A Pol�cia Federal (PF) passou a monitorar as investidas no Brasil do ex-estrategista do ex-presidente americano Donald Trump. Steve Bannon tem atacado institui��es brasileiras e questionado a lisura do sistema eleitoral do Pa�s. As suspeitas s�o de que o americano possa ser um dos mentores de mil�cias digitais que operam no Pa�s para reproduzir o discurso radical do presidente Jair Bolsonaro. A pol�cia v� reflexos das a��es de Bannon no Brasil, e encontros dele com pessoas do n�cleo mais pr�ximo ao presidente t�m sido acompanhados por delegados.
Tramitam na PF duas investiga��es sobre o tema conduzidas pelo Supremo. Uma apura a atua��o de "organiza��es criminosas digitais". A outra � o chamado inqu�rito das fake news, que tem como foco a fabrica��o e o financiamento de informa��es contra advers�rios de Jair Bolsonaro. H� ainda um inqu�rito administrativo, da Justi�a Eleitoral, aberto a partir da live em que o presidente espalhou vers�es falsas sobre as urnas eletr�nicas e as elei��es de 2018.
No �ltimo dia 12, acompanhado do empres�rio Mike Lindell, conhecido por promover campanhas de fake news, Bannon ciceroneou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em Dakota do Sul (EUA), durante evento marcado por teorias de desinforma��o sobre as elei��es. Eduardo falou por cerca de 40 minutos e repetiu � audi�ncia americana o discurso do pai, segundo o qual as urnas eletr�nicas n�o s�o confi�veis.
Ao fim da palestra de Eduardo, Bannon tomou a palavra. "Voc�s veem que n�o � s� nos EUA. Esta elei��o (de 2022, no Brasil) � a segunda mais importante no mundo e a mais importante da hist�ria da Am�rica do Sul. Bolsonaro vai vencer, a menos que seja roubado... Adivinhe pelo qu�?", perguntou. "Pelas m�quinas", respondeu Lindell. Para complementar: "Quando eu falei com eles (os Bolsonaros), em janeiro, eles disseram que um dos segmentos que mais eram contr�rios a eles eram quem? A m�dia. � o que eles (a m�dia) fazem, eles condicionam as pessoas. �Ele n�o vai ganhar.� N�s vimos nossos n�meros dos Estados Unidos. E � por isso que estamos aqui. � um ponto de inflex�o na hist�ria hoje."
Eduardo � o principal interlocutor dos Bolsonaros com Bannon - o deputado esteve v�rias vezes nos EUA com o americano e tentou trazer o ex-estrategista de Trump ao Brasil.
Antes de trabalhar com Trump, Bannon comandou o Breitbart News, um site com conte�do de extrema-direita e famoso por ser um propagador de fake news. Em um document�rio da Netflix (The Brink), o pr�prio Bannon deu uma ideia da fortuna que o canal movimentava. Ao reclamar do Sleeping Giants, um movimento que faz empresas deixarem de anunciar em sites como o Breitbart, ele disse que deixou de receber cerca de 8 milh�es de euros em publicidade.
No Brasil, uma resolu��o que pretende barrar a monetiza��o de canais com conte�do pol�tico nas elei��es est� em estudo. "A pr�tica visa, mais do que uma ferramenta de uso pol�tico-ideol�gico, um meio para obten��o de lucro, a partir de sistemas de monetiza��o oferecidos pelas plataformas de redes sociais. Transforma rapidamente ideologia em mercadoria, levando os disseminadores a estimular a polariza��o e o acirramento do debate para manter o fluxo de dinheiro pelo n�mero de visualiza��es", diz a PF em um relat�rio enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao observar que redes bolsonaristas replicam os m�todos de Bannon no Brasil.
Simp�sio
O evento no qual Eduardo foi um dos palestrantes - chamado de "Cibersimp�sio de Mike Lindell" - prometia mostrar provas de fraude na elei��o que sagrou Joe Biden vencedor. No entanto, foram apresentados um conjunto de n�meros e mapas j� refutados pela Cisa, a ag�ncia de ciberseguran�a do Departamento de Seguran�a dos EUA.
Lindell tamb�m prometeu nos tr�s dias do simp�sio pagar US$ 5 milh�es para quem comparecesse e o desmentisse. A entrada no evento, no entanto, n�o era aberta ao p�blico em geral e a organiza��o escolheu quem receberia o convite "por raz�es de seguran�a". O empres�rio acabou sendo ridicularizado nas redes sociais.
Ainda durante o simp�sio, a Justi�a autorizou a continuidade de um processo em que uma das empresas vinculadas �s elei��es dos Estados Unidos, atacada por Lindell, cobra dele US$ 1,3 bilh�o por difama��o. Quando o fato come�ou a ser noticiado na imprensa e o empres�rio tomou ci�ncia, ele deixou o palco do pr�prio evento.
Em mar�o, em entrevista ao podcast de Bannon, Lindell "avisou" que as provas que vinha coletando fariam Trump ser reconduzido � presid�ncia dos Estados Unidos, em agosto. A reviravolta, por�m, n�o aconteceu, mas ele conseguiu mais aten��o no m�s de seu evento. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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