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Estado de Minas COVID-19

Governadores reagem a tentativa de Bolsonaro de culp�-los por mortes

Presidente da Rep�blica disse que medidas de isolamento adotadas pelos estados est�o matando a popula��o


02/04/2021 04:00 - atualizado 02/04/2021 11:11

(foto: NELSON ALMEIDA JR./AFP - 12/8/20 )
(foto: NELSON ALMEIDA JR./AFP - 12/8/20 )

"Precisamos de vacinas, e n�o de cloroquina. Bolsonaro brinca com a vida. O retardamento ao processo de vacina��o no Brasil se deveu fundamentalmente � neglig�ncia, inoper�ncia e ao negacionismo"

Jo�o Doria (PSDB), governador de S�o Paulo

 

Enquanto o pa�s bate sucessivos recordes de mortes em 24 horas causadas pelo novo coronav�rus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenta responsabilizar governadores e prefeitos pelos problemas decorrentes da pandemia.

Al�m de se negar a tomar medidas restritivas amplas, como lockdown nacionalo chefe do Executivo federal critica estrat�gias locais para barrar o v�rus e utiliza os recursos repassados pela Uni�o aos entes federados como “escudo” para rebater cr�ticas. A t�tica, seguida por pol�ticos de seu entorno, tem irritado l�deres regionais, que se articulam para reagir e refutar as acusa��es.

 

Gestores locais ouvidos pelo Estado de Minas creem que o presidente contribui para o agravamento da crise. Um dos apontamentos diz respeito ao estilo b�lico, que acaba gerando crises institucionais recorrentemente. Nesta semana, 16 dos 27 governadores assinaram uma carta repudiando a dissemina��o de agress�es e not�cias falsas.

Pol�ticos alinhados ao bolsonarismo t�m tentado eximir o Pal�cio do Planalto de culpa quanto ao vertiginoso crescimento dos n�meros da pandemia, citando justamente os repasses feitos pelo governo federal a estados e munic�pios.

 

No fim de fevereiro, Bolsonaro e seu ministro das Comunica��es, F�bio Faria, foram �s redes sociais escrever sobre os recursos bilion�rios transferidos aos estados. Nos n�meros publicados pela dupla, constavam verbas destinadas �s redes locais de sa�de — os investimentos na �rea configuram obriga��o constitucional. A tabela n�o continua vis�vel na p�gina de Bolsonaro no Twitter, mas ainda est� na conta de Faria.

 

(foto: AGUIAR/PALÁCIO PIRATINI - 1/3/21)
(foto: AGUIAR/PAL�CIO PIRATINI - 1/3/21)

"O presidente parece mais preocupado em buscar culpado do que assumir responsabilidades. Insiste em divulgar fake news, defende tratamento sem comprova��o e gera instabilidade institucional"

Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul

 

 

A t�tica baseada na “muleta” proporcionada pelos recursos garantidos pela Constitui��o � disseminada pela fam�lia presidencial. Um dos filhos, Carlos Bolsonaro (PSC), vereador no Rio de Janeiro, � engajado no tema. Em fevereiro, se apoiou em dados do Tesouro nacional para perguntar o destino de “bilh�es” encaminhados pelo governo federal aos estados.

Depois, chegou a afirmar que gest�es estaduais utilizavam montantes destinados ao enfrentamento � pandemia para amortizar problemas de caixa. E, embora estejam amparados pela autonomia concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), l�deres locais ouvem Bolsonaro dizer a apoiadores, em tom expl�cito, que as medidas restritivas t�m “matado” cidad�os.

 

O governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), n�o poupa palavras ao afirmar que Bolsonaro incentiva o negacionismo. “� uma trag�dia para o Brasil, diante de uma pandemia, ter um presidente da Rep�blica negacionista, que despreza a vida, que ofende a exist�ncia. Infelizmente, o Brasil � o �nico pa�s do mundo que, neste momento, tem em seus governadores e prefeitos a for�a da defesa da vida e da exist�ncia, e um presidente da Rep�blica que nega, que se afasta do seu dever moral, institucional de defender o seu povo e o seu pa�s”.

“O presidente parece mais preocupado em buscar culpado do que assumir responsabilidades”, sentencia o tamb�m tucano Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.

 

 

(foto: VINICIUS CARDOSO/CB/D.A.PRESS - 11/7/20)
(foto: VINICIUS CARDOSO/CB/D.A.PRESS - 11/7/20)
 

"Soldado morreu porque se recusou a prender trabalhadores. Disse n�o �s ordens ilegais do governador da Bahia. Chega de cumprir ordem ilegal"

Deputada Bia Kicis (PSL-DF), presidente da CCJ da C�mara, alinhada a Bolsonaro

 

 

“TRANSPAR�NCIA E RESPONSABILIDADE”

 

Os questionamentos sobre como os governos estaduais t�m utilizado os recursos repassados pela Uni�o levaram o governador de Goi�s, Ronaldo Caiado (DEM), a prestar contas pela internet. Em v�deo, ele detalhou como os mais de R$ 27 bilh�es destinados pelo Executivo nacional � unidade federativa em 2020 foram utilizados.

