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Estado de Minas POL�TICA

Tasso admite que gostaria de ser o 'Biden brasileiro'


25/04/2021 16:00

Pela primeira vez desde que foi incentivado a entrar na disputa de 2022, o senador Tasso Jereissati (CE) admitiu participar de pr�vias do PSDB para a escolha do candidato � Presid�ncia e construir uma terceira via, diante da polariza��o entre a esquerda e a extrema direita. "Se meu nome servir para unir, em algum momento, vamos trabalhar nessa dire��o", disse o senador ao Estad�o.

Integrante da CPI da Covid, Tasso gostou de ser chamado de "Biden brasileiro" por um grupo do PSDB que se refere a ele como o �nico pol�tico capaz de agregar for�as no campo de centro. Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden, de 78 anos, teve esse papel. "Vejo nele um cara que est� mudando a hist�ria do mundo", afirmou o tucano, que tem 72 anos.

As pr�vias do PSDB est�o marcadas para outubro, mas Tasso acha melhor adi�-las para 2022. "Ainda tem muita �gua para rolar debaixo da ponte", previu. At� hoje, o PSDB tinha tr�s pr�-candidatos � sucess�o de Jair Bolsonaro: os governadores Jo�o Doria (S�o Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), al�m do ex-prefeito de Manaus Arthur Virg�lio. Agora Tasso, ex-governador do Cear�, tamb�m entrou no p�reo.

O presidente do PSDB, Bruno Ara�jo, lan�ou sua candidatura � sucess�o de Jair Bolsonaro. O sr. pode ser a terceira via?

Ser candidato � Presid�ncia n�o est� ainda nos meus planos. Eu falo "ainda". Eu defendo a ideia de uma uni�o do centro. Quando eu digo uni�o � porque vejo espa�o, nas pr�ximas elei��es, para um candidato entre Lula (ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva) e Bolsonaro, que n�o seja nem de esquerda, nem de extrema esquerda, nem de extrema direita. Com certeza eu n�o acho bom para o Pa�s mais quatro anos de Bolsonaro. � um governo desastroso em todos os pontos, da condu��o da pandemia de covid - levando o Brasil ao maior n�mero de mortes do mundo por dia - � pol�tica econ�mica, que n�o anda. E tamb�m n�o vejo como repetir o governo do PT. Ent�o, est� na hora do equil�brio. Se dividir muito, ningu�m vai ter (apoio para chegar ao segundo turno). Se meu nome servir para unir, em algum momento, vamos trabalhar nessa dire��o.

O sr. aceitaria disputar uma pr�via no partido com Jo�o Doria, Eduardo Leite e Arthur Virg�lio?

Eu sempre fui defensor de pr�vias. Mas ponderando que essa pr�via seja feita dentro do limite da coer�ncia, de um posicionamento �tico. E que sirva para unir, n�o para desunir. Nunca falei isso, mas acho que as pr�vias deveriam ficar um pouco para mais tarde, para que n�s pud�ssemos conversar com os outros partidos. Quando defendo essa uni�o, eu acho que n�o deve ser s� dentro do PSDB.

Mas, com tanta divis�o no PSDB, � poss�vel um consenso, sem necessidade de pr�via?

As pr�vias s�o boas. Eu n�o sei se s�o oportunas agora (em outubro). At� o in�cio do ano que vem, muita coisa vai acontecer. Mas isso � minha opini�o. Vai prevalecer, evidentemente, a vis�o do partido, dos dirigentes.

Esse v�cuo n�o beneficia a polariza��o Bolsonaro-Lula?

N�o tem v�cuo, n�o. Tem � candidato demais. Daqui a pouco, um come�a a dar cotovelada no outro. Ainda tem muita �gua para rolar debaixo da ponte. Um exemplo de como as coisas mudam: eu n�o sabia (em 2018) que tinha uma extrema direita t�o radical e t�o organizada. Foi uma surpresa gigantesca. E esse movimento se uniu ao antipetismo e � facada (sofrida pelo ent�o candidato Bolsonaro). Ningu�m sabia o tamanho dessa direita porque ela estava enrustida h� muito tempo. Bolsonaro soube catalisar isso atrav�s das redes sociais.

Como ningu�m enxergou que a direita estava se estruturando pelas redes sociais?

Desde a redemocratiza��o se criou uma esp�cie de preconceito contra a direita. Era dif�cil voc� encontrar algu�m que dissesse que era de direita, mesmo sendo. Significava uma afinidade com o golpe, com a ditadura, com o per�odo autorit�rio. Quando falavam que o Bolsonaro poderia ganhar, eu desprezava a hip�tese, solenemente. Tinha certeza de que n�o seria poss�vel porque um pol�tico que fazia aquele discurso nunca poderia ganhar. Se tem uma coisa do Bolsonaro que n�s temos de respeitar � que ele n�o mudou.

Passados dois anos de governo, Bolsonaro ainda � um candidato competitivo, apesar de todas as crises? O centro se preparou para enfrent�-lo nas redes sociais?

N�o. O centro n�o tem rede social organizada e espalhada. Nenhum desses candidatos que est�o a� tem. Vamos precisar ter.

O sr. chegou a dizer que o marqueteiro Jo�o Santana, quando estava com o PT, espalhou fake news e derrubou Marina Silva. Agora, ele foi contratado por Ciro Gomes, que � pr�ximo ao sr. e tem conversado com esse campo de centro. Isso preocupa?

Eu n�o sabia que o Ciro tinha feito essa contrata��o. Pelo car�ter do Ciro, acho muito estranho. Agora, o Jo�o Santana pagou tanto pelos seus pecados, indo preso, que talvez tenha mudado e queira se redimir.

