Apesar de ter conversado com o presidente Jair Bolsonaro um bom tempo na tarde de segunda-feira, quando ele voltou ao Planalto depois da interna��o em S�o Paulo, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos n�o fazia a menor ideia de que seria demitido da Casa Civil dois dias depois. "Eu n�o sabia, estou em choque. Fui atropelado por um trem, mas passo bem", disse ele ao Estad�o, tentando demonstrar bom humor.
Segundo Ramos, que � considerado um dos mais leais colaboradores e amigos de Bolsonaro, o presidente j� comunicou a ele a sua substitui��o pelo senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), nesta quarta-feira, 21, mas n�o confirmou nada sobre sua eventual ida para a Secretaria-Geral da Presid�ncia, no lugar do ministro Onyx Lorenzoni, como a imprensa noticia. "O presidente � ele, eu sou soldado, cumpro miss�o. Aprendi, em 47 anos de vida militar, que soldado n�o escolhe miss�o. Se ele me der outra no governo, eu aceito", antecipou o general, que manifestou o desejo de permanecer com gabinete no Planalto.
Ele tem uma situa��o particularmente delicada no governo: general de quatro estrelas, topo da carreira militar, ele abriu m�o de um ano e seis meses no Ex�rcito, desistiu do sonho de ser comandante do Leste, no Rio de Janeiro, e passou para a reserva exatamente para um cargo relevante no governo do velho amigo Bolsonaro. Isso agora est� em risco.
S� uma coisa Ramos n�o admite: que fa�am "fofoca" ou publiquem que ele est� caindo por incompet�ncia ou por ter inimigos e sofrer press�es no Congresso. "Isso, n�o. Eu estava, ali�s, ainda estou muito feliz na Casa Civil e dei o melhor de mim. Tanto que estou recebendo telefonemas de parlamentares de v�rios partidos, em solidariedade", disse.
Ent�o, por que a troca? A resposta do general � direta: "Por motivos pol�ticos, �bvio. Se eu estivesse sendo trocado por algu�m formado em Oxford, ou Harvard, tudo bem, poderiam dizer que falhei. Mas � por um pol�tico aliado do presidente, � assim que funciona".
Realmente, o general Ramos, que foi Secret�rio de Governo e assumiu a Casa Civil em mar�o deste ano, est� sendo substitu�do por Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas e um dos principais l�deres do Centr�o, que, ali�s, votou ostensivamente a favor do petista Fernando Haddad e contra Jair Bolsonaro em 2018.
Quanto mais Bolsonaro � acossado pela CPI da Covid e pela queda de popularidade, ele vai ocupando o Planalto com pol�ticos do Centr�o, enquanto acumula demiss�es de militares. J� demitiu o general Fernando Azevedo e Silva da Defesa e os comandantes do Ex�rcito, Marinha e Aeron�utica, todos de quatro estrelas, al�m do general Santos Cruz (Secretaria de Governo), Juarez de Paula (Correios), Franklimberg Freitas (Funai) e Eduardo Pazuello (Sa�de), que � da ativa.
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