No primeiro m�s de trabalho da CPI da Covid, a correla��o de for�as favor�vel a senadores de oposi��o e independentes se revelou no volume de requerimentos aprovados. Dos 360 pedidos de informa��es e convoca��es que receberam sinal verde, 273 - ou 75% - s�o assinados por parlamentares cr�ticos � condu��o do governo Jair Bolsonaro durante a pandemia.
Entre integrantes do colegiado h� a constata��o de que os governistas n�o t�m sido bem-sucedidos na estrat�gia de blindar o presidente. Nem a decis�o de aprovar a convoca��o de governadores, tomada na semana passada, pode ser atribu�da por completo � tropa de choque bolsonarista na CPI.
Embora investigar governadores seja de interesse do governo e o pente-fino nos Estados esteja no escopo da comiss�o, a aprova��o dos requerimentos se deu por iniciativa da c�pula do colegiado, para tentar neutralizar cr�ticas de que o �nico foco da CPI � o governo federal.
Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi o autor de mais requerimentos aprovados - 73. Em seguida vem Alessandro Vieira (Cidadania-SE), com 57. Ele � suplente, mas participa das reuni�es da c�pula da comiss�o para defini��o de estrat�gias. Relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) tem 53 requerimentos assinados. O trio concentra a autoria de metade de todos os pedidos aprovados no primeiro m�s de funcionamento da comiss�o. O senador Humberto Costa (PT-PE), por sua vez, conseguiu aval em 52 requerimentos.
Pastor
A sess�o de quarta-feira passada, voltada � aprecia��o de requerimentos, exp�s como as investidas dos quatro senadores governistas t�m sido limitadas. A convoca��o de nove governadores foi aprovada, assim como novos depoimentos do ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello e do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga. Mas a proposta dos aliados do presidente para convocar o pastor Silas Malafaia foi rejeitada.
"A presen�a de Silas Malafaia representa ouvir algu�m que conversa com o presidente, d� conselhos. Se querem ouvir algu�m que influencia o presidente, o nome de Malafaia est� apresentado", disse o senador Marcos Rog�rio (DEM-RO), vice-l�der do governo. Aziz foi contra. "Chamar Silas Malafaia n�o tem nada a ver. � uma forma de desvirtuar o trabalho", disse o presidente da CPI ao Estad�o.
Dos senadores mais alinhados ao governo, Eduardo Gir�o (Podemos-CE) � quem tem mais requerimentos aprovados - 47. Ele se diz independente, mas � alinhado a Bolsonaro na defesa do "tratamento precoce" e da amplia��o da apura��o para Estados. "A CPI s� quer olhar para um lado. Precisamos ter um equil�brio", observou. L�der do Centr�o e um dos principais nomes da tropa de choque bolsonarista na CPI, o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do Progressistas, tem nove requerimentos aprovados.
Dados 'sob sigilo'
Dos 514 documentos entregues � CPI da Covid at� a quarta-feira passada, 87 (17%) est�o sob sigilo e s� podem ser acessados por integrantes da comiss�o. A maioria deles foi enviada por Procuradorias, Promotorias, pelo Minist�rio das Rela��es Exteriores e por empresas que negociaram com o governo federal durante a pandemia.
Entre os pap�is restritos, h� informa��es oficiais do Minist�rio das Rela��es Exteriores sobre a ades�o do Brasil ao cons�rcio internacional de vacinas Covax Facility e sobre a viagem feita � Israel em mar�o deste ano. Eles foram apresentados como "prova" de depoimentos realizados na comiss�o.
Os documentos confidenciais n�o se restringem �s informa��es do governo. Parte deles � relativa a investiga��es em andamento sobre o uso de recursos federais no combate � pandemia nos Estados. Outros tratam de negocia��es de empresas com o governo federal, para a aquisi��o de vacinas, medicamentos e insumos.
De acordo com o presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), ao longo do �ltimo m�s, foram recebidos pela secretaria da comiss�o 300 gigabytes de documentos, sendo 100 gigabytes de dados sigilosos. Renan afirmou que os documentos "j� chegam na comiss�o como sigilo imposto pelo �rg�o que forneceu as informa��es". Segundo ele, os dados ser�o citados e v�o colaborar com o relat�rio final da CPI. "S�o as provas dos depoimentos." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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