
A Pol�cia Federal intimou o ex-candidato a prefeitura de S�o Paulo e coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos (PSOL), a prestar depoimento no �mbito de inqu�rito aberto com base na Lei de Seguran�a Nacional em raz�o de um coment�rio feito pelo pol�tico em seu perfil do Twitter em abril de 2020. Boulos deve comparecer � sede na superintend�ncia da PF em S�o Paulo na tarde da pr�xima quinta, 29.
O tu�te de Boulos se deu na esteira de uma declara��o dada pelo presidente Jair Bolsonaro um dia ap�s ato antidemocr�tico em frente ao Quartel General do Ex�rcito, com faixas contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasi�o, Bolsonaro afirmou: "O pessoal geralmente conspira pra chegar no poder. Eu j� estou no poder. Eu j� sou o presidente da Rep�blica". Em outro momento, completou: "Eu sou realmente a Constitui��o".
A declara��o acabou remetendo � frase "O Estado sou eu", atribu�da ao rei Lu�s XIV, que governou a Fran�a entre 1643 e 1715. O chamado 'Rei Sol' foi antepassado de Lu�s XVI, que foi executado em 1793 - um dos acontecimentos mais importantes da Revolu��o Francesa, que levou ao fim do regime absolutista no Pa�s.
Comentando a fala de Bolsonaro, Boulos fez a refer�ncia hist�rica e escreveu: "Um lembrete para Bolsonaro: a dinastia de Lu�s XIV terminou na guilhotina".
"O Estado sou eu" (Lu�s XIV, rei absolutista no s�culo 17).
%u2014 Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) April 20, 2020
"Eu sou a Constitui��o" (Jair Bolsonaro, hoje de manh�).
Entendeu onde ele quer levar o Brasil?
O tu�te foi levado ao Minist�rio da Justi�a pelo deputado Jos� Medeiros (Podemos-MT) na mesma representa��o que o parlamentar atribuiu crime contra a seguran�a nacional ao jornalista Ricardo Noblat, tamb�m em raz�o de uma postagem na rede social.
O ent�o chefe do MJSP, Andr� Mendon�a - atual Advogado-Geral da Uni�o e um dos cotados para assumir vaga no Supremo Tribunal Federal com a aposentadoria do ministro Marco Aur�lio Mello - pediu � PF que abrisse inqu�rito com base na LSN para investigar a publica��o.
Ao Estad�o, Boulos classificou o inqu�rito como uma 'tentativa vergonhosa de intimida��o' que 'demonstra a escalada autorit�ria e o desespero desse governo de n�o aceitar a oposi��o e a diversidade'. O pol�tico lembrou ainda que a Lei de Seguran�a Nacional tem sido usada para 'tentar silenciar diferentes pessoas que fazem oposi��o' a Bolsonaro.
O n�mero de inqu�ritos abertos com base na lei editada em plena ditadura militar aumentou 285% nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, na compara��o com o mesmo per�odo das gest�es Dilma Rousseff e Michel Temer.
"Chega a ser ir�nico que eu esteja sendo alvo de um inqu�rito policial por suspeita de ter amea�ado o presidente ao ter feito um coment�rio rebatendo uma frase proferida por Bolsonaro a qual, ela sim, representa uma amea�a �s institui��es e � ordem constitucional no nosso pa�s", registrou Boulos em nota.