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Estado de Minas POL�TICA

Ex-presidentes consultam generais sobre risco de ruptura


22/08/2021 17:02

Os ataques do presidente Jair Bolsonaro � democracia e a amea�a de n�o aceitar as elei��es de 2022 sem a ado��o do voto impresso levaram cinco ex-presidente da Rep�blica a procurar contatos com militares para saber a disposi��o dos quart�is. Emiss�rios ouviram de generais da reserva e da ativa a garantia de que as elei��es v�o acontecer e de que o vencedor - seja quem for - tomar� posse.

Os generais foram indagados sobre as constantes apari��es de Bolsonaro em solenidades militares das For�as Armadas e em formaturas de cadetes e sargentos. Eles explicaram aos seus interlocutores que n�o podem impedir a presen�a do presidente nesses eventos, mas que ela n�o ser� suficiente para romper a hierarquia. Ou seja, afastaram a hip�tese de Bolsonaro contar com insubordina��o nas For�as.

Os chefes militares, por�m, externaram preocupa��o de que o presidente e seus aliados tentem fazer isso - e tenham sucesso - com as Pol�cias Militares. O risco de rompimento da cadeia de comando nas PMs � monitorado pelas For�as Armadas. Os ex-presidentes que se mobilizaram para contatar os militares s�o Michel Temer, Fernando Henrique Cardoso, Luiz In�cio Lula da Silva, Jos� Sarney e Fernando Collor.

Todos receberam as mesmas informa��es de seus contatos. Pe�as-chave nessa articula��o s�o os ex-ministros da Defesa, Nelson Jobim, Raul Jungmann e Aldo Rebelo. Tamb�m participa desse movimento o professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield, que � amigo de Temer e mant�m boas rela��es com generais, como o ex-ministro-chefe do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI) S�rgio Etchegoyen e com o vice-presidente Hamilton Mour�o. Pelo menos seis generais da ativa e da reserva forneceram os relatos sobre a situa��o do Ex�rcito.

"Antes de mais nada, essa n�o � uma discuss�o boa para o Pa�s, uma discuss�o que tem como agenda o envolvimento de militares na pol�tica. N�o � um bom sinal", disse o ex-ministro Aldo Rebelo. Segundo ele, "a boa not�cia dentro da m� not�cia � que os militares n�o est�o interessados em desempenhar um protagonismo na desorienta��o que estamos atravessando". Aldo diz ser consultado quase diariamente. "Acompanho esse tema h� muito tempo. E converso com os ex-presidentes."

Direto. Dos ex-presidentes, um manteve contatos diretos com militares. Trata-se de Fernando Henrique Cardoso. O tucano ouviu que n�o h� hip�tese de o Ex�rcito embarcar em uma aventura. O estabelecimento militar estaria se descolando do chamado "partido militar", os oficiais que se uniram para fazer pol�tica com Bolsonaro. H�, por�m, desconforto com a postura dos comandantes da Marinha, almirante Almir Garnier, e da Aeron�utica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior.

Quem recebeu mais informa��es foram os interlocutores de Temer. "N�o h� possibilidade de o Ex�rcito participar de uma ruptura. Nossos generais s�o constitucionalistas", disse Rosenfield. Temer, FHC e Sarney v�o participar no dia 15 de um debate com o tema Crise Institucional e a Democracia, que ser� mediado pelo ex-ministro Jobim. Seus partidos - MDB e PSDB -, al�m do DEM e do Cidadania, articulam uma chapa �nica para as elei��es em 2022.

Jobim � tamb�m interlocutor de Lula com os militares. O petista recebeu o mesmo diagn�stico de seus colegas. Sabe que existem resist�ncias ao seu nome entre os representantes das For�as Armadas. Primeiro, em raz�o da Comiss�o Nacional da Verdade (CNV), patrocinada pelo governo de Dilma Rousseff (PT) - �nica exclu�da das conversas. Os generais afirmam que a CNV deixou marcas em todos os graus da oficialidade. Eles ainda t�m reservas a Lula em raz�o das a��es na Justi�a contra o ex-presidente. Anteontem Lula jantou com Jos� Sarney, no Maranh�o.

A posi��o de Lula nas pesquisas � apontada por militares aos interlocutores dos ex-presidentes como uma das raz�es para a manuten��o de parte do apoio na caserna a Bolsonaro. H� entre os generais muitos que sonham ou com a candidatura de Mour�o � Presid�ncia ou a consolida��o de uma alternativa a Lula e a Bolsonaro em 2022.

Jungmann afirmou que � preciso lembrar que o cen�rio atual � completado pelo fato de Bolsonaro assediar as For�as Armadas, "fazendo bullying de forma cont�nua". Ele citou as demiss�es dos comandantes militares em mar�o, a falta de puni��o ao general Eduardo Pazuello, a resposta dos comandantes das For�as ao senador Omar Aziz (PSD-AM), a entrevista do brigadeiro Baptista Junior ao jornal O Globo, a revela��o pelo Estad�o das amea�as do ministro Walter Braga Netto �s elei��es e o desfile de tanques da Marinha em Bras�lia no dia da vota��o do PEC do voto impresso como os componentes do cen�rio que fizeram aumentar os temores do mundo pol�tico. "O presidente - por atos, falas e narrativas - vem tra�ando um cen�rio de conflito para 2022. Corteja de maneira inadequada as PMs, ataca o Supremo. Mas � um erro pensar que o Ex�rcito pode ser usado em um golpe."

Governadores. Al�m dos ex-presidentes, os governadores de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) receberam o mesmo relato. Leite esteve com o comandante do Ex�rcito, Paulo S�rgio Nogueira de Oliveira, e com o comandante militar do Sul, Val�rio Stumpf. A agenda p�blica previa tratar da instala��o de uma escola de sargentos no Estado. Na conversa, Paulo S�rgio reafirmou a Leite seu "compromisso e o do Ex�rcito com a legalidade e com o respeito � Constitui��o".

H� duas semanas, o general Jo�o Camilo Pires de Campos, secret�rio da Seguran�a de S�o Paulo e interlocutor de Doria, disse ao Estad�o que o Ex�rcito n�o vai participar de aventuras. "N�o vai. N�o vai. � o Ex�rcito profissional que todos conhecemos e admiramos."

A reportagem conversou com tr�s oficiais generais, dois deles citados pelos interlocutores dos ex-presidentes. Um lembrou � reportagem que a sua gera��o de generais teve como instrutores os oficiais que participaram da deposi��o de Jo�o Goulart, em 1964, e pagou o pre�o do apoio � ditadura sem ter sido a respons�vel pelo regime.

De acordo com sua an�lise, toda vez que se fala em golpe, as pessoas esquecem de responder o que o golpe �, o que � necess�rio para faz�-lo e quais as suas consequ�ncias. N�o existem no Pa�s, segundo ele, as condi��es internas e externas que levaram � ruptura institucional de 1964. N�o h� apoio do empresariado, da Igreja e da imprensa a uma ruptura. E, sem apoio popular, nada seria poss�vel. Desde a redemocratiza��o, o Pa�s viveu in�meras crises sem retrocesso. Os generais lamentam o envenenamento do ambiente pol�tico do Pa�s e um deles reclamou do que chamou de erro: isolar os militares, o que pode jog�-los no colo de Bolsonaro.

Para Aldo Rebelo, a disputa eleitoral de 2022 � um problema que os civis devem resolver. "N�o s�o os militares que v�o resolver problemas criados pelos civis. Eles j� s�o respons�veis por muita coisa importante."

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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