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Estado de Minas POL�TICA

Bolsonaro avalia afastar expoente da ala ideol�gica


26/03/2021 13:10

Por press�o do Senado, o presidente Jair Bolsonaro admite afastar do cargo o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presid�ncia, Filipe Martins. O plano de Bolsonaro � tirar Martins de sua assessoria mais direta, mas n�o abandon�-lo por completo. O Pal�cio do Planalto busca agora uma sa�da para n�o desagradar � milit�ncia bolsonarista conservadora e ideol�gica, que tem no auxiliar do presidente um de seus principais nomes no governo.

Martins est� prestes a perder o cargo por ter repetido, anteontem, um gesto que os senadores interpretaram como ofensivo, ligado a supremacistas brancos, durante sess�o de debates no Senado. Quando fez o sinal, ele acompanhava a audi�ncia p�blica do chanceler Ernesto Ara�jo, que falava sobre as dificuldades enfrentadas pelo Brasil para a compra de vacinas contra a covid-19. A c�pula da C�mara, hoje nas m�os do Centr�o, e do Senado tamb�m cobra de Bolsonaro a demiss�o de Ara�jo.

Enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), falava ao vivo na transmiss�o pela TV, Martins - que estava sentado atr�s dele - gesticulava com o polegar fechado formando um c�rculo com o indicador, como um "ok", e os demais dedos esticados. Balan�ou a m�o algumas vezes, como se enfatizasse o gesto.

Senadores logo protestaram, associando o sinal a um xingamento obsceno e a uma mensagem de �dio pela qual o assessor formaria as letras WP (white power), uma sauda��o de supremacistas brancos. Martins negou qualquer associa��o com discurso de �dio. Disse que estava apenas arrumando o palet�, mas n�o convenceu os senadores.

"A oposi��o ao governo atingiu um estado de decad�ncia t�o profundo que tenta tumultuar at� em cima de assessor ajeitando o pr�prio terno. S�o os mesmos que veem gesto nazista em ora��o, que forjam su�sticas e que chamam de antissemita o governo mais pr�-Israel da hist�ria", escreveu o assessor no Twitter.

Pacheco determinou que as imagens fossem investigadas pela Pol�cia Legislativa (mais informa��es nesta p�gina). Ao Planalto, o presidente do Senado fez chegar o aviso de que quer dar uma satisfa��o aos colegas, que se sentiram ofendidos.

Muito pr�ximo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho 03 do presidente, Martins j� discutiu seu futuro com o presidente quatro vezes. Tanto ele pode ir para um cargo no exterior ou ser acomodado numa fun��o de menor exposi��o, que influencia menos nas decis�es e discursos de Bolsonaro.

Desde o in�cio do governo, o triunvirato que d� as cartas na pol�tica externa brasileira � formado por Ernesto Ara�jo, Martins e Eduardo Bolsonaro. Os dois primeiros discutiram a situa��o ontem com o presidente. Ara�jo tamb�m se reuniu com o presidente da C�mara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e se defendeu das cr�ticas de que o Itamaraty � dominado por uma vis�o ideol�gica.

Bolsonaro ainda resiste a remover o chanceler do cargo, mas os militares querem que Ara�jo saia. O fiador tem sido Eduardo Bolsonaro. "Em dois anos, fomos de an�o diplom�tico financiador de ditaduras para grande parceiro de importantes pa�ses. O ministro Ernesto Ara�jo tem todo o meu apoio", afirmou o deputado no Twitter.

Abandonado

Ara�jo est� sob intensa press�o e, de acordo com seus aliados, foi abandonado pela articula��o pol�tica do Planalto, comandada por um desafeto, o ministro Luiz Eduardo Ramos. A queda de Martins, no entendimento de auxiliares de Bolsonaro, poderia servir como anteparo para dar uma sobrevida a Ara�jo como chanceler, pois a ala ideol�gica do governo perderia um cargo de relevo no Planalto.

O ministro das Rela��es Exteriores disse ao Estad�o ter muita afinidade com a vis�o de mundo do presidente e executar uma pol�tica externa determinada por ele, e n�o em car�ter pessoal. Outra op��o cogitada seria encontrar para o ministro um cargo que n�o dependa de aval dos senadores, como organismos internacionais. Um posto prestigiado no exterior que poderia ser o destino de Ara�jo � a Organiza��o para Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE), em Paris.

Os senadores querem que o chanceler renuncie ao Itamaraty. Neste caso, para escapar da sabatina no Senado, cuja aprova��o � considerada improv�vel, ele n�o poderia assumir nenhuma embaixada, mas talvez um consulado ou essa vaga na OCDE. Para o lugar de Ara�jo j� circularam diversos nomes, quase todos pol�ticos.

Nessa lista est�o o ministro da Secretaria de Comunica��o (Secom), Fl�vio Rocha, os senadores Nelsinho Trad (MS) e Ant�nio Anastasia (MG), ambos do PSD, e Fernando Collor (PROS-AL), assim como o ex-presidente Michel Temer (MDB). Do pr�prio governo, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), � bem vista pela diplomacia, mas teria rejeitado sondagens. Se a op��o for por um diplomata, voltaram a ser citados os embaixadores Luiz Fernando Serra (Paris), Nestor Forster (Washington) e Maria Nazareth Farani Azevedo (c�nsul em Nova York).

Pol�tica externa

Um dia depois de o presidente da C�mara, Arthur Lira (Progressistas-AL), demonstrar insatisfa��o com a condu��o da diplomacia brasileira pelo ministro Ernesto Ara�jo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, cobrou publicamente mudan�as na �rea. Para o senador, o Pa�s est� sendo prejudicado no enfrentamento da covid-19 por "erros" cometidos na gest�o de Ara�jo, como o n�o estabelecimento de rela��es diplom�ticas com pa�ses que poderiam colaborar.

"Muito al�m da personifica��o ou exame sobre o trabalho espec�fico do chanceler, o que tem que mudar � a pol�tica externa, ela precisa ser melhorada e aprimorada. Isso � algo que est� evidenciado a todos, n�o s� ao Congresso Nacional, mas a todos os brasileiros que enxergam essa necessidade de o Brasil ter uma representatividade externa melhor do que tem hoje", disse.

O presidente do Senado tamb�m afirmou ontem que a Pol�cia Legislativa investiga o gesto feito pelo assessor especial para Assuntos Internacionais da Presid�ncia, Filipe Martins, na audi�ncia p�blica do chanceler na Casa.

A bancada do PSOL na C�mara enviou of�cio � Casa Civil em que pede o afastamento de Martins e a abertura de procedimento administrativo para apurar o caso. No of�cio, � Casa Civil, a bancada afirma que n�o � a primeira vez que Martins faz "alus�es p�blicas ao repugnante, perigoso e ilegal supremacismo branco".

"Desde abril de 2019, o assessor utiliza, como foto de fundo de sua conta no Twitter uma imagem com trecho do poema que abre o manifesto do supremacista branco, Brenton Tarrant, que, em mar�o daquele mesmo ano, assassinou 51 pessoas em uma mesquita na Nova Zel�ndia. Durante seu julgamento, Tarrant fez o mesmo gesto ora performado pelo sr. Felipe Martins", escreveu a l�der da sigla, Tal�ria Petrone.

Nas redes, Martins disse que apenas arrumava a gola do palet�. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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