Reunidos virtualmente pela primeira vez para debater os desafios do Brasil, potenciais candidatos ao Pal�cio do Planalto fizeram no s�bado, 17, duras cr�ticas ao presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro, e � conduta do governo federal na gest�o da pandemia e em �reas sens�veis ao desenvolvimento do Pa�s, como meio ambiente, rela��es exteriores e educa��o. Ciro Gomes (PDT), Jo�o Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Fernando Haddad (PT) e Luciano Huck (sem partido) participaram do painel de encerramento da s�tima edi��o da Brazil Conference at Harvard & MIT, evento organizado pela comunidade de estudantes brasileiros de Boston (EUA), em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo. Quase sempre unidos em cr�ticas �cidas ao presidente da Rep�blica, eles tamb�m falaram em "converg�ncia" num projeto de Pa�s e para derrotar Bolsonaro na elei��o de 2022.
Todos destacaram que � preciso "curar as feridas provocadas pela polariza��o pol�tica".
Em clima de cordialidade, os cinco poss�veis candidatos ao Planalto listaram uma s�rie de caracter�sticas do governo Bolsonaro consideradas antidemocr�ticas, como o enfrentamento �s decis�es do Judici�rio e �s tentativas de interferir nas pol�cias militares estaduais.
O ex-ministro Ciro Gomes afirmou que Bolsonaro tem a inten��o de "formar uma mil�cia militar para resistir, de forma armada, � derrota eleitoral" que ele diz se aproximar.
O governador paulista concordou e completou afirmando que o presidente "flerta permanentemente com o autoritarismo".
Assim como Doria, o ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad tamb�m subiu o tom ao classificar o presidente como "genocida" por sua atua��o no enfrentamento ao novo coronav�rus.
"A press�o sobre o governo tem que se intensificar, sobretudo agora que o STF determinou CPI da Covid (pelo Senado). O Brasil responde hoje por 12% dos �bitos do mundo com cerca de 3% da popula��o. Isso quer dizer que a nossa m�dia � quatro vezes superior ao do resto do planeta. Cerca de 270 mil brasileiros morreram n�o pelo v�rus, mas pela p�ssima gest�o federal", disse Haddad.
A CPI da Covid foi um dos destaques da conversa. O governador ga�cho ressaltou que n�o teme qualquer investiga��o relativa aos repasses feitos a seu governo - por press�o do Planalto, o foco das investiga��es foi ampliado para focar tamb�m em governadores e prefeitos.
"Quem tem que temer a CPI s�o os negacionistas do governo, que compraram cloroquina e n�o vacina. Erro ap�s erro", completou Doria.
Sem abordar diretamente a corrida eleitoral do ano que vem, nenhum dos debatedores citou a decis�o tomada pelo Supremo Tribunal Federal que tornou o ex-presidente da Rep�blica Luiz In�cio Lula da Silva eleg�vel novamente - e poss�vel candidato em substitui��o a Haddad. A eventual polariza��o entre Lula e o Bolsonaro nas elei��es tem for�ado o chamado "centro pol�tico" a buscar mais rapidamente um projeto em comum.
Com exce��o do ex-prefeito, os demais participantes do debate j� assinaram em conjunto, m�s passado, um manifesto em defesa da democracia e contra o autoritarismo. Ciro, Doria, Leite e Huck - al�m do ex-ministro da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta -, s�o apontados como os nomes poss�veis hoje para tentar impedir que a disputa entre o petismo e o bolsonarismo se repita em 2022.
Retrovisor
Durante duas horas, os presidenci�veis defenderam que � preciso resgatar investimentos em ci�ncia, tecnologia e infraestrutura - para a retomada do emprego -, mas dar prioridade, de forma urgente, ao atendimento da popula��o mais pobre.
N�meros que revelam a fome crescente no Brasil foram destacados especialmente por Ciro, Haddad e Doria, que tamb�m combinaram nas falas relativas � import�ncia de se ter experi�ncia de gest�o para colocar projetos em pr�tica, em uma esp�cie de resposta a Huck.
O apresentador afirmou que "n�o se pode olhar para o passado" para planejar o futuro. "Brasil precisa de um projeto, e isso � claro. S� estou enxergando narrativas pelo retrovisor, vendo dificuldade de se olhar para frente. N�o acho que seja bom, n�o adianta pensar com a cabe�a do s�culo passado e perder as oportunidades que v�m pela frente. Temos que deixar de lado nossas vaidades e entender que, mesmo com o enorme potencial, o Brasil n�o deu certo", disse.
Huck ainda ressaltou que sua participa��o no debate se d� como representante da sociedade civil e que quer e vai participar do debate pol�tico. Para ele, o foco de qualquer debate deve ser o das desigualdades sociais.
A fala sobre o "olhar pelo retrovisor, foi rebatida pelo ex-prefeito de S�o Paulo. Haddad disse que "olhar para tr�s � um aprendizado, n�o � de todo ruim".
Doria tamb�m afirmou que "entender o passado pode ajudar a projetar adequadamente os que se fazer no presente".
J� o ex-ministro Ciro Gomes disse que "� preciso, sim, conhecer o passado para que os erros n�o sejam repetidos".
Ciro foi o �nico a assumir a inten��o de disputar a Presid�ncia. Ao listar suas prioridades, disse que buscar� o equil�brio para se alcan�ar um "governo musculoso", que mescle investimentos p�blico e privados. Reformas estruturantes tamb�m foram destacadas por Leite.
Segundo o tucano, o Brasil se meteu numa "enrascada" por aumentar gastos p�blicos, gerando desconfian�a, recess�o e desemprego. "Para retomar a confian�a, o Pa�s vai ter de mostrar comprometimento com equil�brio fiscal, a partir de privatiza��es, reforma administrativa, melhora do ambiente de neg�cios." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA