Pouco tempo depois de ser o principal partido a articular o fim das coliga��es nas elei��es proporcionais - para deputados e vereadores -, dois ter�os dos deputados do PSDB na C�mara entregaram na noite desta quarta-feira, 11, votos favor�veis para que a regra volte a entrar em vigor. Dos 32 nomes da bancada tucana, 21 votaram pela volta das coliga��es e 11 foram contra, no primeiro turno. O texto ainda precisa ser votado em segundo turno - o que pode ocorrer nesta quinta-feira, 12, - e analisado pelo Senado, que apresenta resist�ncia.
A emenda � Constitui��o que estabeleceu o fim das coliga��es foi promulgada em outubro de 2017 e � de autoria dos ex-senadores tucanos Ricardo Ferra�o (ES), A�cio Neves (MG) e Aloysio Nunes (SP). Hoje deputado, A�cio foi um dos 11 votos contr�rios ao texto analisado em primeiro turno pela C�mara.
Em 2017, a aprova��o do fim das coliga��es nas elei��es para deputados e vereadores foi justificada como uma forma de frear a prolifera��o da cria��o de partidos sem representa��o ideol�gica. At� hoje o �nico pleito realizado sem coliga��o foi o de 2020 e ser� a �nica vez se o novo texto for promulgado pelo Congresso at� outubro. A proposta aprovada ontem em primeiro turno determina que a regra j� vale para a elei��o do ano que vem.
Aloysio Nunes reclamou da decis�o da maioria da C�mara e de seu partido. "A coliga��o nas elei��es proporcionais distorce a express�o da vontade do eleitor que vota no candidato de um partido e acaba contribuindo para a elei��o de um representante de outro", disse ao Estad�o.
O ex-ministro das Rela��es Exteriores lamentou a decis�o da maioria da bancada tucana e declarou que a coliga��o "consagra o toma l�, d� c�".
"Tais coliga��es dissolvem as fronteiras partid�rias e estimulam a fragmenta��o na representa��o popular que consagra o toma l�, d� c� na rela��o dos parlamentos com os executivos. � uma pena que a maioria de nossa bancada sinta-se confort�vel nesse ambiente", afirmou Nunes.
O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) tamb�m foi um dos tucanos contr�rios e externou nas redes sociais a insatisfa��o com o resultado da vota��o. "Tentaram o voto impresso, votei contra, a� eles foram para o "distrit�o", votei contra, a� veio a coliga��o, votei contra. Hoje v�o tentar o qu�? Vamos aguardar", declarou, em mensagem publicada no Twitter.
PT, Centr�o e bolsonaristas tamb�m sacramentam volta das coliga��es
Outros partidos tamb�m votaram em peso pela volta da possibilidade de alian�a nas elei��es proporcionais. O PT, maior partido da C�mara junto com o PSL, com 53 deputados, entregou 48 votos a favor. Progressistas, Republicanos e PL, partidos do Centr�o e que est�o representados na Esplanada dos Minist�rios de Jair Bolsonaro, que somados t�m 114 deputados, deram 100 votos favor�veis.
Bia Kicis (PSL-DF) e Carlos Jordy (PSL-RJ), aliados do presidente Bolsonaro, tamb�m estiveram entre os favor�veis � volta da regra que facilita o aumento no n�mero de partidos. O filho '03' do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) n�o participou. Apesar disso, a bancada do PSL ficou rachada na vota��o, 27 foram contra as coliga��es e 23 a favor.
Partidos menores, com at� 15 deputados, entregaram quase 100% dos votos favor�veis pela volta da regra que os beneficia. Dos 14 parlamentares do Solidariedade, 13 votaram a favor e um n�o participou da an�lise. No PTB, nove dos 10 votaram a favor e um se ausentou. No PSC, 10 votaram favor�veis e um n�o esteve presente. No caso do PCdoB, os oito deputados da legenda, que est� amea�ada de extin��o com as regras atuais, votaram a favor.
No Twitter, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) comemorou: "VIT�RIA DA DEMOCRACIA! Reforma Eleitoral aprovada derrota Distrit�o, volta coliga��es, amplia participa��o de mulheres e negros. N�o � o relat�rio dos sonhos, longe disso, mas salvamos o sistema proporcional e constru�mos sa�das pol�ticas para manter a representa��o de minorias", afirmou.
No modelo de coliga��o, a quantidade de votos de cada um dos candidatos de uma mesma alian�a entre partidos � somada e dividida pelo quociente eleitoral. Trata-se da rela��o entre o n�mero de votos v�lidos e o de vagas. O resultado � o total de vagas daquela coliga��o e os mais votados dentro do grupo s�o eleitos. Essa uni�o n�o precisa ser replicada em �mbito federal, estadual ou municipal.
O fim das coliga��es prejudica os partidos pequenos, uma vez que as legendas muitas vezes n�o conseguem indicar, sozinhas, o n�mero m�ximo de candidatos para os cargos proporcionais num determinado Estado. Neste caso, com menos gente fazendo campanha, o "bolo" de votos tende a ser menor, resultando em menos vagas para esses partidos.
POL�TICA