Um dos alvos da opera��o deflagrada ontem pela Pol�cia Federal contra suposta "incita��o � pr�tica de atos violentos e amea�adores contra a democracia", o presidente da Associa��o Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Ant�nio Galvan, afirmou que a entidade est� apoiando a manifesta��o do dia 7 de setembro, em Bras�lia, que pedir� o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a institui��o do voto impresso nas elei��es de 2022. A associa��o, no entanto, divulgou nota na qual nega apoio institucional ao ato, expondo uma divis�o entre representantes do setor.
"A Aprosoja apoia o movimento do dia 7 de setembro", disse o presidente � reportagem, por meio de mensagem de texto enviada na quarta-feira. "O Movimento Brasil Verde Amarelo, junto com mais de uma dezena de outros grupos, s�o (sic) os realizadores do movimento de 7 de setembro", continuou. Galvan negou, no entanto, estar financiando a ida de manifestantes � capital federal. "Cada um que est� indo a Bras�lia � com recurso pr�prio", disse. Procurado novamente na manh� de ontem, ap�s a deflagra��o da opera��o da PF, ele n�o respondeu.
Na mesma quarta-feira, a Aprosoja divulgou nota na qual diz que "n�o financia e tampouco incentiva a invas�o do Supremo Tribunal Federal (STF) ou quaisquer atos de viol�ncia contra autoridades, pessoas, �rg�os p�blicos ou privados". "A associa��o n�o possui qualquer liga��o com atos que defendam �invadir� ou �quebrar� o STF, n�o responde institucionalmente pela organiza��o de nenhum movimento e repudia qualquer publica��o que vincule a associa��o a movimentos violentos ou ilegais", diz o texto. "Historicamente, a Aprosoja Brasil somente apoiou movimentos pac�ficos e em conformidade com a Carta Constitucional brasileira."
Citado por Galvan, o Movimento Brasil Verde e Amarelo foi o grupo respons�vel por um protesto em Bras�lia em apoio a Bolsonaro em 15 de maio, sob o t�tulo de "Marcha da Fam�lia Crist� pela Liberdade", e com o slogan "O Agro e o Povo pela democracia". � �poca, a pauta era "o fim das pol�ticas de lockdown" usadas para conter a dissemina��o do coronav�rus, al�m do voto impresso e de "um Supremo Tribunal decente".
Na ocasi�o, o presidente Jair Bolsonaro foi � Esplanada dos Minist�rios receber os manifestantes acompanhado de ministros, posou para fotos e desfilou montado a cavalo. Durante o ato, manifestantes portavam faixas pedindo "interven��o militar". No carro de som em que Bolsonaro discursou, uma faixa dizia "Fa�a o que for preciso! Eu autorizo, presidente!".
A reportagem tamb�m questionou o presidente da Aprosoja sobre a rela��o com S�rgio Reis. O v�deo em que o cantor convoca para os protestos foi gravado na sede da entidade em Bras�lia, na sexta-feira passada - Galvan estava ao lado do cantor. "S�rgio Reis nos fez uma visita na sede da Aprosoja Brasil. Ficamos muito gratos por isso. Pelo cidad�o que ele � e o que ele representa", disse. Galvan se recusou, no entanto, a dizer se tinha remunerado Reis para divulgar os protestos. "Pergunta pra ele", respondeu.
De acordo com um deputado de Mato Grosso, que concordou em falar sob anonimato, a chegada de Galvan ao comando da Aprosoja, em mar�o deste ano, foi resultado de um movimento de m�dios e pequenos produtores que se juntaram para derrotar os "grandes" na disputa pelo comando da entidade. Segundo pol�ticos ligados ao agroneg�cio, Galvan n�o � considerado um "grande" produtor, embora suas planta��es de soja ocupem alguns milhares de hectares no Estado. Um dos maiores produtores de soja do mundo, Blairo Maggi criticou Galvan e S�rgio Reis por defender os atos contra o STF, no come�o da semana.
O deputado Alceu Moreira (MDB-RS), ex-presidente da Frente Parlamentar Agropecu�ria, criticou os ataques ao Poder Judici�rio e disse que as declara��es e as manifesta��es contra o Judici�rio prejudicam financeiramente o pr�prio setor agropecu�rio. "Esse gesto de voluntarismo, onde h� agress�o. S� prejudica a economia, prejudica o pr�prio agro. H� formas de vencer as quest�es de discord�ncia entre o governo e o pr�prio Supremo que n�o seja a agress�o p�blica", disse.
A deputada Aline Sleutjes (PSL-PR), presidente da Comiss�o de Agricultura da C�mara, no entanto, confirmou presen�a no ato de 7 de setembro previsto para ocorrer na Avenida Paulista, em S�o Paulo. Apoiadora fervorosa de Bolsonaro, a deputada tem criticado o STF nas redes, dizendo que se comportam como em uma "ditadura". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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