Na mira da CPI da Covid, Pazuello viaja com Bolsonaro para Goi�s

Na semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a decis�o que mandou o Senado abrir a CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro mobilizou dois helic�pteros para viajar a Goian�polis (GO), a cerca de 200 quil�metros de Bras�lia, promoveu aglomera��o e cumprimentou populares, ao lado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e do ex-ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello.

Pazuello � um dos principais alvos da comiss�o, criada para investigar a atua��o do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia, al�m dos repasses de verbas federais para Estados e munic�pios.

A abertura de uma CPI pode levar � convoca��o de autoridades para prestar depoimentos, quebra de sigilo telef�nico e banc�rio de alvos da investiga��o, indiciamento de culpados e encaminhamento ao Minist�rio P�blico de pedido de abertura de inqu�rito. Um depoimento de Pazuello � CPI preocupa o Planalto. Os trabalhos da comiss�o aprofundam o desgaste de Bolsonaro em um momento de queda de popularidade do presidente, agravamento da pandemia e piora nos indicadores econ�micos.

Na �ltima quarta-feira, ministros do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) sinalizaram que devem punir Pazuello e seus auxiliares por omiss�es na gest�o da pandemia da covid-19. Relator da a��o sobre a conduta do Minist�rio da Sa�de durante a crise sanit�ria, o ministro Benjamin Zymler disse que a pasta evitou assumir a lideran�a do combate ao novo coronav�rus no Pa�s.

Segundo o relator, uma das a��es da gest�o de Pazuello foi mudar o plano de conting�ncia do �rg�o na pandemia, com a finalidade de retirar responsabilidades do governo federal sobre o gerenciamento de estoques de medicamentos, insumos e testes. "Em vez de expandir as a��es para a assun��o da centralidade da assist�ncia farmac�utica e garantia de insumos necess�rios, o minist�rio excluiu, por meio de regulamento, as suas responsabilidades", afirmou Zymler.

A CPI da Covid j� definiu seus principais cargos e deve iniciar os trabalhos na pr�xima semana. Com minoria na comiss�o, o Pal�cio do Planalto jogou a toalha e aceitou o acordo fechado por senadores independentes e de oposi��o. O presidente da CPI ser� Omar Aziz (PSD-AM), a vice-presid�ncia ficar� com Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e a relatoria, com Renan Calheiros (MDB-AL).

Passeio. Assim que pousou em um campo de futebol neste s�bado, diversas pessoas se aglomeraram para saudar Bolsonaro, conforme revelaram imagens transmitidas pelo l�der do PSL na C�mara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO). O chefe do Executivo cumprimentou os populares apertando as m�os, ignorando protocolos sanit�rios para evitar a propaga��o da covid-19. Nas imagens, � poss�vel ver que h� desde pessoas idosas at� crian�as. O presidente chegou a pegar um beb� no colo, logo depois de tocar em v�rios apoiadores.

Em seu passeio, Bolsonaro ainda parou em um posto da Pol�cia Rodovi�ria Federal, em compromissos que n�o foram divulgados na agenda p�blica da Presid�ncia da Rep�blica. Mais uma vez, o chefe do Executivo ignorou os protocolos sanit�rios e dispensou o uso de m�scara, apesar do agravamento da pandemia, que j� levou � morte mais de 360 mil brasileiros.

O presidente j� foi contaminado pela covid-19 e atribuiu sua recupera��o ao que chama de tratamento precoce - que n�o tem comprova��o cient�fica - e a seu hist�rico de atleta. Depois de ter declarado que n�o tomaria vacina, Bolsonaro disse a apoiadores ontem � noite que pretende ser imunizado "por �ltimo". Segundo o presidente, a decis�o se d� porque h� "muita gente apavorada" esperando pela vacina "dentro de casa".

Conforme o Estad�o/Broadcast mostrou, com 66 anos de idade, Bolsonaro est� apto a receber a vacina no Distrito Federal desde o dia 3 de abril, mas optou por n�o se vacinar. Outro argumento do presidente para n�o receber o imunizante � o de j� ter contra�do o v�rus em julho do ano passado. Segundo dados do cons�rcio de ve�culos de imprensa, 12,17% dos cidad�os brasileiros j� foram vacinados com a primeira dose. Desde o in�cio da pandemia, o Brasil contabiliza mais de 369 mil mortes por coronav�rus.