Respons�vel por vender a vacina indiana Covaxin para o governo federal, o empres�rio Francisco Emerson Maximiano, s�cio-administrador da Precisa Medicamentos, encaminhou � Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Covid uma carta em que rejeita seguran�as oferecidos pelo colegiado. A CPI apura suspeitas de corrup��o envolvendo o processo de contrata��o. Na carta, ele tamb�m diz n�o ter nada a falar contra o governo.
"O investigado Francisco Maximiano n�o se sente e jamais se sentiu amea�ado", disse em documento enviado � CPI e assinado por ele e por seus advogados, Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso.
Na carta aos senadores, Maximiano nega qualquer tipo de irregularidade na negocia��o de compra da vacina indiana e classifica as den�ncias como parte de uma guerra pol�tica: "Quem precisa de prote��o � essa popula��o que se v� em meio a uma briga pol�tica".
O dono da Precisa est� convocado para depor na comiss�o, mas afirmou que n�o tem a inten��o de trazer fatos que prejudiquem o governo de Jair Bolsonaro. "� inequ�voco que o investigado Francisco Maximiano n�o tem qualquer fato a depor perante essa CPI contra o atual governo", consta no documento enviado aos senadores do colegiado.
O relator da comiss�o, senador Renan Calheiros (MDB-AL), criticou a atitude de Maximiano e declarou que a CPI faz um levantamento de quem ele � e de casos passados em que ele foi alvo de apura��o de irregularidades. "Ele mandou uma carta dizendo que n�o precisava (de seguran�as). A garantia de vida � para n�o prevaricar. Esse cara com esses segredos todos, lidando com milicianos..."
Como o Estad�o revelou na ter�a-feira, 22, o governo comprou a Covaxin por um pre�o 1.000% maior do que, seis meses antes, era estimado pela pr�pria fabricante. Telegrama sigiloso da embaixada brasileira em Nova D�lhi, de agosto do ano passado, ao qual a reportagem teve acesso, informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha o pre�o avaliado em 100 r�pias (US$ 1,34 a dose). Em fevereiro deste ano, o Minist�rio da Sa�de pagou US$ 15 por unidade (R$ 80,70, na cota��o da �poca) - a mais cara das seis vacinas compradas at� agora.
Ao contr�rio dos demais imunizantes, negociados diretamente com seus fabricantes (no Pa�s ou no exterior), a compra da Covaxin pelo Brasil foi intermediada pela Precisa Medicamentos. A empresa virou alvo da CPI da Covid, que na semana passada autorizou a quebra dos sigilos telef�nico, telem�tico, fiscal e banc�rio de um de seus s�cios, Maximiano. O depoimento do empres�rio na comiss�o estava marcado para esta semana, mas ele alegou estar em quarentena ap�s voltar da �ndia e n�o compareceu.
Al�m da Precisa, Maximiano tamb�m � presidente da Global Sa�de, empresa que j� foi alvo de a��o por irregularidades em contrato com o Minist�rio da Sa�de. A den�ncia foi apresentada pelo Minist�rio P�blico Federal do Distrito Federal � �poca em que Ricardo Barros (Progressistas-PR), hoje l�der do governo Bolsonaro, era ministro. Na ocasi�o, a pasta pagou R$ 20 milh�es para comprar rem�dios de alto custo a pacientes com doen�as raras, mas os produtos nunca foram entregues.
Procurado pelo Estad�o, Ricardo Barros disse desconhecer os motivos que levaram o governo Bolsonaro a negociar com Maximiano.
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