O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, que presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quando as urnas eletr�nicas foram idealizadas, considera a narrativa contr�ria � lisura das elei��es uma ret�rica pol�tica atrasada. O jurista frisou que desde a implanta��o do sistema eletr�nico de vota��o, h� 25 anos, n�o h� nenhum ind�cio ou evid�ncia de fraude.
"� uma ret�rica pol�tica atrasada. Os parlamentares precisam tomar conhecimento do que � o processo eleitoral e de como ele se desenvolve. �, na verdade, um dos melhores processos em mat�ria eleitoral do mundo. E a Justi�a Eleitoral foi criada no Brasil justamente para resolver o problema, para tornar leg�timas as elei��es e cada vez mais leg�tima, portanto, a democracia que praticamos, que � a democracia representativa", destacou.
As afirma��es foram feitas em entrevista ao podcast Supremo na semana, editado pela corte m�xima. Na grava��o, Velloso afirmou que o voto impresso - bandeira do presidente Jair Bolsonaro - n�o traz nenhum benef�cio, indicando ainda que a defesa de tal iniciativa mostra desconhecimento sobre o processo eleitoral.
"Ao contr�rio de trazer algum benef�cio, nos faz retornar ao sistema antigo do voto de papel. Basta que se pe�a a confer�ncia dos votos eletr�nicos com os votos impressos para se restaurar a contagem manual de voto, aquilo que gerava mapismo como era chamado o aproveitamento dos votos em branco, que gerava uma s�rie de fraudes", disse o ministro aposentado.
A indica��o de Velloso vai de encontro com a proposta discutida na C�mara, que n�o prev� a substitui��o da urna eletr�nica, mas a emiss�o de uma esp�cie de comprovante f�sico dos votos para recontagens manuais - o que representaria um custo aos cofres p�blicos na ordem de R$ 2,5 bilh�es ao longo de dez anos.
A discuss�o sobre a medida tem patroc�nio do presidente Jair Bolsonaro, que recorrentemente faz declara��es sobre fraudes nas elei��es, sem apresentar quaisquer provas. O ministro Gilmar Mendes e o ministro Lu�s Felipe Salom�o, corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, chegaram a pedir explica��es do chefe do Executivo sobre as alega��es contra a urna eletr�nica. A escalada dos ataques de Bolsonaro tamb�m gerou rea��es dos presidentes do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Lu�s Roberto Barroso, e do Congresso, Rodrigo Pacheco.
A Comiss�o Especial que analisa a proposta de emenda � Constitui��o (PEC) do voto impresso chegou a ter maioria de votos favor�veis � medida, mas hoje o debate est� esvaziado. Presidentes de partidos e ministros do STF agiram para trocar os integrantes da comiss�o e deixar o texto sem apoio suficiente. No fim de junho, presidentes de 11 legendas fecharam um posicionamento contra o voto impresso. O movimento ainda ganhou impulso com a amea�a do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, de n�o haver elei��es em 2022 caso o Congresso n�o aprove o voto impresso, revelada em reportagem do Estad�o.
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