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Estado de Minas POL�TICA

Jean Wyllys sai do PSOL e se filia no PT: 'quero liberdade plena'


22/05/2021 08:00

O ex-deputado federal Jean Wyllys anunciou nesta sexta-feira, 21, que deixa o PSOL e passa a integrar o PT a partir da pr�xima semana. A filia��o ocorre em meio a uma divis�o interna no PSOL, entre partid�rios de uma candidatura pr�pria e defensores do apoio � candidatura do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.

Simp�tico ao PT, Wyllys disse que preferiu mudar de sigla em vez de se envolver em uma disputa interna para convencer a ala que � contra a alian�a. Ele classificou a oposi��o a Lula dentro do PSOL como "complexo de �dipo" - refer�ncia � rivalidade emocional com a figura paterna, na psican�lise -, lembrou que j� estava afastado da discuss�o interna no partido e justificou que a mudan�a n�o ocorreu antes para n�o constranger a sigla. O ex-deputado disse que aposta na candidatura de Lula � Presid�ncia.

"Quero liberdade plena para fazer desde j� o que eu acho certo e melhor para o Pa�s", escreveu o ex-deputado ao Estad�o, em entrevista por e-mail. "Eu tenho confian�a em que os melhores quadros do PSOL v�o conseguir, mas eu n�o tenho vontade de participar dessa luta interna, que � muito desgastante. E tamb�m n�o queria constranger ningu�m do partido com a minha posi��o p�blica, que seria apoiar o Lula sem demora."

A filia��o est� marcada para a pr�xima segunda-feira, 24, em um evento virtual. Wyllys mora em Barcelona, ap�s passagens pela Alemanha e Estados Unidos. Ele abriu m�o de assumir seu terceiro mandato como deputado federal em janeiro de 2019, ap�s sofrer amea�as de morte. Ele foi o primeiro parlamentar assumidamente gay a defender a causa LGBT no Congresso Nacional.

Wyllys considerou um equ�voco o manifesto a favor de uma candidatura pr�pria, assinado pela maior parte da bancada do PSOL na C�mara. A chapa seria encabe�ada pelo deputado federal Glauber Braga (RJ), a quem o ex-deputado fez elogios, mas descartou apoio eleitoral.

"Ele (Braga) foi um dos poucos colegas do partido que me apoiou de verdade quando eu fui levado ao Conselho de �tica por cuspir no fascista", escreveu o ex-deputado sobre o epis�dio em que cuspiu em Jair Bolsonaro, ent�o deputado federal, durante a vota��o do impeachment de Dilma Rousseff. "Acho que a minha m�e tamb�m votaria no Lula mesmo que eu me candidatasse."

Confira a �ntegra da entrevista:

O que mais pesou na decis�o de deixar o PSOL e se filiar ao PT, conforme anunciado?

Eu sou muito grato ao PSOL, que foi minha casa durante mais de uma d�cada, mas eu j� estava afastado de fato h� tempos. N�o quis me desfiliar antes para n�o prejudicar o partido, que tem muita gente que eu respeito e gosto, independentemente de algumas diferen�as pol�ticas, que s�o p�blicas e n�o acho que valha a pena destacar agora. O que eu posso destacar como verdade � que, quando eu fui v�tima de fake news, difamado e amea�ado de morte, n�o recebi a solidariedade que eu esperava de alguns dirigentes que pensam demais na luta interna. Paguei esse pre�o por minha honestidade e coer�ncia com meus princ�pios, por n�o calar o que eu penso. Mas isso � tempo passado, n�o sa� do partido naquele momento. Na verdade, hoje, eu queria mesmo me filiar ao PT porque quero fortalecer a campanha do Lula. � isso, n�o tem outra raz�o. Lula foi o melhor presidente da hist�ria do Brasil e foi perseguido e injustamente encarcerado por um juiz med�ocre que depois aceitou um minist�rio em troca no governo do fascista que ajudou a eleger. O resultado est� a�, � a maior cat�strofe da nossa hist�ria, com quase 450 mil mortos e um pa�s destru�do e moralmente arrasado. Nesse cen�rio, desde que recuperou sua liberdade e seus direitos pol�ticos, Lula � uma esperan�a para todos os que querem que o pesadelo chamado "governo Bolsonaro" acabe de uma vez. Minha �nica prioridade � derrotar o fascismo e por isso vou me engajar muito na campanha do Lula.

H� integrantes do PSOL que deram declara��es favor�veis � candidatura de Lula, como Guilherme Boulos e Marcelo Freixo, mas n�o deixaram o partido. Porque n�o foi poss�vel contribuir para esse projeto sem deixar o PSOL?

Eu sou amigo do Guilherme (Boulos) e tenho um enorme respeito por ele. Acho que ele ainda vai ser uma pessoa muito importante no futuro do Brasil e vai escrever p�ginas da nossa hist�ria. Tamb�m respeito muito outros dirigentes do PSOL e sei que eles v�o tentar que o partido desista do sectarismo, abandone o complexo de �dipo que o levou ao antipetismo e se integre � coligac�o antifascista que vai derrotar Bolsonaro e eleger Lula presidente em 2022. Eu tenho confian�a em que os melhores quadros do PSOL v�o conseguir, mas eu n�o tenho vontade de participar dessa luta interna, que � muito desgastante. E tamb�m n�o queria constranger ningu�m do partido com a minha posi��o p�blica, que seria apoiar o Lula sem demora. Eu sempre fui honesto com as minhas posi��es e isso gerou no passado algum constrangimento com pessoas do partido, que eu n�o queria repetir agora. Quero liberdade plena para fazer desde j� o que eu acho certo e melhor para o pa�s. Por outro lado, eu sempre tive um excelente relacionamento com o PT e me levantei contra o golpe sem esperar nada, num momento em que a maioria da imprensa apoiava os golpistas. Fui criticado por isso e acho que parte da imprensa n�o entendeu minha posi��o republicana em defesa da democracia. Eu nunca pedi um cargo nos governos petistas, nunca deixei de criticar as coisas que achava que devia criticar em nome da agenda e das pessoas que eu representava, e mantenho essas cr�ticas, mas, quando o golpe tirou o PT do poder, n�o surfei no antipetismo. Muito pelo contr�rio, eu defendi o Lula quando a maioria da sociedade brasileira via o Moro como um her�i. O tempo, esse "senhor t�o bonito", colocou as coisas em seu lugar, e tamb�m a mim. Meu lugar, hoje, � o PT, e eu vou ajudar o partido e, como fiz no PSOL, vou me manter cr�tico quando for justo. Desde o seu nascimento, o PT comporta a cr�tica, e me recebe sabendo quem eu sou.

Sua atua��o pol�tica, agora no PT, deve ser diferente da milit�ncia nos �ltimos anos?

Sim, porque eu estou fora do Brasil e s� vou voltar quando eu tiver certeza de que isso n�o coloca minha vida em risco, ou a dos meus familiares. E tamb�m porque eu n�o sou mais deputado, mas um cidad�o, um ativista, uma pessoa que quer ajudar a reconstruir o pa�s que os fascistas est�o destruindo. Quando o Brasil se livrar dessa corja de lun�ticos e genocidas, muita coisa pode mudar, e eu espero estar a� para abra�ar a minha m�e e tomar uma cerveja num boteco sem medo de ser morto pelas mil�cias de Bolsonaro. Quanto � minha agenda pol�tica, independente de onde eu estiver, ou da posi��o que eu ocupar, n�o vai ser diferente. Eu defendo os direitos humanos, o desenvolvimento sustent�vel, os direitos das minorias, a radicaliza��o da democracia, e quero tamb�m trabalhar no combate �s fake news e ao �dio na pol�tica, que � o tema da minha pesquisa de doutorado na Universidade de Barcelona.

Por que o senhor n�o considera uma candidatura num futuro pr�ximo, conforme declara��o � imprensa?

Eu n�o fa�o futurologia, n�o posso falar do futuro. Meu presente hoje � o de um brasileiro exilado na Espanha, que teve que sair do pa�s porque era alvo dos fascistas que hoje est�o no poder. Eu passei o �ltimo ano no Brasil andando de carro blindado, com escolta armada, recebendo amea�as de morte todos os dias e sendo alvo da mais gigantesca campanha de fake news que a gente pode lembrar no Brasil, que come�ou muitos anos antes, mas se agravou depois do golpe de 2016. Muita gente, inclusive da imprensa, n�o tem no��o de como isso afetou minha vida. Estou me recuperando de tudo isso, inclusive do impacto emocional que teve. Quero dar um passo importante, que � me engajar na campanha do Lula. Do restante, n�o sei, o tempo dir�.

O que a pr�-candidatura do deputado Glauber Braga e o manifesto por candidatura apontam sobre os rumos do PSOL, na sua opini�o? O manifesto pesou na sua decis�o?

Gosto muito do Glauber. Ele foi um dos poucos colegas do partido que me apoiou de verdade quando eu fui levado ao Conselho de �tica por cuspir no fascista. � um �timo deputado e uma excelente pessoa. Mas eu discordo fortemente desse manifesto e acho um equ�voco a candidatura. Uma companheira do PSOL, Adelita Monteiro, disse h� poucos dias o seguinte: "Se eu me candidatar � presid�ncia contra o Lula, nem a minha m�e vota em mim, e ela estaria certa". Acho que a minha m�e tamb�m votaria no Lula mesmo que eu me candidatasse.


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