
A Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da COVID-19 votou, nesta ter�a-feira (3/8), um pedido � Justi�a para que o ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, seja obrigado a demitir a secret�ria de Gest�o do Trabalho e da Educa��o na Sa�de, Mayra Isabel Correia Pinheiro, mais conhecida como Capit� Cloroquina. Mayra voltou a ganhar destaque na CPI ainda no recesso parlamentar por conta da postura negacionista da profissional em rela��o ao combate � pandemia. Senadores destacaram que a m�dica foi a Manaus �s v�speras do colapso do sistema de sa�de no estado para divulgar a cloroquina, medicamento sem efic�cia comprovada contra o coronav�rus.
"A equipe de m�dicos n�o tinha um infectologista. Tinha otorrino, dermatologista, outros profissionais, pregando tratamento precoce. A gente precisando de oxig�nio e eles pregando tratamento precoce. Estamos indignados", afirmou o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). "Estamos pedindo o afastamento dela hoje para Justi�a. Ela n�o tem condi��es de continuar ali. N�o d� para o ministro (Marcelo) Queiroga manter na sua equipe uma pessoa que pensa totalmente diferente da ci�ncia. N�o sei, ali, quem tem que tomar a decis�o. Por isso, estamos pedindo a ele o afastamento dela, e iremos � Justi�a para que a afaste por cometer crime contra a vida. Por prescrever medica��o que n�o salvava a ningu�m, mas que matou muitos amazonenses", afirmou.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), tamb�m comentou o pedido � Justi�a para que Mayra seja exonerada. "Ela conduziu uma for�a tarefa para distribuir cloroquina sabendo que n�o tinha efic�cia. Os Amazonenses precisavam de m�dicos intensivistas, eles levaram todas as especialidades, menos intensivistas. Precisavam de oxig�nio, ela levou cloroquina e sabia da inefic�cia. E est� obstruindo as investiga��es. Queremos votar o pedido de afastamento dela das fun��es p�blicas. Ela est� obstruindo as investiga��es", refor�ou o senador amapaense.
Ministro da Defesa
O general Walter Braga Netto, atual ministro da Defesa e ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, entrou na lista dos investigados da CPI. O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), defendeu a convoca��o. "Eu acho muito importante a aprova��o do requerimento de convoca��o do Braga Neto pelo papel que exerceu como chefe da Casa Civil no momento mais grave da pandemia. � sobre isso que a CPI precisa investig�-lo. N�o investigamos institui��es, pessoas, mas os fatos. E para investigar esses fatos, precisamos ouvi-lo na CPI", afirmou. Braga netto assinou uma nota de amea�a com o comando das For�as Armadas contra o presidente da comiss�o, Omar Aziz.
Randolfe tamb�m defendeu a convoca��o do militar do Ex�rcito. "Vamos aprovar o requerimento e ver o momento mais oportuno para vir. Tem elementos para a convoca��o. O momento adequado para ouvir, vamos definir mais adiante. A CPI est� entrando em uma fase com uma din�mica a ser seguida. Temos v�rias frentes, linhas de investiga��es, temos o papel das intermedi�rias essa semana, atua��o da Precisa-Covaxin, hospitais federais do Rio de Janeiro, a VTCLog. Precisamos abordar diariamente, a cada semana, cada um desses temas, e ver para a etapa final esses outros depoimentos de convoca��o e o que vamos apreciar no dia de hoje", afirmou.
Precisa e o l�der do governo
A expectativa, segundo Aziz, � de que o empres�rio bolsonarista Francisco Maximiniano e s�cio da Precisa Medicamentos, empresa suspeita de funcionar como atravessadora para a venda superfaturada da vacina indiana Covaxin, e o l�der do governo na C�mara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), prestem depoimento � CPI em 11 e 12 de agosto, respectivamente. Maximiniano est� no exterior, e h� receio dos senadores de que ele tente evitar o depoimento. H� a possibilidade de pedirem apreens�o do passaporte do empres�rio, ou at� que acionem a Interpol para traz�-lo de volta ao Brasil.
Sobre Barros, Aziz defendeu que ele s� tenha sigilos quebrados ap�s o depoimento. Renan Calheiros deixou a possibilidade em aberto. "O rumo da investiga��es quem d� � a pr�pria investiga��o. Muitas vezes, voc� precisa anteceder o acesso a informa��es antes do depoimento. Eu sempre pensei dessa forma e continuo pensando assim", disse. Para Randolfe, por sua vez, a data dos dois depoimentos pode mudar.
"Vamos ver a conveni�ncia do momento de ouvi-lo. Seria dia 12, mas o senhor Maximiniano resolveu se evadir para a �ndia, ao meu entender, para obstruir as investiga��es, conspirar contra provas. Devido a isso, remarcamos o depoimento do senhor Francisco Maximiniano. A ideia � semana que vem abordarmos Precisa e Covaxin. Vamos ver quando ouviremos Barros", afirmou Randolfe.
Calheiros aponta Maximiniano como uma pe�a importante nas investiga��es, que pode esclarecer "tudo que aconteceu nessa negociata infame que dificultou a aquisi��o de vacinas pelos laborat�rios com controle, compliance, com impossibilidade de corrup��o". "E o governo preferia negociar com esse tipo de gente. O Maximiniano � uma esp�cie de (policial militar de Minas Gerais Luiz Paulo) Dominguetti da Covaxin. � importante que ele venha. Ele foi o principal benefici�rio de tudo isso. Tem que se explicar ao pa�s por que ele tentou vender uma vacina que era um lixo na oportunidade, mais cara, tentou burlar as invoices, burlou, falsificou documentos, enquanto os asileiros morriam. De uma forma ou de outra, ele vai ter que vir", afirmou o relator.
Intermedi�rios
Hoje, a CPI escuta o reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado como intermediador pelo governo federal na negocia��o da vacina AstraZeneca junto � Davati Medical Supply. "� um n�cleo c�mico das trapalhadas da corrup��o. Uma esp�cie de internacional-estelionat�rio, que envolve a Davati (suposta atravessadora para a venda de doses da AstraZeneca para o governo, que teria pedido propina), e uma empresa dos Estados Unidos. Teremos um passo importante esta semana, mas sem preju�zo. Nenhuma linha podemos dizer que � definitiva, resolutiva. O mais produtivo foi delimitar linhas de investiga��o", afirmou.
"Quero saber por que esse senhor � t�o poderoso. O CEO da Pfizer demorou 10 meses para ser atendido por algu�m (do governo). Esse, em um telefonema, � atendido por Elcio Franco (ex-n�mero 2 do Minist�rio da Sa�de). Faz intermedia��o da venda de vacina que n�o existe, enquanto quem tinha vacina, n�o era recebido. Queremos saber de onde vem essa influ�ncia toda", ironizou o senador.
"O requerimento � muito importante. Pode revelar o papel do reverendo Amilton nesse submundo de negocia��es para aquisi��es de vacina. Se o governo federal, em vez do negacionismo, tivesse aceito as ofertas da Pfizer, do Butantan e da OMS, ter�amos tido ainda no ano que passou a oferta de 170 milh�es de doses", acrescentou Calheiros.