Dizem que o sr. � o �nico que pode convencer Ciro a desistir da candidatura presidencial em nome de uma alian�a maior.

Eu acho dif�cil o Ciro sair (do p�reo). Mas n�o acho muito dif�cil o Ciro vir. O Ciro j� foi de esquerda, mas hoje � de centro. E acredito que ningu�m v� mudar o desejo dele de tentar a Presid�ncia. Ele tem esse objetivo na vida.

O manifesto assinado por seis presidenci�veis, em defesa da democracia, � um caminho para construir a terceira via, em 2022?

Acho que foi um primeiro passo. Como diz o poeta, "voc� come�a o caminho caminhando". Mas a abertura de di�logo entre todos esses candidat�veis � fundamental. Eu posso ajudar, acho at� que tenho uma facilidade de di�logo. Isso n�o indica que seja eu o candidato. Tenho enorme admira��o pelo governador Eduardo Leite.

O que falta, na sua opini�o? � um programa para unificar esse grupo ou deixar as vaidades de lado para montar uma alian�a?

A palavra principal � desprendimento. Mas alguns pontos s�o relevantes para uma agenda comum, como meio ambiente, respeito � ci�ncia e n�o desprezar a quest�o fiscal.

O sr. tem sido chamado por algumas alas do PSDB de �Biden brasileiro� por ter um perfil capaz de unir diferentes correntes. O que acha dessa compara��o?

Fico extremamente lisonjeado, mas acho que � por causa da idade (risos). Vejo nele um cara que est� mudando a hist�ria do mundo. Eu me�o, hoje, a responsabilidade do Bolsonaro na nossa pandemia atrav�s dos Estados Unidos. Prestem aten��o na mudan�a que houve l� no combate � pandemia depois da elei��o. E agora Biden est� colocando a quest�o do meio ambiente na agenda do planeta.

O PSDB passou por v�rias crises e n�o conseguiu chegar nem ao segundo turno da elei��o de 2018. Como o partido pode se reposicionar no jogo?

Todos os partidos sofreram crises. O PSDB, o PT, o MDB... De uma maneira geral, os partidos est�o bastante desmoralizados. Nessas elei��es agora, vamos ter de nos reconstruir com um programa claro e, ao mesmo tempo, restabelecer a quest�o da �tica.

Al�m do sr., quais outros nomes podem furar a polariza��o na campanha presidencial?

Tem o Mandetta (ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique Mandetta) pelo DEM. O PSDB tem a� tanto o Eduardo Leite quanto o Doria. Tem o Ciro pelo PDT. Luciano Huck � o que tem mais popularidade e est� com meio caminho andado. Tem um grupo grande muito consciente dos riscos que o Brasil corre e se disp�e a conversar.

Quais riscos?

Se n�s tivermos mais quatro anos de Bolsonaro, vamos ser um p�ria internacional, isolado do mundo. E com a economia no caos. O primeiro governo do Lula foi bom, mas ele teve como formulador de pol�tica econ�mica o Marcos Lisboa. Se ele vier com a pol�tica do Guido Mantega, do descontrole fiscal, n�s tamb�m iremos por um caminho equivocado. Temos de reconstruir credibilidade.

A CPI da Covid pode desembocar em um processo de impeachment contra o presidente?

N�o � o objetivo. Com certeza, a CPI vai levantar responsabilidades sobre esse drama que o Pa�s vive. Agora, eu acho que n�s n�o devemos chegar a impeachment. Al�m de ser outra crise, � in�cua porque uma CPI demora seis meses. E depois, se come�ar um processo de impeachment, v�o no m�nimo mais seis meses. O Pa�s ficaria parado e sem rumo, j� chegando �s elei��es do ano que vem. Agora � trincar os dentes.

O ex-secret�rio de Comunica��o Social F�bio Wajngarten disse � Veja que o Brasil n�o comprou antes vacinas da Pfizer por culpa do ent�o ministro da Sa�de Eduardo Pazuello. � cr�vel que o presidente n�o soubesse de nada?

Eu n�o acho cr�vel. Temos de averiguar, mas acho estranho que a compra de vacinas passe pelo secret�rio de Comunica��o, e n�o pelo presidente. At� porque tem a c�lebre frase do ent�o ministro da Sa�de: "Ele manda, eu obede�o".

O que se pode esperar da economia com o desemprego em alta e or�amento apertado? O "Posto Ipiranga" do governo corre o risco de incendiar?

N�o tem mais gasolina (risos). Existe uma sensa��o de descontrole. A economia parada, o d�ficit e a infla��o subindo. � o pior dos mundos. Mas h� uma coisa para prestar aten��o, no ano que vem. � que, em fun��o da infla��o, haver� uma bomba fiscal maior. Em 2022, o governo Bolsonaro ter� mais dinheiro para gastar. Acho muito dif�cil o Paulo Guedes (ministro da Economia) avan�ar em seus planos liberais. Esse choque aconteceria de qualquer forma porque Bolsonaro nunca foi liberal. Ele sempre foi corporativista.

Muitos acreditavam que os militares fossem atuar como freio para o presidente, mas ocorreu o contr�rio. O sr. acha que eles podem n�o apoiar o projeto da reelei��o?

Eu acho que os militares tamb�m ficaram surpresos. N�o deveriam ficar porque Bolsonaro foi sa�do, n�o digo expulso, do Ex�rcito pela hierarquia militar. Eu acho que os militares t�m de ficar neutros, como sempre estiveram. N�o devemos nos preocupar com eles nas elei��es. Eles t�m de estar ali, respeitando a Constitui��o e fazendo o seu papel.


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