As crescentes amea�as do presidente Jair Bolsonaro � realiza��o de elei��es no Pa�s em 2022, caso o voto impresso n�o seja aprovado, provocaram ontem fortes rea��es no Congresso e no Judici�rio. Depois que Bolsonaro subiu o tom e chamou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, de "imbecil" e "idiota", integrantes da c�pula dos Poderes fizeram quest�o de condenar publicamente a atitude, considerada golpista, e s� aventada por quem � "inimigo da Na��o".
Alvo dos xingamentos, Barroso divulgou uma nota na qual destaca que a tentativa de impedir as elei��es configura "crime de responsabilidade", primeiro passo para a abertura de um processo de impeachment contra o chefe do Executivo. "A realiza��o de elei��es, na data prevista na Constitui��o, � pressuposto do regime democr�tico. Qualquer atua��o no sentido de impedir a sua ocorr�ncia viola princ�pios constitucionais e configura crime de responsabilidade", diz o comunicado.
Ao Estad�o, o presidente do TSE afirmou que pode assegurar a disputa de 2022. "Eu n�o paro para bater boca. Cumpro o meu papel pelo bem do Brasil. Mas elei��o vai haver, eu garanto", afirmou Barroso, que tamb�m integra o Supremo Tribunal Federal (STF). Mais tarde, o ministro foi �s redes sociais. "Dicas da semana - Um livro: A ditadura escancarada, Elio Gaspari. Um pensamento: "Quando um homem de bem responde um insulto com outro insulto, ele permite que o mal ven�a. N�o � preciso responder. O mal consome a si mesmo. Uma m�sica: C�lice", escreveu. O ministro do STF Alexandre de Moraes, que estar� � frente do TSE no pleito de 2022, foi na mesma linha ao dizer que atos contra a democracia configuram "crimes comum e de responsabilidade".
A escalada de cr�ticas e acusa��es de Bolsonaro ao sistema de urna eletr�nica ocorre no pior momento do governo, que enfrenta queda de popularidade e desgaste diante das den�ncias de corrup��o na CPI da Covid e do descaso na condu��o da pandemia. Al�m disso, aumentam as manifesta��es de rua pedindo o impeachment de Bolsonaro e crescem as inten��es de voto no ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, seu maior advers�rio.
Acuado, o presidente atribui a Barroso as articula��es pol�ticas para barrar a aprova��o da proposta que institui o voto impresso no Brasil. Onze partidos j� se posicionaram contra a essa bandeira do governo, que ser� votada na pr�xima quinta-feira, na C�mara.
"A fraude est� no TSE, para n�o ter d�vida", disse o presidente, mais uma vez sem apresentar provas, em conversa com apoiadores, na entrada do Pal�cio da Alvorada. "N�o tenho medo de elei��es. Entrego a faixa para quem ganhar, no voto audit�vel e confi�vel. Mas dessa forma (no modelo atual), corremos o risco de n�o ter elei��o no ano que vem", insistiu. "J� est� certo quem vai ser presidente ano que vem. A gente vai deixar entregar isso?", perguntou, um dia depois de fazer amea�as. "Ou fazemos elei��es limpas no Brasil ou n�o temos elei��es".
Os ataques de Bolsonaro � democracia isolam cada vez mais o governo, que tem perdido apoio at� mesmo de aliados no Congresso. "Mas meu couro � grosso", amenizou ele no fim da tarde, em Caxias do Sul (RS). Eleito presidente do Senado com o aval do Pal�cio do Planalto, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) se distanciou de Bolsonaro e afirmou que n�o aceitar� retrocessos ao estado democr�tico de direito. Foi tamb�m uma resposta �s �ltimas manifesta��es das For�as Armadas.
"Todo aquele que pretender algum retrocesso ao estado democr�tico de direito, esteja certo, ser� apontado pelo povo brasileiro e pela hist�ria como inimigo da Na��o", afirmou Pacheco. "As elei��es s�o inegoci�veis".
Cortejado para se lan�ar candidato ao Planalto por outro partido, o PSD, apresentando-se como "terceira via", o presidente do Senado j� havia tentado dissipar tens�es na v�spera, quando conversou com o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e com o comandante do Ex�rcito, Paulo S�rgio Nogueira de Oliveira. O movimento ocorreu ap�s uma nota em que os militares repudiavam declara��es do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), para quem as investiga��es sobre a compra de vacinas mostram o "lado podre" das For�as Armadas.
Pacheco se surpreendeu, por�m, com o tom das declara��es dadas pelo comandante da Aeron�utica, Carlos Almeida Baptista Junior, que, em entrevista ao jornal O Globo, disse que a nota das For�as Armadas foi apenas "um alerta". "Homem armado n�o amea�a", disse Baptista Junior.
L�der do Centr�o e aliado de Bolsonaro, o presidente da C�mara, Arthur Lira (Progressistas-AL), preferiu o sil�ncio, mas, nos bastidores disse que a situa��o � "preocupante" e trabalha para conter a crise. O vice-presidente da C�mara, Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou, por�m, que o chefe do Executivo est� "afrontando" a Constitui��o. "N�o ter elei��o em 2022 significa fechar o Congresso em 1.� de fevereiro de 2023, quando acabam nossos mandatos", disse Ramos ao Estad�o. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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