O ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e o comandante do Ex�rcito, general Paulo S�rgio de Oliveira, telefonaram ontem para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para tentar dissipar o clima de tens�o entre as For�as Armadas e o Senado e explicar que a dura nota que divulgaram na v�spera foi direcionada ao presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), a quem acusaram de fazer um ataque "vil e leviano" �s For�as, e n�o ao Senado Federal.
Segundo Pacheco, Braga Netto ligou primeiro e disse que em nenhum momento teria tido a inten��o de atacar o Senado e destacou a rela��o de respeito m�tuo entre as duas institui��es. Mais tarde, o general Paulo S�rgio foi na mesma linha e defendeu a estabilidade institucional. Ambos defenderam a "pondera��o" e demonstraram "apre�o pelo Senado".
Ainda segundo Pacheco, em conversa com o Estad�o, ele disse aos dois generais que tudo n�o passou de "um mal-entendido", porque o senador Omar Aziz, ao falar em "ala podre" das For�as Armadas, referia-se aos oficiais que v�m surgindo nas investiga��es da CPI, sem nenhuma inten��o de atingir as for�as como institui��o.
"Nem eu nem o senador Omar Aziz jamais questionamos os aspectos �ticos e morais dos militares brasileiros, muito pelo contr�rio", disse o presidente do Senado a Braga Netto e Paulo S�rgio. Em seguida, e n�o por acaso, o pr�prio Aziz repetiu na CPI que teve rela��es de respeito e amizade com v�rios generais e tem as For�as Armadas em alta conta. Citou, inclusive, nomes de generais hoje no governo, como o de Augusto Heleno (GSI).
Pacheco considera que "o epis�dio est� superado", mas fez uma esp�cie de advert�ncia velada aos dois lados: "� hora de pondera��o. N�s s� vamos superar definitivamente se houver menos valent�es e mais gente de bom senso". E acrescentou: "N�o se pode fazer de uma fala uma crise institucional, como n�o se pode fazer de uma nota uma crise institucional".
Na fala que irritou a c�pula militar, Omar Aziz disse que "as For�as Armadas, os bons das For�as Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje est�o na m�dia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil n�o via membros do lado podre das For�as Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo".
A rea��o - combinada com o presidente Jair Bolsonaro - foi em forma de uma nota assinada pelo ministro da Defesa e os comandantes do Ex�rcito, da Marinha e da Aeron�utica, em que citam diretamente Aziz e o acusam de estar "desrespeitando as For�as Armadas e generalizando esquemas de corrup��o. Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as For�as Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusa��o grave, infundada e, sobretudo, irrespons�vel."
Sem fazer nenhuma ressalva ou refer�ncia ao menos aos dez militares que foram citados de forma nada dignificante nesta semana, na CPI ou em �udios da ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro, conclu�ram dizendo que "as For�as Armadas n�o aceitar�o qualquer ataque leviano �s Institui��es que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro."
Rodrigo Pacheco era contra a abertura da CPI e s� cedeu diante de uma decis�o do Supremo Tribunal Federal, mas, agora, diz que tem "confian�a de que a CPI cumprir� seu papel de identificar responsabilidades".
� flor da pele. Ele, por�m, considera que "os �nimos est�o � flor da pele, e � hora de jogar �gua na fervura, sen�o as coisas acabam dando errado". Questionado sobre o que seriam essas "coisas dando errado", o presidente do Senado pensou, respirou e disse que se referia ao "risco � credibilidade das institui��es brasileiras" e descartou qualquer hip�tese de golpe:
"N�o falei e n�o falaria sobre golpe, porque n�o considero, n�o admito e n�o imagino que isso possa passar pela cabe�a de algu�m.
O presidente do Senado tamb�m explicou por que n�o interveio na decis�o tomada por Omar Aziz de dar ordem de pris�o contra Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Log�stica do Minist�rio da Sa�de: "N�o h� nenhuma a��o minha contra a autonomia da CPI e nenhum artigo no regimento (do Senado) que diga que eu possa rever decis�o do presidente da CPI".
O regimento diz que o in�cio da ordem do dia em plen�rio interrompe qualquer delibera��o de comiss�es, inclusive de CPIs, mas Pacheco explica que a pris�o de Dias foi uma decis�o do presidente Aziz que independia do hor�rio ou de delibera��es da CPI.
Prorroga��o
Quanto � prorroga��o dos trabalhos da CPI por mais 90 dias, ele disse que h� duas possibilidades. Se a Lei de Diretrizes Or�ament�rias (LDO) for votada, estar� automaticamente iniciado o recesso do Senado e a CPI s� poder� ser retomada a partir de primeiro de agosto. Se a LDO n�o for votada, come�a o "recesso branco", ou informal, mas nada impede que a CPI mantenha seu ritmo normal.
Na opini�o de Pacheco, a LDO ser� votada na semana que vem. Ou seja, a expectativa � de que a CPI seja suspensa por duas semanas, mais ou menos, recome�ando em agosto para mais 90 dias. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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