A disputa pelo esp�lio de Adriano Magalh�es da N�brega - miliciano que morreu em fevereiro de 2020, na Bahia, ap�s reagir � pris�o - e movimenta��es financeiras e societ�rias de neg�cios ligados ao ex-capit�o do Bope e seus aliados ajudaram o Minist�rio P�blico do Rio a reunir provas para pedir a pris�o e a abertura de uma a��o penal contra a vi�va do miliciano, Julia Em�lia Mello Lotufo, e mais oito pessoas. Entre elas, um soldado e um sargento da Pol�cia Militar, Luiz Carlos Felipe Martins, que seria bra�o direito do miliciano e foi assassinado no �ltimo s�bado.
Alvos da Opera��o G�rgula, deflagrada pelo MP do Rio nesta segunda-feira, 22, eles s�o acusados de crimes de associa��o criminosa, agiotagem e lavagem de dinheiro ligados ao Capit�o Adriano, como era conhecido o miliciano que empregou por dez anos a m�e e a ex-mulher no gabinete do senador Fl�vio Bolsonaro (Republicados/RJ), quando ele era deputado estadual, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
As duas s�o parte do esquema denunciado de "rachadinha" - apropria��o ind�bita de sal�rios de servidores. O caso est� em julgamento de legalidade, no Superior Tribunal de Justi�a (STJ), que j� anulou parte central das provas, a quebra de sigilo fiscal e banc�rio dos alvos.
Quatro dos acusados de serem parceiros de Capit�o Adriano tiveram pris�o preventiva decretada pelo juiz Bruno Monteiro Ruli�re, da 1.� Vara Criminal Especializada da Capital: Julia Lotufo, seu ex-marido e soldado da PM Rodrigo Bitencourt Fernandes Pereira Rego, seu primo Daniel Haddad Bittencourt Fernandes Leal e o sargento da PM Luiz Felipe Martins (morto no dia 20). Os demais foram alvos de outras medidas cautelares ou s�o alvos da investiga��o, entre eles, dois irm�os da vi�va, David Mello Lotufo e Lucas Mello Lotufo, e duas irm�s do miliciano, Tatiana Magalh�es da N�brega e Daniela Magalh�es da N�brega.
Agiotagem
Na Opera��o G�rgula, promotores do Grupo Atua��o Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP do Rio, apontam que o esquema de agiotagem misturou, em uma mesma engrenagem financeira de lavagem de dinheiro sujo, os supostos rendimentos obtidos por Capit�o Adriano com a mil�cia de Rio das Pedras, com os servi�os para o Escrit�rio do Crime (grupo de assassinos de aluguel), com a explora��o de m�quinas ca�a-n�queis dos contraventores e os neg�cios em cavalos e gado.
A vi�va do Capit�o Adriano � considerada foragida. Segundo o MP, Julia Lotufo administrava o patrim�nio il�cito do miliciano e teria participado ativamente nos esquemas de agiotagem e lavagem de dinheiro via Cred Tech.
"Os dados produzidos demonstram que o denunciado Rodrigo Bittencourt Fernandes Pereira do Rego se reportava a Julia Lotufo prestando-lhe conta de valores decorrentes de empr�stimos concedidos", registra a denuncia. "Evidenciando, desta forma, que a denunciada detinha controle sobre parte dos valores movimentados de Adriano N�brega."
Segundo os investigadores, "a denunciada Julia permaneceu agindo com o intuito de ocultar e administrar o patrim�nio de Adriano, beneficiando-se diretamente do proveito dos crimes por ele praticados", informou o Gaeco, por meio de nota.
R�us
Julia Lotufo e os esquemas da Cred Tech s�o s� uma parte das apura��es do MP do Rio sobre o patrim�nio do Capit�o Adriano e sua rede de amigos, que garantiu sua fuga por um ano. A Justi�a decretou na Opera��o G�rgula o sequestro de R$ 8,4 milh�es em bens do esquema.
No despacho, o juiz Bruno Monteiro Ruli�re, da 1.� Vara Criminal Especializada, registra que a denuncia � lastreada por dados das investiga��es do Escrit�rio do Crime, origin�ria do caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes (em mar�o de 2018), e da Opera��o Intoc�veis, contra a mil�cia da comunidade de Rio das Pedras.
Queima de arquivo
O assassinato do sargento da PM Luiz Felipe Martins, que seria bra�o direito do miliciano, no s�bado passado, 20, em Realengo, no Rio, abre uma nova frente de investiga��o: sobre suposta execu��o. A morte ocorreu dois dias antes da deflagra��o da opera��o, data em que sua pris�o j� havia sido decretada.
A morte foi considerada por investigadores uma "queima de arquivo". O caso vai ser investigado pela pol�cia e pelo MP. Luiz Felipe Martins era PM e pessoa de confian�a do Capit�o Adriano e da vi�va.
POL�TICA