A vida p�blica foi a escolha natural e at� mesmo esperada para Bruno Covas Lopes, que, ainda adolescente, passou a "beber da fonte" ao decidir morar com o av� em S�o Paulo. O ex-governador M�rio Covas n�o s� ensinou o neto a gostar de pol�tica como o colocou numa trajet�ria eleitoral vitoriosa encerrada de forma precoce na manh� do domingo, 16. Aos 41 anos, o prefeito de S�o Paulo morreu por complica��es de um c�ncer agressivo. O tucano deixa o filho Tom�s, de 15 anos.
Fazia um ano e meio que Covas lutava contra a doen�a que tamb�m matou o av�, em mar�o de 2001. Na �poca, Bruno tinha 20 anos e j� se preparava para assumir a heran�a pol�tica da fam�lia. Cinco anos antes, havia trocado sua casa em Santos, no litoral paulista, pelo Pal�cio dos Bandeirantes para concluir os estudos na capital.
Foi aprovado em duas faculdades ao mesmo tempo: Direito, na USP, e Economia, na PUC. Formou-se nas duas em um per�odo de oito anos, �poca em que passou a experimentar seu potencial pol�tico em gr�mios estudantis e j� dentro de seu �nico partido.
Bruno se filiou ao PSDB aos 17 anos. Nessa �poca, era um jovem que j� se destacava pela capacidade de mobiliza��o. A "turma" que fez na base jovem do partido sempre o acompanhou. Os mais pr�ximos - Fabio Lepique e Alexandre Modonesi - ocupam cargos-chave na administra��o municipal.
Antes de comandar a maior cidade da Am�rica Latina, Bruno foi eleito deputado estadual por duas vezes, deputado federal e vice-prefeito. Assumiu o posto de prefeito com a ren�ncia de Jo�o Doria (PSDB), em 2018, e depois se reelegeu como cabe�a de chapa. Nisso, ali�s, o neto superou o av�.
M�rio Covas n�o chegou ao cargo por escolha popular. Foi o �ltimo prefeito bi�nico antes da democratiza��o. Bruno seguia uma hist�ria parecida - era o vice na chapa vencedora de 2016 -, at� ganhar a elei��o em segundo turno, no ano passado, com 3,1 milh�es de votos.
Desde crian�a, quando fez a carteira do Clube dos Tucaninhos, o objetivo de Covas sempre foi entrar na pol�tica, seguir os passos do av� e chegar ao Pal�cio do Planalto. "Quem come�a como estagi�rio quer chegar a CEO. � o natural de qualquer carreira", disse ao jornal O Estado de S. Paulo, durante a elei��o de 2020.
Sua primeira atua��o pol�tica mais direta se deu em junho de 2002, um ano ap�s a morte do av�, quando agiu para barrar uma alian�a tucana com Orestes Qu�rcia, do ent�o PMDB, que tamb�m buscava se aproximar do PT nas elei��es estaduais. Qu�rcia teve de conversar com o jovem pol�tico.
Se os ensinamentos do av� o seguiram por toda a vida, o mesmo n�o se pode dizer do temperamento. Contido, Bruno nunca foi um orador explosivo ou um pol�tico midi�tico. Pelo contr�rio. T�mido e disciplinado, o prefeito sempre calculou as palavras.
Sem colecionar inimigos e com o respaldo popular assegurado pelas urnas, Bruno estava no auge de sua carreira pol�tica. A elei��o havia lhe dado confian�a para come�ar a impor seu modo de governar e tra�ar o futuro. Diferentemente de Doria, considerava-se "PSDB raiz". At� 2024 havia projetado cumprir 75 metas de governo, como 12 novos CEUs.
Mas os planos como prefeito eleito s� duraram dois meses. Em fevereiro, os m�dicos de Covas descobriram novos tumores, e a quimioterapia, que havia sido trocada por imunoterapia (menos agressiva) ao longo de 2020, recome�ou. Dois meses depois, outros exames indicaram met�stase nos ossos. Debilitado, precisou tratar complica��es como �gua no pulm�o e sangramento na c�rdia.
Transpar�ncia
A evolu��o da doen�a foi exposta aos eleitores. Covas liberou sua equipe a informar diariamente a imprensa de sua situa��o cl�nica e pediu aos m�dicos que atendessem jornalistas. A pr�tica se tornou mais comum a partir de abril, quando cinco tumores foram identificados no f�gado, um nos ossos da coluna e outro nos ossos da bacia.
At� esse momento, aliados mantinham-se esperan�osos com a possibilidade de cura.
As met�stases e o sangramento na c�rdia, no entanto, abalaram a confian�a at� mesmo dos m�dicos, e a palavra sobrevida passou a compor o repert�rio de quem acompanhava o prefeito mais de perto.
J� com dores e cada vez mais debilitado, o tucano pediu licen�a do cargo num domingo, 2 de maio, e foi internado no Hospital S�rio-Liban�s. Na ocasi�o, disse pelas redes sociais que a "vida havia lhe apresentado enormes desafios" e que, diante dos novos focos da doen�a, "seu corpo estava exigindo mais dedica��o ao tratamento, que entrava numa fase muito rigorosa". N�o saiu mais do hospital. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA