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Estado de Minas POL�TICA

Embaixadores relatam amea�a de ruptura no Brasil


22/08/2021 17:09

Seis de agosto. O presidente Jair Bolsonaro chamou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de "filho da p..." Seis de maio. Bolsonaro disse que sem voto impresso, n�o tem elei��o. As investidas autorit�rias do brasileiro contra as elei��es de 2022, amea�as � Constitui��o, a tentativa de destituir ministros do Supremo Tribunal Federal e exibi��es b�licas mobilizaram diplomatas de grandes democracias para relatar e monitorar o risco de ruptura no Brasil.

Com foco desde o in�cio do governo na pol�tica antiambiental de Bolsonaro e no entrave ao acordo comercial com o Mercosul, as an�lises e informes di�rios sobre o Brasil enviadas por delega��es da Uni�o Europeia e dos Estados Unidos aos seus pa�ses passaram a dar espa�o � agenda da "pol�tica dom�stica". Telegramas enviados a suas capitais citam os ataques cada vez mais frequentes de Bolsonaro �s regras do jogo democr�tico. Somente em julho, foram sete amea�as golpistas.

Nos �ltimos dias, o Estad�o ouviu diplomatas das principais embaixadas estrangeiras no Pa�s. A avalia��o � que, apesar das amea�as do presidente e do respaldo que ele encontra no Minist�rio da Defesa e da ala militar do seu governo, as institui��es s�o s�lidas e o risco de uma ruptura democr�tica no Pa�s � considerado zero. O que n�o significa desprezar os fatos.

� certo que as elei��es de 2022 v�o provocar o acirramento da crise pol�tica, mantido o atual cen�rio de polariza��o entre Luiz In�cio Lula da Silva e Bolsonaro. Entre embaixadores ouvidos n�o se descarta que se repita aqui uma "invas�o do Capit�lio", caso o presidente saia derrotado.

Os sinais mais claros de abalo na confian�a da estabilidade no Brasil vieram de Washington. O presidente Joe Biden despachou a Bras�lia uma miss�o liderada por Jake Sullivan, assessor para Seguran�a Nacional da Casa Branca, tendo a defesa da democracia como tema-chave. "Em reuni�o com o presidente Bolsonaro, argumentamos que n�o temos preocupa��o com a realiza��o de elei��es livres e justas", declarou � imprensa Juan Gonz�lez, diretor s�nior no Conselho de Seguran�a Nacional da Casa Branca. "E ressaltamos a import�ncia de n�o desacreditar o processo eleitoral, porque n�o h� ind�cios de fraude em elei��es anteriores."

Am�ricas. A viagem do conselheiro de Biden, que tamb�m foi a Buenos Aires, na Argentina, ocorreu na esteira de turbul�ncias e mudan�as na Am�rica Latina: a repress�o na Nicar�gua, o assassinato do presidente no Haiti, protestos hist�ricos contra governos de esquerda e de direita, como os registrados em Cuba e na Col�mbia; altern�ncia de poder com retorno da esquerda em pa�ses andinos como Peru e Bol�via, al�m de reforma constitucional no Chile.

O risco de rupturas levou a Casa Branca a convocar uma C�pula para a Democracia, a ser realizada de forma virtual em dezembro e com uma segunda edi��o, presencial, em 2022. A pauta principal foca na defesa contra o autoritarismo; o combate � corrup��o; e a promo��o do respeito aos direitos humanos - tr�s temas em que Bolsonaro coleciona retrocessos. At� agora, n�o houve convite formal ao presidente brasileiro.

Desde que Biden foi eleito, ele e Bolsonaro nunca se falaram, nem mesmo por telefone. S� trocaram cartas. Um contraponto � rela��o do brasileiro com Donald Trump.

A percep��o de integrantes do corpo diplom�tico internacional em Bras�lia coincide com a de funcion�rios experientes do Itamaraty. Um diplomata brasileiro com anos de atua��o na Europa e Nova York afirma que a repercuss�o est� "negativ�ssima".

�Rep�blica de Bananas�. Ele cita o fato de o jornal ingl�s The Guardian ter comparado a exibi��o de blindados promovida na Pra�a dos Tr�s Poderes a uma parada militar de "Rep�blica de Bananas". "Isso s� se equipara � alega��o daquele diplomata israelense que, anos atr�s, chamou o Brasil de �an�o diplom�tico�, sem raz�o. Agora h� fatos que corroboram; o Guardian n�o fez isso a toa", opina o embaixador.

A reportagem ouviu considera��es de um representante da �ndia, pa�s asi�tico que � a maior democracia do mundo e usa urnas eletr�nicas em pleitos com 900 milh�es de eleitores. Para ele, a escalada de embates internos n�o � boa. Esse diplomata, com tr�nsito no Planalto, pondera que pa�ses usam a pauta das amea�as � democracia como instrumento de press�o, mas se esquivam de discutir algo que ocorre em todo o globo - a ascens�o da extrema-direita. O governo do primeiro-ministro indiano Narendra Modi � alinhado a Bolsonaro.

� frente de uma tentativa de reposicionar o Brasil, o chanceler Carlos Fran�a n�o considera haver motivo para receios, conforme disse ao Estad�o. Para o embaixador, o funcionamento pleno das institui��es nacionais � facilmente constat�vel pelos diplomatas estrangeiros.

"As coisas se mostram a si mesmas. Voc� olha o c�u hoje e pensa �acho que vou sair sem guarda-chuva�. N�o precisa muito explicar", afirmou ele. O ministro n�o quis comentar o impacto das declara��es do presidente, mas disse que "n�o acredita" que abalem a imagem democr�tica do Pa�s.

"O Brasil � uma democracia vibrante, que d� li��o ao mundo no hemisf�rio sul, com as institui��es funcionando, passando reformas estruturantes, Judici�rio funcionando, Minist�rio P�blico livre e uma liberdade de imprensa que vejo em poucos lugares", afirmou o ministro, que aposta na participa��o de Bolsonaro na c�pula de Biden. "N�o h� por que duvidar que, numa c�pula sobre democracia, o Brasil n�o seja convidado."


As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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