Alvo do presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lu�s Roberto Barroso, voltou a defender as urnas eletr�nicas e a criticar a ret�rica de ataque a elas como forma de deslegitimar o processo eleitoral. Ao tra�ar um panorama das democracias no mundo, o ministro apontou o discurso de recusa na aceita��o de derrotas como uma das caracter�sticas de regimes autorit�rios contempor�neos.
"Uma das vertentes do autoritarismo contempor�neo � a ideia de que 'se eu perder, houve fraude'. � a inaceita��o do outro, de que algu�m diferente de mim possa ganhar as elei��es", disse nesta quarta-feira, 4. "O sistema eletr�nico brasileiro, em 25 anos, nunca apresentou um caso sequer comprovado de fraude. N�s inclusive acabamos com as fraudes que marcaram a vida brasileira nos tempos do voto em papel."
Barroso participou nesta manh� do webin�rio 'Reforma Pol�tica e Eleitoral - Temas Relevantes para as Elei��es 2022', idealizado pela Presid�ncia do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) e organizado pela Escola Judici�ria Eleitoral (EJE-RJ).
No in�cio do ano, aliados do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capit�lio em a��o de protesto contra a elei��o de Joe Biden, resultando em 5 mortos e centenas de feridos. A multid�o foi insuflada por Trump, que acusava fraude nos resultados sem provas. Tamb�m no Peru, recentemente, Keiko Fujimori resistiu a aceitar a derrota na disputa presidencial alegando irregularidades, sem comprovar seus argumentos.
Barroso tornou-se o principal alvo de Bolsonaro na esteira da discuss�o sobre o voto impresso. Como mostrou o Estad�o, bolsonaristas desencadearam tamb�m uma ofensiva digital contra o presidente do TSE. O pr�prio presidente tem procurado manter o foco das cr�ticas em Barroso, na tentativa de atenuar um conflito institucional entre os Poderes.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), hoje � frente do TSE, citou especificamente o Brasil ao falar do ataque �s urnas e das mentiras espalhadas sobre elas nas redes sociais. Em outros momentos, contudo, limitou-se a falar de modo geral sobre outros pa�ses que vivem cen�rios de turbul�ncia democr�tica para elencar aspectos caracter�sticos desses regimes. Entre eles, a "coloniza��o" de tribunais e a mudan�a de regras do jogo pol�tico-eleitoral.
"Nesses modelos iliberais, concentram o poder no Executivo, perseguem-se l�deres da oposi��o, demoniza-se a imprensa, mudam-se as regras do jogo e procura-se colonizar tribunais com ju�zes submissos. � uma receita que se repete em diferentes partes do mundo", observou. A primeira indica��o de Bolsonaro para o STF, Kassio Nunes Marques, tem sido considerado um ministro alinhado com o presidente; ele indicou ainda o advogado-geral da Uni�o, Andr� Mendon�a, para a vaga do ministro Marco Aur�lio Mello, que se aposentou m�s passado, mas a nomea��o Mendon�a ainda depende do aval do Senado.
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