Em menos de um m�s, o publicit�rio Jo�o Santana j� produziu e publicou 13 v�deos curtos para apresentar Ciro Gomes como o nome de centro capaz de romper a polariza��o e atrair votos tanto de petistas como de antipetistas nas elei��es de 2022. Famoso por ter ajudado a eleger os ex-presidentes Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff - e tamb�m por ter sido preso na Opera��o Lava Jato -, o marqueteiro assumiu a conta do PDT com a fun��o de traduzir o "econom�s" do ex-ministro e apresent�-lo como algu�m de posi��es firmes, mas n�o temperamentais.
Em pe�as com claro tom de campanha, o ex-governador do Cear� surge como um pol�tico experiente que prega o di�logo para "fazer florescer um Brasil justo e pleno de igualdade". Com o slogan praticamente pronto, Santana moderniza a roupagem apresentada pelo presidenci�vel nas redes sociais e amplia o alcance das mensagens ao colocar suas produ��es tamb�m no Tik Tok, plataforma voltada para jovens.
Por isso, parte das produ��es tem apenas 15 segundos. S�o "drops" de linguagem r�pida e direta. Em um deles, o pedetista alerta: "O Brasil era um Pa�s que costumava viver em paz e harmonia. Com a polariza��o entre petistas e bolsonaristas, se tornou um Pa�s dividido pelo �dio". Em seguida, deixa um questionamento e uma proposta: "Precisa dizer mais? Vamos mudar isso?"
O tom de mudan�a, ali�s, permeia os v�deos, seja no aspecto pessoal ou p�blico. Apesar de ter sido ministro de Lula por tr�s anos (no primeiro mandato), Ciro critica o modelo econ�mico adotado pelo Pa�s desde os governos de Fernando Henrique Cardoso at� chegar ao atual, de Jair Bolsonaro.
Sem abusar de express�es econ�micas de dif�cil entendimento, os drops contestam a pol�tica de juros e afirmam que Lula, por exemplo, fez muito mais pelos ricos do que pelos pobres - este �ltimo, com a cr�tica direta ao petista, obteve 503 mil visualiza��es s� no Twitter. Depois, o coment�rio de Ciro sobre a repercuss�o do v�deo rendeu outros 196 mil acessos.
Ciro tamb�m segue participando de "lives" nas quais deixa claro textualmente ter duas metas. "Minha primeira tarefa: tirar Bolsonaro do segundo turno. E fazer um segundo turno que ofere�a ao povo brasileiro um debate de alto n�vel entre a volta do passado que n�o � mais pratic�vel ou uma forte proposta de futuro que empodera nosso povo", disse, sobre Lula.
Mesmo sem o aconselhamento de Santana, Ciro j� tra�ava um cen�rio no qual o petista seria nome certo no segundo turno, mas Bolsonaro n�o. Nesta hip�tese, o ex-ministro tem "eximido" parte dos eleitores do atual presidente.
Ap�s conversa virtual com o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), por exemplo, declarou que n�o se pode condenar quem votou em Bolsonaro. "A maioria buscava o que julgava melhor para o Brasil", disse, em aceno direto aos antipetistas.
'Biden brasileiro'
Nas �ltimas duas produ��es, Ciro compara seu plano ao do presidente americano Joe Biden, que tamb�m fala em priorizar a educa��o e taxar os mais ricos. Santana coloca ambos lado a lado e promete apresentar mais semelhan�as em breve.
O presidente do PDT de S�o Paulo, Ant�nio Neto, afirmou que a estrat�gia geral tem o objetivo principal de "mastigar" as diretrizes do plano nacional de desenvolvimento de Ciro de forma gradual: "Por isso � que os v�deos s�o curtos, com at� 30 segundos de dura��o. O formato facilita que se compartilhe pelo zap, por exemplo".
Nessa primeira fase, o conte�do foca em propostas relacionadas ao desenvolvimento da economia e cr�ticas mais �cidas a Lula, Dilma e Bolsonaro. "Temos de ganhar espa�o nesse centro democr�tico, aproveitar o recall de Ciro para mostrarmos que ele � o �nico que j� tem um plano para o Pa�s", disse Ant�nio Neto. O recall citado pelo dirigente n�o � t�o favor�vel. Segundo pesquisa da XP/Ipesp, divulgada ontem, o ex-ministro tem 9% das inten��es de voto. Lula e Bolsonaro aparecem empatados, com 29%, de acordo com o levantamento realizado entre os dias 4 e 7 de maio.
Faltando ainda um ano e meio para as elei��es, Ciro pavimenta sua campanha mesclando falas duras com "causos pessoais". Al�m dos 12 drops j� veiculados, uma s�rie dividida em oito cap�tulos e apresentada por sua mulher, a produtora Giselle Bezerra, mostra um "Ciro paz e amor", divertido e nada temperamental. Diante da fama, Santana fez o presidenci�vel assumir que "esbraveja sim", mas que est� "aprendendo a agir de outro modo".
Equipe
A equipe que d� suporte ao plano de desenvolvimento que Ciro Gomes diz ter para o Brasil ganhou, no �ltimo m�s, um refor�o importante para que o ex-ministro avance em sua tentativa de ser o nome do centro na elei��o de 2022: o apoio do economista Paulo Rabello de Castro.
Ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) e do Instituto de Geografia e Estat�stica (IBGE) no governo de Michel Temer, Rabello passar� a integrar a lista de colaboradores do pedetista, ajudando na ponte com o mercado e outros partidos pol�ticos.
Classificado como um economista liberal, da escola de Chicago - a mesma do ministro da Economia, Paulo Guedes -, Rabello chegou a ser pr�-candidato pelo PSC em 2018. Depois, retirou seu nome e comp�s a chapa de Alvaro Dias (Podemos-PR) como candidato a vice.
"A aproxima��o com Ciro foi iniciativa minha. Li uma entrevista dele da qual gostei muito e resolvi telefonar. Ficamos de ter uma conversa efetiva mais pra frente, mas, da minha parte, j� h� a promessa de apoio. A ideia � mesmo que eu possa acompanhar, dar suporte, chamar o mercado e dar confian�a aos investidores", afirmou o economista sobre seu eventual papel na campanha. Segundo ele, Ciro tem curr�culo e projeto necess�rios para mudar o rumo do Brasil. "O efeito surpresa foi grande (da ades�o ao nome de Ciro). Mas temos de colocar luz nesses carimbos de que Ciro � desenvolvimentista e estatista e que eu sou ultraliberal. Por qu�? Defendo o liberalismo popular, progressista, muito diferente do liberalismo financista de Guedes."
O conceito, segundo Rabello, mira aquecer a economia elevando o grau de investimento. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA