente.

A pandemia impulsionou pedidos de impeachment de Bolsonaro. Desde o in�cio de seu mandato, foram protocolados 74; apenas sete deles s�o anteriores a mar�o do ano passado, quando foi registrado o primeiro caso de covid-19 no Brasil. H� 69 pedidos de impeachment na mesa do presidente da C�mara, Arthur Lira (ProgressistasAL), a quem cabe submeter (ou n�o) as den�ncias � an�lise dos deputados. Outros cinco foram arquivados por quest�es formais, como falta de assinaturas.

Censura

A Funda��o Get�lio Vargas detectou uma alta no fluxo de debates sobre liberdade de express�o e censura entre novembro de 2020 e fevereiro deste ano - outro sintoma da guerra de narrativas na internet. De acordo com a Diretoria de An�lise de Pol�ticas P�blicas (Dapp) da universidade, not�cias sobre casos como a suspens�o de contas no Twitter, como aconteceu com o ex-presidente americano Donald Trump e bolsonaristas investigados no inqu�rito dos atos antidemocr�ticos no Brasil, geraram picos de intera��o sobre os temas.

A identifica��o de uma tens�o entre o combate a discursos de �dio e censura aconteceu tamb�m em casos de fora da pol�tica, como na morte de Jo�o Alberto Freitas, um homem negro de 40 anos que foi espancado at� a morte dentro de supermercado Carrefour em Porto Alegre, em novembro. "As redes sociais podem ser instrumentos importantes de mobiliza��o social e solidariedade. Vou apostar nessa sua virtude. Elas t�m cumprido papel importante para mobilizar a opini�o p�blica contra o racismo, por exemplo", disse a historiadora Wania Santanna.