O Departamento de Log�stica (DLOG) do Minist�rio da Sa�de, onde surgiram as suspeitas de corrup��o envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin, � "loteado" por nomes ligados ao Progressistas (PP) desde quando o atual l�der do governo na C�mara, deputado Ricardo Barros (PR), comandava a pasta, entre 2016 e 2018. O presidente Jair Bolsonaro, que na campanha eleitoral prometeu n�o aceitar indica��es pol�ticas em �reas t�cnicas, manteve a estrutura nas m�os da sigla do Centr�o, com quem se aliou em troca de apoio no Congresso.
O atual diretor, Roberto Ferreira Dias, ligado a Barros, est� no posto desde 2019 e j� resistiu a tr�s mudan�as de ministros. Em comum com os antecessores est� o fato de responder a processos por suspeitas de desvio de verba p�blica.
O departamento � uma �rea sens�vel dentro do Minist�rio da Sa�de, pois � respons�vel por executar contratos bilion�rios. De 2019 a junho deste ano, autorizou pagamentos que somam R$ 24,8 bilh�es, segundo o Portal da Transpar�ncia. Entre as atribui��es do DLOG est� coordenar as compras de bens e insumos estrat�gicos, como as vacinas contra covid-19.
Ainda na campanha eleitoral, Bolsonaro disse que n�o negociaria cargos com partidos pol�ticos para manter a governabilidade no Congresso e definiu a pr�tica como crime de responsabilidade. "Qualquer presidente que distribua minist�rios, estatais ou diretorias de banco para conseguir apoio dentro do Parlamento est� infringindo o artigo 85 inciso 2 da Constitui��o", afirmou o ent�o candidato � Presid�ncia, em 27 de outubro de 2018. "O que fiz durante a campanha dizendo que n�o aceitaria o 'toma l� d� c�', fiz baseado na Constitui��o", afirmou � �poca.
Dias assumiu o cargo logo no in�cio do governo Bolsonaro. A indica��o partiu do ex-deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), mas foi referendada por Barros. O diretor teve cargo de confian�a na gest�o de Cida Borghetti, mulher do atual l�der do governo na C�mara.
"Todos os ministros que assumiram pediram a perman�ncia dele. � um funcion�rio extremamente eficiente e correto", afirmou Lupion, que no in�cio do governo tamb�m ocupou cargos na Casa Civil e no Minist�rio da Sa�de.
Como diretor do minist�rio, Dias assinou um contrato para compra de testes de covid-19 sobre o qual h� suspeitas de irregularidades. O caso fez o governo retirar a indica��o dele para a diretoria da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), em outubro. Na �poca, ele negou ter favorecido empresas e sustentou que foi ele quem sugeriu a nulidade do contrato.
Em depoimento � CPI da Covid, na sexta-feira passada, o servidor Luis Ricardo Fernandes Miranda, subordinado a Dias, disse que o diretor foi um dos que o pressionaram para agilizar a importa��o da vacina indiana Covaxin mesmo com inconsist�ncias no processo. O servidor apontou uma tentativa de pagamento antecipado pelos imunizantes e, ao lado do irm�o, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), se reuniu com o presidente em mar�o para apontar ind�cios de corrup��o. Na ocasi�o, segundo relatou o deputado, Bolsonaro atribuiu �s suspeitas a "mais um rolo" de Barros. O Minist�rio P�blico Federal investiga o caso.
Em 2016, ao assumir o Minist�rio da Sa�de, na gest�o de Michel Temer, Barros levou para o cargo de diretor do DLOG o ex-assessor parlamentar Davidson Tolentino de Almeida, nome ligado ao presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PI). Tolentino foi alvo da Opera��o Lava Jato sob suspeita de envolvimento em esquema de coleta de dinheiro il�cito.
Em 2018, quando deixou o minist�rio para disputar as elei��es, Barros acertou a substitui��o de Tolentino por seu auxiliar, o advogado Tiago Pontes Queiroz.
O trio - Barros, Tolentino e Queiroz - figura como r�u na Justi�a Federal do DF num processo que investiga a compra de medicamentos de alto custo para doen�as raras, em 2017. No contrato com a Global Gest�o em Sa�de, o governo pagou R$ 19,9 milh�es antecipadamente, mas os rem�dios nunca foram entregues. A empresa � s�cia da Precisa Medicamentos, a mesma que agora responde a suspeitas na contrata��o da Covaxin.
Novos cargos
Os dois ex-chefes do DLOG ganharam novos cargos no governo Bolsonaro. Desde julho do ano passado, Tolentino � diretor da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do S�o Francisco e do Parna�ba (Codevasf).
J� Tiago Queiroz comanda, desde maio de 2020, a Secretaria de Mobilidade do Minist�rio do Desenvolvimento Regional. O setor atrai o interesse de parlamentares por intermediar a compra de tratores para as prefeituras por meio do or�amento secreto, caso revelado pelo Estad�o.
Em nota, a Codevasf informou que as nomea��es para suas diretorias seguem disposi��es legais e decretos. O Pal�cio do Planalto, o Minist�rio da Sa�de, o Minist�rio do Desenvolvimento Regional e os diretores citados n�o se manifestaram. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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