“Minha trajet�ria pol�tica sempre foi pautada na transpar�ncia e na responsabilidade. Surgiram muitas d�vidas sobre o que o estado recebeu do governo federal e para onde foram esses recursos, e vim mostrar para voc�s como cada centavo foi destinado”, escreveu, ao detalhar o or�amento, que inclui transfer�ncias a munic�pios, pagamento de parcelas do aux�lio emergencial e reposi��o de perdas econ�micas oriundas da pandemia.

 

Para Eduardo Leite, Bolsonaro age de forma prejudicial ao pa�s. Al�m das tentativas do presidente de se eximir de culpa apontando a transfer�ncia de recursos advindos da Uni�o, o governador ga�cho cita a defesa do uso de rem�dios sem efic�cia comprovada contra a doen�a e a minimiza��o de a��es como o uso de m�scaras.

 

“Ele gera confus�o indo na contram�o das recomenda��es importantes para reduzirmos a circula��o do v�rus, despreza os cuidados sanit�rios, questionou a vacina e demorou para agir em rela��o � compra de imunizantes, o que atrasou o processo de vacina��o em massa. Al�m disso, insiste em dividir a popula��o com a divulga��o de fake news, como em rela��o aos recursos repassados pela Uni�o aos estados, defende tratamento sem comprova��o cient�fica e tem atitudes e falas que geram instabilidade institucional nos estados e no pa�s”, diz.

 

CARTA DE PROTESTO

 

Caiado, Leite e Doria s�o signat�rios de carta de protesto contra a postura de aliados de Bolsonaro. “Os estados e todos os agentes p�blicos precisam de paz para prosseguir seu trabalho, salvando vidas e empregos. Estimular motins policiais, divulgar fake news, agredir governadores e advers�rios pol�ticos s�o procedimentos repugnantes, que n�o podem prosperar em um pa�s livre e democr�tico”, l�-se em trecho do texto.

 

O documento foi divulgado no dia em que parlamentares bolsonaristas tentaram, sem provas, assegurar que um policial morto na Bahia, ap�s atirar contra colegas, agiu por n�o concordar com medidas restritivas tomadas no estado. Adepta de primeira hora das convic��es do presidente, a deputada federal Bia Kicis foi uma que tentou disseminar essa vers�o.

Presidente da Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ), a mais importante da C�mara, ela voltou atr�s ap�s receber uma enxurrada de cr�ticas. A mesma postura adotou a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), outra bolsonarista convicta.

 

O governador mineiro Romeu Zema (Novo) foi procurado pelo Estado de Minas para comentar a responsabilidade da Uni�o e dos estados sobre o crescimento da pandemia em solo nacional, mas n�o retornou os contatos.

Embora n�o tenha assinado o manifesto de rep�dio dos governadores, a equipe de Zema emitiu nota na segunda-feira argumentando que “para o governador, a atua��o direta tem mais efic�cia do que assinatura de cartas". “Embates pol�ticos devem ficar em segundo plano, com foco na solu��o de problemas”, aponta outra parte da justificativa.

 

 

Vacina��o lenta causa irrita��o

 

Governadores tamb�m est�o descontentes com a postura de Jair Bolsonaro sobre a demora na vacina��o da popula��o. Embora tenha dito, recentemente, que sempre foi a favor de qualquer imunizante com o aval da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), o presidente colocou a chinesa CoronaVac sob suspeita em diversas ocasi�es.

A inje��o � produzida pelo Instituto Butantan, em S�o Paulo. “Precisamos de vacinas, e n�o de cloroquina. Lutamos para defender a vida, Bolsonaro brinca com a vida. O retardamento ao processo de vacina��o no Brasil se deveu fundamentalmente � neglig�ncia, inoper�ncia e ao negacionismo”, sustenta Jo�o Doria.

 

Em meio aos diversos ataques a Doria, Bolsonaro chegou a dizer, no ano passado, que o governo federal n�o compraria o imunizante fornecido pelo Butantan. “Ningu�m vai tomar a sua vacina na marra n�o, ‘t� ok’? Procura outro. E eu, que sou governo, o dinheiro n�o � meu, � do povo, n�o vai comprar a vacina tamb�m n�o, ‘t� ok’? Procura outro para pagar a tua vacina a�”, disparou em dire��o ao governador durante transmiss�o ao vivo, em outubro.

 

A mais recente manifesta��o p�blica de Bolsonaro contra as medidas restritivas ocorreu na �ltima ter�a-feira. Em frente ao Pal�cio da Alvorada, o presidente voltou a dizer, sem provas, que o lockdown mata cidad�os. Ao passar por apoiadores, ouviu cr�ticas sobre o fechamento de atividades comerciais. “A pol�tica de fechar tudo, n�, est� matando o pessoal mesmo”, rebateu. “Eu n�o fecho nada. A vida � t�o importante quanto a quest�o do emprego”, completou. 


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