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Estado de Minas POL�TICA

'Motociata' fez banco de dados dos apoiadores


18/06/2021 13:00

A "motociata" do presidente Jair Bolsonaro em S�o Paulo, no s�bado passado, serviu para que empres�rios por tr�s da manifesta��o constru�ssem um banco de dados com informa��es pessoais de milhares de pessoas. Elas foram levadas a preencher um cadastro pr�vio sob o argumento de que era necess�rio para promover a seguran�a do chefe do Poder Executivo. Com os dados, o grupo, que diz ter coletado registros de 500 mil pessoas, pretende construir uma rede digital bolsonarista e viabilizar novos atos em favor do presidente.

Para venderem como obrigat�rio o cadastramento dos interessados no evento, os empres�rios diziam que se tratava de orienta��o do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI) da Presid�ncia. Agora, esses empres�rios, com pretens�es pol�ticas e comerciais, det�m uma ampla rede de contato com eleitores e consumidores.

O empres�rio bolsonarista Jackson Vilar da Silva deu a cara � organiza��o, na condi��o de presidente da rec�m-criada Embaixada do Com�rcio de S�o Paulo. Pastor e dono de uma loja de m�veis na Zona Sul de S�o Paulo, ele concorreu para deputado federal em 2018, pelo PROS.

Defensor de Bolsonaro, ele j� usou suas redes para comparar o presidente a Jesus Cristo e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva a Barrab�s, personagem b�blico apontado como criminoso. Vilar tem promovido manifesta��es contra medidas restritivas determinadas pelo governo de S�o Paulo. Em uma delas, fez amea�as ao governador Jo�o Doria (PSDB) e passou a ser alvo de investiga��o.

O site que recolheu os dados pessoais foi registrado por um amigo dele, um advogado que contribuiu para a cria��o da entidade e n�o se exp�s como organizador do evento, denominado "Acelera para Cristo". Roberto Jorge Alexandre � filiado ao Podemos, partido pelo qual disputou a elei��o em 2010. Tem escrit�rio que atua com defesas administrativas e recursos de multas de tr�nsito.

Eles exigiram nome completo, CPF, n�mero de celular, data de nascimento, e-mail, nome da m�e, modelo da moto e placa. O empres�rio nega interesse em fazer uso comercial dos dados que colheu. "N�o posso nem fazer isso", disse.

Apesar de negar uso comercial, ele confirmou que os dados dever�o ser reutilizados no futuro. "Interessa para a Embaixada do Com�rcio se comunicar com pessoas, mandar e-mails para pr�ximos eventos. Mas n�o era essa a inten��o. � porque o GSI pede mesmo o cadastro de pessoas", disse.

Segundo Alexandre, o banco de dados est� guardado em uma nuvem. No s�bado, o site sofreu um ataque hacker de sobrecarga, que prejudicou o acesso por cerca de tr�s horas, mas nenhum dado teria sido roubado. Em m�os erradas, as informa��es s�o suficientes para criminosos aplicarem golpes.

A organiza��o de apoiadores via rede social foi pilar da ascens�o de Bolsonaro � Presid�ncia e na de seus aliados em cargos eletivos. Avesso � imprensa e ao contradit�rio, ele � usu�rio ass�duo das redes sociais e usa narrativas que circulam em grupos de aplicativos como WhatsApp e Telegram. V�rios de seus apoiadores s�o investigados por administrar contas inaut�nticas e promover not�cias falsas e ataques contra advers�rios.

Roberto Alexandre disse que o pedido de cadastro foi feito ap�s uma reuni�o com representantes do GSI, em S�o Paulo, que tratou da seguran�a do presidente. Ao menos 1,8 mil nomes teriam sido entregues ao governo para que fossem selecionadas as pessoas que integrariam o pelot�o de Bolsonaro.

Por nota, o GSI informou que "n�o se manifesta sobre protocolos de seguran�a e outras a��es" referentes a eventos com a presen�a do presidente, do vice e dos familiares deles.

Uma pra�a de ped�gio da Rodovia dos Bandeirantes registrou 6,6 mil motos no evento. J� a Pol�cia Militar informou que 12 mil motociclistas participaram do ato. O meio milh�o de dados coletados, de acordo com organizadores, seria explicado pelo vi�s da campanha que fizeram. Nas redes, prometeram o sorteio de uma moto aos inscritos. No entanto, o site que recebeu os cadastros apresenta apenas uma finalidade, a de ampliar a seguran�a do evento, sem aviso sobre uso futuro.

A utiliza��o para outro fim, como querem os empres�rios, pode configurar infra��o � Lei Geral de Prote��o de Dados (LGPD). O advogado Francisco Gomes Jr., especialista em direito digital, pontua que a lei exige que a finalidade da coleta do dado seja seguida � risca. "Se a finalidade que est� escrita � a quest�o da seguran�a, s� poderia ser utilizada para isso", disse.

Procurado, Jackson Vilar n�o respondeu aos contatos da reportagem. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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