Cabo Frio (RJ) j� n�o tinha mais leitos de UTI dispon�veis quando o prefeito Jos� Bonif�cio (PDT) decidiu viajar 132 quil�metros em busca de ajuda. O destino era o munic�pio de Maric� (RJ), governado pelo petista Fabiano Horta, que naquele momento vivia uma situa��o bem diferente, com taxa de ocupa��o em 40,8%. Al�m dos leitos, o munic�pio da Regi�o dos Lagos sofria com a falta de insumos importantes para o tratamento de casos de covid-19, e foi a colabora��o do vizinho que ajudou a desafogar o sistema de sa�de naquele momento.
A falta de medicamentos, insumos e outros itens importantes para o tratamento de casos graves de coronav�rus � realidade em todo o Pa�s. E, para evitar o colapso e poupar vidas, a solu��o encontrada por prefeitos tem sido buscar apoio em munic�pios pr�ximos, por ser mais r�pido e sem burocracias.
A ajuda tem ocorrido de maneira informal e apartid�ria - apesar do momento de polariza��o no Pa�s. Os secret�rios de Sa�de da Grande S�o Paulo, por exemplo, mant�m um grupo de WhatsApp para trocar informa��es em tempo real sobre a situa��o de cada lugar. O combinado para aqueles que recebem algum item emprestado � devolver assim que poss�vel, para que n�o haja desabastecimento.
No caso de Cabo Frio, a cidade de Maric� cedeu uma ambul�ncia e alguns insumos que estavam em falta, relatou a secret�ria de Sa�de do munic�pio, Simone Costa e Silva. "Assinamos ainda um conv�nio para disponibilizar leitos de UTI em Maric� para os pacientes cabofrienses", afirmou.
Bonif�cio disse que a UTI � um "problema s�rio" na regi�o. Sobre a aus�ncia de medicamentos, ele afirmou que a cidade fez licita��o no ano passado, mas os laborat�rios vencedores se recusaram a entregar o pedido pelo pre�o combinado. Como ficar sem medicamento n�o � uma op��o, Bonif�cio tem recorrido � ajuda da cidade vizinha. "� quase como se fosse um almoxarifado da nossa pr�pria Secretaria Municipal de Sa�de", brincou o prefeito.
Na Grande S�o Paulo n�o tem sido diferente. A prefeitura de Santo Andr� afirma ter ajudado nove cidades da regi�o, entre elas Diadema, Guarulhos e Rio Grande da Serra. A lista daquilo que foi emprestado � quase toda de itens essenciais, alguns inclusive do chamado "kit intuba��o", hoje em escassez no Pa�s.
Um deles � o bloqueador neuromuscular, usado para paralisar o paciente intubado e permitir que ele fique em estado de relaxamento enquanto o respirador trabalha. Sedativos e medicamentos que controlam a press�o e reduzem o risco de forma��o de co�gulo tamb�m est�o na lista. H� ainda materiais b�sicos, como sabonete, lidoca�na gel (anest�sico t�pico para aplicar em mucosa), m�scaras, luva, compressa de gaze e at� dipirona.
"H� uma rede de reposi��o entre as cidades para que n�o falte insumo para ningu�m. Foi um formato que criamos para evitar o colapso", disse o prefeito de Santo Andr�, Paulo Serra (PSDB). A cidade n�o corre o risco de desabastecimento, e por isso, tem sido uma das que mais ajudam na regi�o. Serra afirmou sentir falta de uma "articula��o" em �mbitos institucionais superiores - os governos federal e do Estado.
Governan�a
A rivalidade entre PSDB e PT foi deixada de lado para ajudar a vizinha Diadema, comandada pelo prefeito Jos� de Filippi (PT). "Eu sempre acreditei na governan�a coletiva, de troca e coopera��o entre as cidades", disse o petista. Filippi relatou que, quando assumiu a prefeitura, no come�o do ano, todos os contratos de fornecimento de medicamentos tinham se encerrado em dezembro. "Nos primeiros 30, 40 dias de governo, esse apoio de Santo Andr� foi fundamental para salvar vidas."
Hoje, o munic�pio consegue at� ajudar outras cidades, como Rio Grande da Serra, do prefeito Claudinho da Geladeira (Podemos). "A quest�o partid�ria � importante para cada um. Mas agora, nesse ambiente de guerra, precisamos estar de m�os dadas", afirmou Filippi.
Na regi�o de Campinas, o interc�mbio sempre existiu, segundo o diretor t�cnico do Hospital M�rio Gatti, Carlos Arca, mas, na pandemia, isso se tornou mais frequente e mais urgente.
"J� pedimos emprestado e tamb�m emprestamos, por exemplo, para cidades como Paul�nia." Segundo ele, o processo tradicional de ter que pedir medicamentos � mais "moroso", pois depende de canais competentes e de toda uma documenta��o. "Existem situa��es de vida ou morte. Se um hospital precisa de um item imediatamente, por que n�o vou emprestar?", questiona. "Pela conversa informal � bem mais r�pido."
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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