Marco Maciel tinha perfil discreto e conciliador

Vice-presidente da Rep�blica nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel morreu na madrugada de ontem, aos 80 anos, em Bras�lia, em decorr�ncia de quadro infeccioso respirat�rio. Ele lutava havia sete anos contra o Alzheimer e estava internado desde o dia 30 de mar�o no Hospital DF Star. De perfil conciliador, o recifense foi deputado estadual, federal, senador e governador de Pernambuco, al�m de ministro da Educa��o e da Casa Civil.

Marco Maciel teve sua carreira marcada pela discri��o e pela habilidade como articulador pol�tico, inclusive no processo de redemocratiza��o do Pa�s. FHC destacou a lealdade do seu vice e outros nomes da pol�tica apontaram a integridade como sua principal qualidade. "Se me pedirem uma palavra para caracteriz�-lo, diria: lealdade", disse o ex-presidente. "Viajei muito, sem preocupa��es: Marco exercia com compet�ncia e discri��o as fun��es que lhe correspondiam. Deixa saudades."

ACM Neto, presidente do DEM, ex-PFL, partido que Maciel ajudou a fundar, afirmou que ele foi uma "lideran�a capaz de motivar pol�ticos de todas as idades". "Com sua exemplar atua��o na vida p�blica, escreveu uma hist�ria irretoc�vel de dedica��o ao nosso Pa�s."

O governador de Goi�s, Ronaldo Caiado (DEM), ressaltou o perfil conciliador do "professor e conselheiro". "Era um verdadeiro estadista, cuja biografia deve servir como exemplo para o Brasil, especialmente neste momento t�o tristemente marcado pelo acirramento ideol�gico e pela cega confronta��o."

Biografia. Marco Ant�nio de Oliveira Maciel nasceu em 21 de julho de 1940, no Recife, em Pernambuco, e seguiu os passos do pai na pol�tica. O perfil conciliador, lembra o jornalista Angelo Castelo Branco, autor do livro de notas bibliogr�ficas Marco Maciel: Um Art�fice do Entendimento (Editora Cepe), formou-se j� nos tempos de estudante.

Maciel era aluno de Direito da Universidade Federal de Pernambuco e, no in�cio da d�cada de 1960, se candidatou � presid�ncia do diret�rio estudantil do Estado. "De centro-direita, se candidatou contra o grupo de esquerda", afirma o jornalista. "Ele resolveu visitar todas as faculdades da cidade para fazer seu discurso, mesmo as que eram reacion�rias a ele. Maciel foi � faculdade de Arquitetura, que tinha muitos estudantes de esquerda, para discursar. Acabou sendo eleito."

Filiou-se ao partido Arena, que dava sustenta��o � ditadura militar, e, em 1967, foi eleito deputado estadual. Em 1971, chegou � C�mara e, em 1976, tornou-se presidente da Casa.

� frente do Legislativo, participou de momentos pol�ticos e hist�ricos conturbados para o Pa�s, como o per�odo de fechamento do Congresso pelo ent�o presidente Ernesto Geisel, em 1977. Castelo Branco relembra que Maciel minimizou o epis�dio. "Ele dizia que na pol�tica �s vezes era necess�rio dar tr�s passos para tr�s para depois dar dez para a frente. Maciel viu o epis�dio como um recuo para depois ter um avan�o."

J� em meados da d�cada de 1980, se associou a Tancredo Neves, Aureliano Chaves e Ulysses Guimar�es em prol de um projeto de redemocratiza��o. No per�odo de maior destaque da sua carreira pol�tica, Maciel foi eleito vice-presidente pelo PFL, atual DEM, por dois mandatos, de 1995 a 2003.

Repercuss�o. O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), divulgou nota de pesar pela morte de Maciel. "Sua partida inflige enorme perda para a pol�tica brasileira e a arte da concilia��o." O presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), definiu Maciel como um "homem de esp�rito p�blico, aberto ao di�logo, um democrata".

O vice-presidente, Hamilton Mour�o, disse que Maciel "contribuiu para o engrandecimento do Brasil, sempre pautado pela �tica e probidade".

O corpo de Marco Maciel foi velado no Sal�o Negro do Senado e enterrado no Cemit�rio Campo da Esperan�a, em Bras�lia. Ele deixa a mulher, Anna Maria Maciel, e tr�s filhos.


As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.