
A morte precoce de Bruno Covas (PSDB) deu ao agora prefeito Ricardo Nunes (MDB), de 53 anos, um mandato praticamente completo. Ao assumir o comando da cidade de forma definitiva quatro meses ap�s a posse da chapa vencedora das elei��es do ano passado, o ex-vereador da zona sul ter� pela frente tr�s anos e sete meses para criar e apresentar � popula��o seu modo de governar. Sem pressa. A �nica meta definida neste momento � a de n�o promover grandes mudan�as na equipe nem nos projetos atuais.
Assim como os auxiliares mais pr�ximos do tucano na Prefeitura, Nunes sabia que Covas j� havia entrado na fase de tratamento paliativo do c�ncer. N�o se falava mais em cura, mas em sobrevida. O avan�o r�pido da doen�a nas �ltimas semanas, no entanto, pegou todos de surpresa. Na primeira agenda p�blica ap�s os m�dicos anunciarem quadro irrevers�vel, o emedebista n�o disfar�ou a emo��o ao falar de Covas, ainda como "prefeito", e prometeu "homenage�-lo com trabalho".
Respeitado na C�mara Municipal, onde passou oito anos como vereador, mas classificado como "inexperiente" para a nova fun��o, Nunes diz ter como "trunfo" o conhecimento, em detalhes, das contas municipais. Quando parlamentar, participou ativamente da elabora��o das sete das oito leis or�ament�rias aprovadas durante seus dois mandatos, al�m de CPIs com foco fiscal.
Ao se sentir confort�vel na cadeira, o emedebista vai n�o somente passar a ditar as regras para o uso dos recursos p�blicos como tamb�m anunciar a��es priorit�rias. Considerado conservador e mais � direita no espectro pol�tico do que Covas, o novo prefeito pretende, por exemplo, lan�ar m�o de parcerias com entidades religiosas para convencer usu�rios da cracol�ndia a aceitar tratamento e moradores de rua a desmontar suas tendas e aceitar abrigo em albergues da cidade.
Na condu��o de medidas relacionadas � pandemia, a expectativa � a de seguir os crit�rios t�cnicos utilizados at� aqui pela Prefeitura para liberar mais alunos nas salas de aula, por exemplo, ou ampliar a ocupa��o de estabelecimentos comerciais.
E, assim como seus antecessores, deve seguir a pol�tica de regularizar im�veis irregulares e manter a isen��o de tributos municipais a igrejas e a oferta de descontos a empres�rios em d�bito com o munic�pio. Outra "caracter�stica" que n�o deve mudar � o loteamento das subprefeituras por ex-colegas vereadores - o pr�prio Nunes exerce influ�ncia sobre a regional de Santo Amaro, seu reduto eleitoral, desde a gest�o de Fernando Haddad (PT).
A inc�gnita � como se dar� a divis�o de cargos do primeiro escal�o com Nunes no cargo de prefeito. As principais secretarias s�o comandadas hoje por tucanos e aliados mais pr�ximos do PSDB, como o presidente da C�mara, Milton Leite (DEM). O pr�prio MDB foi pouco contemplado at� aqui, mas, com a m�quina na m�o, a tend�ncia � de que o quadro mude.
O "n�cleo duro" da administra��o, formado pelas pastas de Governo, Casa Civil e das Subprefeituras, � ocupado atualmente por auxiliares do conv�vio pessoal de Covas, sem interfer�ncia do ent�o vice-prefeito.
At� assumir o cargo de forma interina, no �ltimo dia 2, Nunes s� havia conseguido protagonismo na gest�o em fun��o das blitze realizadas em parceria com o Estado para coibir aglomera��es. Como coordenador do grupo por parte da Prefeitura, fechou festas, restaurantes e bingos clandestinos. Em uma dessas a��es, ganhou o notici�rio por flagrar o jogador Gabigol, do Flamengo, em um cassino de luxo na zona sul.
Oposi��o
Na C�mara, a perspectiva segue a mesma: assim como a gest�o Covas, a administra��o Nunes ter� de negociar projeto a projeto mas, desta vez, com vereadores petistas possivelmente menos aguerridos na oposi��o. Isso porque at� 2016, quando Jo�o Doria (PSDB) venceu em primeiro turno a elei��o municipal, PT e MDB eram aliados na Casa.
Na �poca, Ricardo Nunes chegou a ser convidado para compor o secretariado de Haddad, mas sua participa��o na CPI que investigou fraudes no Teatro Municipal acabou por azedar a rela��o com o prefeito, mas n�o com os parlamentares.