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Estado de Minas CPI DA COVID

Expectativa: O raio-X da gest�o da pandemia no governo Bolsonaro

Ouvindo ex-ministros da Sa�de e o atual comandante da pasta, a CPI da COVID-19 come�a a investigar falhas e erros que levaram � morte de mais de 400 mil pessoas


03/05/2021 04:00 - atualizado 03/05/2021 07:37

Prédio do Congresso Nacional, em Brasília(foto: Flickr)
Pr�dio do Congresso Nacional, em Bras�lia (foto: Flickr)

Ap�s apresentar seu plano de trabalho, definir metas e superar tentativas de interven��o por parte do governo federal e seus aliados, a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da COVID-19 realiza nesta semana as oitivas das primeiras testemunhas.

Ex-ministros da sa�de, que tiveram papel crucial durante o avan�o da pandemia de coronav�rus pelo pa�s, prestam depoimento aos senadores que integram o grupo de investiga��o. General do Ex�rcito e ex-titular do Minist�rio da Sa�de, Eduardo Pazuello � considerado pe�a chave no quebra-cabe�a para entender o que ocorreu com o pa�s em meio a maior pandemia do s�culo.

O militar deve ser o �ltimo a ser ouvido entre os ex-ocupantes da pasta. A oitiva dele est� marcada para ocorrer na quarta-feira. Ele, que ainda � aliado do presidente Jair Bolsonaro, pode ser enquadrado como investigado, caso n�o consiga deixar claro as responsabilidades do presidente, e fracasse em demonstrar que as ordens que podem ter aprofundado a pandemia vieram de cima. Por outro lado, o governo ter� de fazer uma escolha: se fica ao lado do ex-ministro e coloca todo o Executivo em risco, ou se joga em Pazuello o peso dos erros que ocorreram nos �ltimos meses.

Para responsabilizar Bolsonaro e a alta c�pula do Planalto, a oposi��o tem nas m�os o pr�prio pronunciamento p�blico de Pazuello admitindo: “um manda e o outro obedece”. A frase dita em outubro, quando o general se recuperava da COVID-19, justificou o fato do ent�o ministro ter voltado atr�s nas negocia��es em rela��o � CoronaVac. � �poca, o imunizante tinha um peso pol�tico forte, sobretudo com a afirma��o de Bolsonaro de que esta seria a “vacina de Doria”.

Mesmo que Pazuello adote uma postura menos comprometedora para o governo, O primeiro ministro da Sa�de da gest�o Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, � quem deve dar um tom mais r�spido contra Bolsonaro. Ao final da gest�o, o m�dico de forma��o declarou oposi��o contra o posicionamento adotado pelo mandat�rio na forma de conduzir a pandemia.

As diverg�ncias quanto ao distanciamento social, restri��es de atividades, uso de m�scaras e recomenda��o da cloroquina como rem�dio para tratar COVID-19 foram os temas chaves de embate entre o l�der do Executivo e seu subordinado da Sa�de, que, mesmo no cargo de confian�a, come�ou a fazer frente ao chefe (veja mais na linha cronol�gica).

A diverg�ncia � interpretada como jogo com fins eleitoreiros, j� que Mandetta � o �nico pol�tico dentre os quatro l�deres da pasta que estiveram � frente da pasta. O vi�s pode servir como argumento da base do governo para colocar em cheque o depoimento comprometedor que � esperado para amanh�.

Ao contr�rio de Mandetta, o ministro sucessor que teve uma passagem rel�mpago, Nelson Teich, n�o carrega uma raiz pol�tica. A ele s�o esperadas perguntas especialmente sobre o motivo que o levou a abandonar o cargo. Ap�s ter sa�do da posi��o, Teich confessou, em entrevistas, que a press�o para protocolar o uso da cloroquina como tratamento para COVID-19 foi o peso decisivo para deixar a pasta. Coube ao general Pazuello, �nico entre os ministros a testemunhar que n�o tem forma��o alguma na �rea de sa�de, assinar o documento.

Cen�rio atual

Ouvidos os ex-ministros, a CPI deve ouvir o atual gestor da pasta, Marcelo Queiroga, que deve depor na quinta-feira). Dele n�o s�o esperadas declara��es desalinhadas e tampouco h� a inten��o, por parte da oposi��o, de criar uma rixa entre Bolsonaro e o atual ministro de forma a provocar mais uma destitui��o, que de nada serviria para melhorar a atual gest�o da pandemia. Isso porque, nos bastidores, Queiroga � visto como figura importante para fazer valer escolhas cient�ficas �s pol�ticas, ainda que, at� nisso, haja interesse por tr�s.

O cientista pol�tico Jos� Oswaldo C�ndido, professor de Rela��es Institucionais do Ibmec Bras�lia, destaca que j� se percebe quais parlamentares est�o alinhados com o governo e quais est�o na oposi��o, entre os que fazem parte do colegiado. Para ele, ao Executivo, cabe acompanhar para tra�ar estrat�gias de acordo com o avan�o das dilig�ncias.

