
O ato foi dispersado com balas de borracha, spray de pimenta e bombas de g�s lacrimog�neo. Na a��o, duas pessoas ficaram cegas de um dos olhos. Os detalhes de toda a opera��o foram revelados neste s�bado, 5, pelo Jornal do Com�rcio e confirmados pelo jornal O Estado de S. Paulo.
O relato destinado ao subcomandante do Batalh�o de Choque, major Vald�nio Corr�a Gondim Silva, foi feito por um oficial que teve o nome preservado. No of�cio, ele afirma que, "por determina��o do comandante-geral da PMPE", a Tropa de Choque deveria realizar a dispers�o dos manifestantes usando dos "meios dispostos".
Em seguida, o policial informa que a tropa foi hostilizada pelos manifestantes durante a tentativa pac�fica de dispers�o e at� mesmo atacada com pedras. Diante da situa��o e da ordem j� dada, foi ent�o feita a "utiliza��o escalonada da for�a dos materiais de menor potencial ofensivo e das t�cnicas e t�ticas de controle de dist�rbios civis".
Ainda de acordo com o documento, o objetivo da a��o policial seria o de defender o decreto estadual de restri��es sociais, que vetava manifesta��es - naquele s�bado o grupo reunia cerca de 300. O documento tamb�m pontua que o ataque dos oficiais s� teve in�cio ap�s os policiais serem agredidos por dois manifestantes com paus e pedras, al�m de xingamentos.
Sequ�ncia
Emitido logo ap�s o t�rmino da a��o, o relato policial aponta que a opera��o teve in�cio �s 10h20, quando o comandante do Batalh�o de Choque da PM, o coronel tenente Bruno, determinou que sua equipe ficasse a postos para se deslocar na dire��o da Pra�a do Derby com o intuito de dispersar "uma manifesta��o de militantes", segundo ordenado pelo comandante-geral.
O documento afirma que o objetivo era evitar que a aglomera��o gerada pelo ato ajudasse a "alastrar ainda mais a pandemia". Com essa inten��o, um major teria sido destacado para tentar "de todas as formas negociar para que os manifestantes se dispersassem antes da chegada da Tropa de Choque".
O texto menciona ent�o que a negocia��o deu resultado, conseguindo dispersar parte do grupo, mas n�o finalizando o mesmo por completo.
Uma nova ordem foi dada ent�o pelo comandante do Batalh�o de Choque para que os pelot�es se dirigissem para o ponto onde o protesto acabaria: a Pra�a da Independ�ncia, conhecida como "Pra�a do Di�rio".
A PM escolheu fazer uma barreira na Avenida Guararapes, por ser apontada, no documento, como um ponto estrat�gico para a dispers�o dos manifestantes e "por ser mais seguro para os transeuntes que passavam no local".
Ainda segundo as informa��es do documento, o comandante Vanildo Maranh�o teria voltado a refor�ar a ordem de dispers�o dos manifestantes �s 11h30. O relato policial informa que a PM foi atacada com paus e pedras por dois manifestantes, que tamb�m xingavam os policiais e tentaram furar o bloqueio formado. As duas pessoas foram detidas.
De acordo com o relato, "grande parte dos manifestantes que observavam as deten��es, no af� de resguardar dos detidos, come�aram a arremessar pedras, que atingiram os policiais da Tropa de Choque".
O processo de dispers�o dos manifestantes teria come�ado em seguida, "com utiliza��o da for�a dos materiais de menor potencial ofensivo e com as t�cnicas e t�ticas de controle de dist�rbios civis", como descreve o documento.
Ap�s a dispers�o inicial, os manifestantes teriam voltado para a Avenida Conde da Boa Vista e, mais uma vez, o comandante geral da PM teria refor�ado a ordem de dispers�o do ato.
Repercuss�o
Antes mesmo de o relato da opera��o se tornar p�blico, a repercuss�o negativa da a��o e a postura do governador Paulo C�mara, que sempre negou ter dado qualquer ordem no sentido de repreender o ato, j� haviam provocado, al�m da queda de Maranh�o, a demiss�o do secret�rio de Defesa Social, respons�vel pelo comando da Pol�cia Militar de Pernambuco (PMPE), Antonio de P�dua. Ele colocou o cargo � disposi��o na tarde de sexta-feira, 4, e foi substitu�do interinamente por Humberto Freire, que � delegado da Pol�cia Federal (PF).
"Os fatos ocorridos no �ltimo s�bado foram graves e precisam ser investigados de forma ampla e irrestrita. Minha forma��o profissional e human�stica repudia, de forma veemente, a maneira como aquela a��o foi executada. Seis dias depois do epis�dio, com um novo comandante � frente da PM, com todos os procedimentos investigat�rios instaurados e ap�s prestar contas � Assembleia Legislativa, � OAB e ao Minist�rio P�blico, entreguei meu cargo ao governador Paulo C�mara, com a certeza do dever cumprido e mantendo nosso compromisso com a transpar�ncia e o devido processo legal", declarou Antonio de P�dua em nota.
Na manh� da sexta-feira, C�mara j� havia empossado o novo comandante da PMPE, o coronel Roberto Santana, que assume o posto do coronel Vanildo Maranh�o. "A miss�o dada ao secret�rio Freire e ao comandante Roberto � que o epis�dio do �ltimo s�bado n�o seja esquecido, para que nunca se repita. Os protocolos precisam ser revistos para que um comando de tropa na rua n�o possa se sentir aut�nomo a ponto de agir da maneira que agiu", disse o governador.
O governo garante que vai indenizar as v�timas e apurar o caso. Segundo especialistas, a a��o exp�e o risco de radicaliza��o pol�tica nas PMs.
A Secretaria de Defesa Social (SDS) e a PMPE emitiram uma nota afirmando que n�o v�o se posicionar sobre "supostos vazamentos", em refer�ncia ao documento policial. A pasta informou ainda que a PM j� encaminhou todos os documentos relacionados a a��o do dia 29 � Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social e que "tais elementos de prova fazem parte do procedimento instaurado para apurar as responsabilidades".
At� o momento, oito policiais militares, tr�s oficiais e cinco pra�as (incluindo o que teria atirado no rosto de Jonas Correia de Fran�a, que perdeu parte da vis�o), foram afastados e est�o sendo investigados.
