Aliado do governo de Jair Bolsonaro, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou ter levado a den�ncia sobre um esquema de corrup��o envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin ao pr�prio presidente. Segundo afirmou ao Estad�o, a reuni�o ocorreu cerca de um m�s ap�s o contrato ter sido assinado. Apesar do aviso, o governo seguiu com o neg�cio em que prev� pagar pelo imunizante um pre�o 1.000% maior do que o anunciado pela pr�pria fabricante seis meses antes.
“No dia 20 de mar�o, eu denunciei o esquema para Bolsonaro”, disse o deputado ao Estad�o/Broadcast Pol�tico nesta quarta-feira, 23. Miranda chegou a publicar em suas redes sociais uma foto do encontro com Bolsonaro nesse dia, no Pal�cio da Alvorada. “S�bado com o PR @jairmessiasbolsonaro tratando dos assuntos que s�o importantes para o Brasil... Governadores que est�o abusando do ICMS, principalmente nos combust�veis, aguardem!”, escreveu o parlamentar.
“Minha plataforma � seguran�a p�blica e combate � corrup��o, vejo o presidente da Rep�blica com o mesmo perfil, por isso eu levei para ele”, disse Miranda.
Segundo o parlamentar disse ontem, as suspeitas j� haviam sido levadas para o ent�o ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello, que nada fez. Na ocasi�o, seu irm�o, que � chefe de importa��o do Departamento de Log�stica do Minist�rio da Sa�de, o servidor Lu�s Ricardo Fernandes Miranda, chegou a ser demitido ap�s denunciar o esquema de corrup��o no processo de compra da vacina indiana Covaxin.
Ao saber da demiss�o do irm�o, Miranda disse ter procurado Pazuello para reverter a decis�o. "Fui despachar com o Pazuello e falei que ele (Lu�s Ricardo) estava sendo exonerado porque estava denunciando um esquema de corrup��o. Vou explodir na m�dia se fizerem isso com o garoto", disse o deputado, contando sua conversa com o general.
Como o Estad�o revelou nesta ter�a-feira, 22, o governo comprou a Covaxin por um pre�o 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela pr�pria fabricante. Telegrama sigiloso da embaixada brasileira em Nova D�lhi de agosto do ano passado, ao qual o Estad�o teve acesso, informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha o pre�o estimado em 100 r�pias (US$ 1,34 a dose). Em fevereiro deste ano, o Minist�rio da Sa�de pagou US$ 15 por unidade (R$ 80,70, na cota��o da �poca) - a mais cara das seis vacinas compradas at� agora.
Diferentemente dos demais imunizantes, negociados diretamente com seus fabricantes (no Pa�s ou no exterior), a compra da Covaxin pelo Brasil foi intermediada pela Precisa Medicamentos. A empresa virou alvo da CPI da Covid, que na semana passada autorizou a quebra dos sigilos telef�nico, telem�tico, fiscal e banc�rio de um de seus s�cios, Francisco Maximiano. O depoimento do empres�rio na comiss�o estava marcado para hoje, mas ele alegou estar em quarentena ap�s voltar da �ndia e n�o compareceu.
O Minist�rio P�blico Federal (MPF), que investiga suspeitas envolvendo a compra da Covaxin, afirmou ver ind�cios de crime e “interesses divorciados do interesse p�blico” na contrata��o. A procuradora da Rep�blica Luciana Loureiro Oliveira, do Distrito Federal, decidiu enviar parte da apura��o para a �rea criminal do MPF.
Ontem, o vice-presidente da comiss�o, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o colegiado passar� a investigar agentes p�blicos e privados pelos crimes de corrup��o ativa e passiva. Nesse caso, as conclus�es da apura��o poder�o ser encaminhadas ao Minist�rio P�blico Federal e gerar uma den�ncia na Justi�a.