“Na CPI j� se tem claramente os parlamentares que s�o mais favor�veis ao governo e quem � contra. O relator fez um discurso muito duro e acho que ele n�o vai aliviar. Acredito que podemos ter desdobramentos importantes. CPI � sempre imprevis�vel, e mais adiante podemos ter, de alguma forma, rea��es do governo”, explica.

Ap�s as oitivas e a partir do material colhido por meio delas, os senadores pretendem convocar novas testemunhas para desenhar a cronologia dos fatos. Tra�ado este panorama, especialistas convidados devem auxiliar na an�lise. Um dos nomes sugeridos nos requerimentos � o do gestor de sa�de Adriano Massuda, especialista da Funda��o Get�lio Vargas (FGV).

“Tivemos autoridades sanit�rias que foram omissas, imprudentes e introduziram tratamentos sem evid�ncia cient�fica comprovada, expondo � popula��o ao risco”, opina Massuda, que ainda n�o enxerga uma mudan�a de postura significativa do Minist�rio da Sa�de com a atual gest�o.

“Mudou o ministro da Sa�de, mas a pasta continua com uma atua��o absolutamente ineficiente na gest�o do sistema de sa�de”. Para o especialista, a CPI, al�m da frente principal que possui de responsabilizar autoridades que falharam na resposta � pandemia, tem uma outra vertente que, “apesar de secund�ria, pode ser ainda mais importante no sentido de dar elementos para a execu��o de a��es”.

"Ainda estamos diante de uma epidemia n�o controlada, com uma redu��o, mas diante de n�meros elevad�ssimos e, mesmo assim, as medidas de restri��es est�o sendo afrouxadas, podendo levar o pa�s a uma terceira onda. Precisamos mudar o rumo das respostas e a CPI pode ajudar”, completa.

A trajet�ria de cada um

(foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil - 7/4/20)
(foto: Marcello Casal Jr/Ag�ncia Brasil - 7/4/20)

 
Luiz Henrique Mandetta
  • Assumiu em 1 de janeiro de 2019
  • Reativou, ainda em janeiro, o Grupo de Trabalho Interministerial de Emerg�ncia em Sa�de P�blica de Import�ncia Nacional e Internacional
  • Coletivas di�rias sobre a situa��o da pandemia quando o v�rus chegou
  • Em 20 de mar�o, Mandetta intensificou recomenda��o: “fiquem em casa”
  • Alerta para evitar colapso no sistema de sa�de
  • Brasil passa por crise de falta de EPI e �lcool em gel. Ministro orienta uso de m�scaras de pano.
  • Em 21 de mar�o, Bolsonaro manda ampliar fabrica��o de cloroquina. Mandetta disse n�o participar da decis�o
  • Bolsonaro diz ser “gripezinha”; Mandetta pede isolamento vertical, focado em idosos
  • Minist�rio anuncia uso da cloroquina em hospitais
  • Em 6 de abril, Mandetta nega expandir protocolo de uso de cloroquina para casos leves
  • Em 16 de abril, Mandetta � demitido. Neste dia, o Brasil tinha 30.425 casos confirmados e 1.924 mortes.
(foto: Jose Dias/PR - 27/4/20)
(foto: Jose Dias/PR - 27/4/20)

Nelson Teich
  • Assume no dia 17 de abril
  • Em 22 de abril promete entregar diretrizes para guiar estados e munic�pios nas flexibiliza��es e restri��es
  • Apresenta o plano para orientar estados
  • Em 14 de maio Bolsonaro pressiona para expandir protocolo de uso de cloroquina
  • Pede demiss�o em 15 de maio sem assinar protocolo de cloroquina
  • Na sua sa�da do governo, Brasil tinha 218.223 casos e 14.817 mortes por COVID-19
(foto: Jose Dias/PR - 27/4/20)
(foto: Jose Dias/PR - 27/4/20)

Eduardo Pazuello
  • Assume interinamente em 15 de maio
  • Dia 20 de maio indica cloroquina para pacientes com quadro leve
  • Em 6 de junho, minist�rio da sa�de retira do ar dados de infec��es e mortes por COVID-19
  • No dia 27 governo fecha acordo para compra de 100 milh�es de doses da vacina de Oxford
  • 21 de julho recomenda tratamento precoce sem comprova��o
  • No dia 20 de outubro, Pazuello anunciou que o Minist�rio da Sa�de havia comprado 46 milh�es de doses da CoronaVac. Bolsonaro desautoriza ministro, que volta atr�s
  • Em 11 de dezembro afirma que “pandemia ainda n�o acabou”
  • Em 6 de janeiro, o ministro assina relat�rio reconhecendo o iminente desabastecimento de oxig�nio em Manaus, segundo a PGR. Primeiros cilindros s�o enviados dois dias depois
  • Sistema de sa�de de Manaus colapsa por falta de oxig�nio em 14 de janeiro
  • Em 11 de mar�o diz que o sistema de sa�de brasileiro “n�o colapsou, nem vai colapsar”
  • Em 23 de mar�o, a exonera��o � publicada. Brasil tem 298.843 mortes e 12 milh�es de casos
 


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