Dono do portal Ter�a Livre, o blogueiro Allan dos Santos � apontado no inqu�rito dos atos antidemocr�ticos como algu�m com tr�nsito entre parlamentares bolsonaristas e servidores de baixo escal�o do governo federal. Segundo a Pol�cia Federal, ele pretendia usar o canal aberto para tentar emplacar um nome na Secretaria de Radiodifus�o. A ideia, ainda de acordo com a investiga��o, era usar o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro, para 'abrir portas' aos interesses de seu blog.
A PF aponta que o nome pensado para assumir o cargo � o da advogada e comunicadora J�lia Zanatta, que foi candidata a prefeita de Crici�ma (SC) pelo Partido Liberal nas elei��es do ano passado.
Em mensagens trocadas com Allan, ela chega a dizer que "temos que tomar essa secretaria". Na mesma conversa de WhatsApp, J�lia sugere que o ministro da Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o, Marcos Pontes, estaria embargando a indica��o. "O Duda me falou: "Tem algu�m no meio." "Esse algu�m � Marcos Pontes e os ve�culos que eles j� est�o amiguinhos (sic)", diz a mensagem atribu�da � advogada.
O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso aos volumes do inqu�rito. A investiga��o indica ainda que Allan dos Santos entendia que a Secretaria Especial de Comunica��o, chefiada na �poca pelo publicit�rio Floriano Amorim, era importante para o "alcance dos objetivos do canal Ter�a Livre".
As mensagens obtidas pela PF apontam que Eduardo Bolsonaro fez a ponte entre publicit�rio e o blogueiro. Depois disso, os dois chegaram a marcar encontros presenciais e trocar mensagens e liga��es para discutir propostas do dono do Ter�a Livre para programas de r�dio, programa de entrevista para a TV Brasil, document�rios e programa��o infantil.
No relat�rio parcial mais recente sobre a investiga��o, elaborado em dezembro, a Pol�cia Federal chegou a afirmar que articula��o de Allan transcende a "mera difus�o de ideias".
O documento cita como exemplo anota��es apreendidas no escrit�rio do blogueiro, que registravam: "objetivo: materializar a ira popular contra os governadores/prefeitos"; "fim intermedi�rio: saiam �s ruas"; e "fim �ltimo: derrubar os governadores/prefeitos".
A PF observa ainda que os "objetivos antidemocr�ticos" externados nos manuscritos apreendidos com Allan t�m de ser interpretados em conjunto com o interesse em obter espa�o junto � �rea de comunica��o do governo federal.
"� sobre esse enfoque que a CPMI das Fake News e o presente inqu�rito direcionaram a aten��o para os crit�rios empregados pela Secom no repasse de recursos p�blicos federais a canais ditos 'bolsonaristas', situa��o ainda pendente de esclarecimento. Al�m disso, � fato not�rio que houve um aumento significativo do n�mero de seguidores de determinados canais dessa vertente, impactando em raz�o direta no aumento da monetiza��o", registra a PF.
Em setembro, o jornal O Estado de S. Paulo revelou mensagens trocadas por Allan dos Santos com o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, chefe da Ajud�ncia de Ordem da Presid�ncia e assessor do presidente Jair Bolsonaro, em que o blogueiro afirma que as For�as Armadas 'precisam entrar urgentemente' - a declara��o teria sido enviada por WhatsApp um dia depois de grupos autodenominados antifascistas protestarem contra o governo, no final de maio do ano passado.
O blogueiro se manifestou nas redes sociais sobre o inqu�rito depois que a Procuradoria-Geral da Rep�blica pediu o arquivamento da apura��o em rela��o a parlamentares bolsonaristas por considerar que a Pol�cia Federal n�o conseguiu delimitar a investiga��o. "Os autos deste inqu�rito s�o provas de in�meros crimes de abuso de autoridade cometidos por um membro da c�pula do Judici�rio", escreveu.
POL�TICA