A Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia (Abin) renovou um contrato milion�rio com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir a seguran�a das urnas eletr�nicas. O acordo de coopera��o m�tua entre o �rg�o ligado ao Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI) e a Justi�a Eleitoral, no valor de R$ 2.455.140,00, mant�m uma antiga parceria. H� 23 anos a ag�ncia atua no apoio � realiza��o de elei��es.
Na contram�o da antiga alian�a, o diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, usou as redes sociais para atacar o modelo atual de urna e defender a proposta do voto impresso, bandeira do presidente Jair Bolsonaro, derrubada pela C�mara dos Deputados no �ltimo dia 10. "Voto audit�vel significa evolu��o das urnas eletr�nicas e seguran�a ao pleito eleitoral", escreveu Ramagem no Twitter. "Assegura integridade e transpar�ncia aos resultados do sufr�gio universal. Compromisso com a representatividade popular e a democracia. Elei��es democr�ticas com contagem p�blica dos votos."
A publica��o foi feita no dia 1.� de agosto, logo ap�s um final de semana de manifesta��es bolsonaristas em defesa do voto impresso. Os eventos contaram com a presen�a de Bolsonaro, que, em discurso inflamado, afirmou que sem o comprovante do voto em c�dula de papel n�o haveria elei��o em 2022.
Assinado em 27 de maio, o termo do contrato entre a Abin e o TSE prev� apoio, orienta��o e t�cnicos e especializados, por parte da ag�ncia, nas �reas de criptografia, seguran�a de hardware e das comunica��es, seguran�a e auditoria de sistemas de vota��o, seguran�a f�sica e computa��o forense.
Ligado � fam�lia Bolsonaro, o atual diretor da Abin foi o piv�, em abril de 2020, do rompimento do ent�o ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica, Sergio Moro, com o presidente. Bolsonaro decidiu nomear Ramagem para o cargo de diretor-geral da Pol�cia Federal sem ouvir Moro. A nomea��o foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob suspeita de que poderia atuar na institui��o em defesa de interesses do presidente.
A tentativa frustrada de entregar o comando da PF a Ramagem foi atribu�da a Carlos Bolsonaro, filho do presidente, que se tornou amigo dele durante a campanha de 2018. Na disputa eleitoral, Ramagem coordenou a seguran�a de Jair Bolsonaro ap�s a facada sofrida pelo candidato em Juiz de Fora (MG). Procurado pela reportagem, ele n�o respondeu �s tentativas de contato.
A parceria entre a Abin e o TSE vai al�m de acordo pontuais. Em resposta ao Estad�o via Lei de Acesso � Informa��o, o GSI afirmou que, desde 1998, a Abin elabora o c�digo-fonte de algoritmos para uso exclusivo do tribunal em elei��es - a fun��o desse produto � cifrar dados - e realiza a assinatura do software dos arquivos de resultado das vota��es. Al�m disso, outros servi�os de criptografia s�o oferecidos para garantir a seguran�a das urnas eletr�nicas, dos softwares do TSE e das informa��es de funcion�rios do �rg�o.
A tecnologia criptogr�fica � fornecida integralmente pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Seguran�a das Comunica��es (Cepesc), �rea da Abin respons�vel por desenvolver programas e ferramentas que garantem a transmiss�o segura de informa��es do governo federal. Nessa parceria que j� dura 23 anos, Jos� Carrijo, servidor aposentado da Cepesc, foi o elo entre a ag�ncia de intelig�ncia e a Justi�a Eleitoral.
Em 1995, Carrijo atuava como coordenador de criptografia da Abin. Naquele ano, ele foi convidado para comparecer � reuni�o no TSE na qual se discutiu o desenvolvimento da urna eletr�nica. Anos depois, o tribunal firmou parceria com a ag�ncia de intelig�ncia e Carrijo se tornou o respons�vel por coordenar a equipe que realiza os processos de cifrar e assinar os arquivos da urna eletr�nica durante as elei��es. "A urna eletr�nica � um projeto brasileiro, robusto, de excelente qualidade t�cnica, desenvolvido e aprimorado pelo TSE a cada pleito eleitoral", afirmou. "Ela tem o objetivo de assegurar o voto do eleitor." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA